A Honda Automóveis do Brasil abriu as portas de sua planta industrial localizada na cidade Sumaré, interior de São Paulo, para mostrar para a imprensa especializada que já se recuperou completamente do ano atípico resultado das catástrofes no Japão, e em seguida, na Tailândia. À convite da Honda, o CARPLACE esteve na unidade conferiu de perto não apenas a recuperação, mas sim um exemplo de evolução.
No ano passado, no período seguinte às catástrofes da Ásia, a Honda do Brasil se viu obrigada a reduzir a produção de carros devido à falta de alguns componentes vindos do Japão e da Tailândia. Inevitavelmente, precisou dispensar funcionários e eliminar o terceiro turno de produção.
Agora, a Honda mostrou a capacidade japonesa de recuperação. A fábrica de Sumaré com os processos ainda mais otimizados, neste ano já produz a mesma quantidade de carros com um detalhe: utiliza apenas dois turnos de produção. Atualmente saem da linha de montagem 525 carros. Com a utilização de duas horas extras por dia, o total chega a 595, mas a empresa ainda destaca que pode chegar a 630 unidades, divididas entre os modelos Fit, City e Civic.
Na unidade, instalada em uma área total de 1,7 milhão de m2 sendo 168.000 m2 de área construída, trabalham 3.166 funcionários diretos, sendo que deste total, 10% são mulheres e exercem funções estratégicas em todo o processo.
O Processo de Produção
Em diversos eventos era comum o questionamento de quais partes dos carros da Honda são feitos no país. O convite da Honda serviu exatamente para responder esta pergunta, principalmente neste momento em que o nível de nacionalização dos carros é assunto recorrente e impacta diretamente na incidência de IPI. Segundo Alfredo Guedes Júnior, engenheiro mecânico e supervisor de assuntos institucionais, o Civic possui índice de nacionalização de 70% a 80%, enquanto os modelos City e Fit já atingem a marca de 80%.
A visita deixou bem claro este nível. De início, visitamos a área de produção de partes plásticas, a qual dispõe de injetoras de alta pressão que transformam os polímeros plásticos em peças completas, como partes do painel, para-choques, revestimentos das portas, grade dianteira entre as principais. Seguindo o fluxo, conhecemos o processo que faz a junção por atrito de peças plásticas conjugadas, como o painel completo, por exemplo.
Na sequência foi a vez de conferir o processo de pintura dos para-choques. A primeira parte do processo é a limpeza completa da peça, eliminando qualquer impureza que possa prejudicar a pintura. Totalmente automatizado, robôs iniciam o processo aplicando a base (primer), em seguida a pintura em si e numa terceira etapa, o verniz conclui o processo. Em alguns pontos, especialistas certificam o trabalho dos robôs para não haver surpresas na linha de montagem. Cerca de 90% das peças pintadas não precisam de nenhum ajuste.
Outro setor interessante é o de fundição e usinagem. Lá são produzidos os blocos e cabeçotes dos motores para os três modelos. O que chamou muito a atenção neste processo é a utilização do alumínio líquido (recebido neste estado do distribuidor) que é injetado nos moldes sob alta, no caso dos blocos, e em baixa no caso dos cabeçotes. A partir deste ponto as peças partem para a usinagem, onde recebem o trabalho de ajuste fino (fresa, retífica e acabamento), também realizado por máquinas computadorizadas. Infelizmente, não vimos o processo de montagem completa do motor.
Seguindo a visita, conhecemos o frenético setor de logística, responsável por receber peças dos fornecedores locais e do exterior e organizá-las de forma a abastecer a linha de montagem com precisão. Segundo a Honda, as peças importadas são provenientes dos Estados Unidos, Japão e Tailândia.
A próxima área visitada foi a de montagem. O carro nasce com o assoalho, o qual vai recebendo as primeiras peças estruturais. Em seguida, o carro ganha forma com a montagem, como um lego, das laterais e teto, e seguindo, mais soldas. Capô e tampa do porta-malas são as duas últimas peças antes da pintura. Voltando à linha de montagem, são inseridas as fiações, carpetes, revestimentos na parte interna, enquanto outra equipe adiciona a suspensão e rodas. Num elevador, o carro ganha o conjunto motor e câmbio. A linha segue de modo sincronizado recebendo as últimas peças, bancos, vidros e as portas.
Com o carro praticamente pronto, uma bateria de testes é realizada antes de sair da esteira de montagem. No fim da linha, com o carro já ligado, passa pelo chamado Shower Test, uma ducha que atinge 100% do carro para verificação de possíveis infiltrações. Depois de concluído o processo, 100% dos carros passam por um pista de testes.
Todo o processo de produção de um carro leva 13 horas e meia.
Centro de Treinamento
Além de otimizar os processos do processo produtivo, a Honda também realiza grandes investimentos para o treinamento e capacitação dos técnicos que prestarão atendimentos à veículos e também motocicletas. A empresa possui um Centro de Treinamento junto à fábrica em Sumaré, SP, e outro em Recife, PE. Na unidade de São Paulo, o Centro também atende a funcionários de outras unidades da América Sul, principalmente em relação à novos lançamentos (carros e motos).
A infra-estrutura é completa, com salas de aulas tradicionais, salas para estudo via e-learning (web), laboratórios de metrologia e de pintura, mecânico, além de motores, circuitos elétricos, carros e motos.
O Centro também serve como apoio para adequação do nível de técnico de concessionários autorizados. Quando detectado que uma unidade não está oferecendo um atendimento em tempo e qualidade adequados, os técnicos passam por um intensivo no Centro de Treinamento ou até mesmo na concessionária.
As otimização do processo de produção e a ampliação do Centro de Treinamento são frutos de um ciclo de investimentos de US$ 1 bilhão que terminará em 2014.
A unidade de Sumaré chegará a dois marcos importantes este ano: chegará à marca de 1 milhão de unidades produzidas, provavelmente em agosto, e completará 15 anos em outubro. Em 1997 a Honda iniciou no local a produção do Civic, em 2003 foi a vez do Fit e a partir de 2009 o sedã City.
De acordo com a marca, caso a demanda aumente, poderá implantar novamente o terceiro turno e/ou deslocar a produção do City para a Argentina.
Galeria de Fotos: Fábrica da Honda Automóveis do Brasil
Galeria: Conheça um pouco da fábrica da Honda Automóveis do Brasil