O CARPLACE foi convidado pela Kia Motors para a apresentação oficial dos novos Soul Flex e Sportage na sede da marca no país, em Itu (SP), nos dias 29 e 30 de março.
Os dois produtos são essenciais para uma meta ousada da sul-coreana em 2011: concluir o ano com 104.000 unidades comercializadas. O 1º trimestre fechou com 17.491 unidades. Ou seja, para atingir o “número mágico” a marca precisaria garantir uma média mensal de 9.612 unidades entre automóveis e comerciais leves nos nove meses restantes. Um desafio e tanto.
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Para descobrirmos a capacidade da nova Sportage em responder aos anseios da Kia – comercializar 16.000 unidades do carro até o final do ano -, pegamos um trecho de rodovia de aproximadamente 135 km entre Itu e Piracicaba (SP). A versão avaliada foi a P.396 top de linha equipada com câmbio automático.
Logo de cara o ponto que mais chama a atenção na nova geração do menor SUV da marca, sem questionamentos, é o design. Elaborado pelo Peter Schreyer, ex-Audi, em nada lembra a geração anterior comercializada no país até agosto do ano passado. O carro cresceu em todas as dimensões (exceto em altura) e ganhou em esportividade. É impossível ficar indiferente àquele que é possivelmente o mais belo da categoria.
Ao entrar no carro nos deparamos com um acabamento de ótima qualidade, peças sem rebarbas e com encaixes precisos, mas num ambiente com requinte discreto. O ar condicionado digital dual zone é excelente – para ser melhor, faltam apenas as saídas para os passageiros do banco de trás. A direção hidráulica é leve em baixa velocidade e garante segurança e precisão quando é necessário aumentar o ritmo em rodovias.
Nem tudo é perfeito, no entanto: para quem costuma dirigir apoiando o cotovelo esquerdo na porta, a posição é bastante desconfortável por culpa da maior altura da base lateral e da menor área envidraçada, conseqüência direta de um estilo focado na esportividade. Outro detalhe que a Kia poderia ter mostrado mais preocupação é o freio de estacionamento (popular freio de mão), o qual é acionado por um pedal na lateral esquerda, semelhante a algumas picapes. Concorrentes diretos, como a Captiva, dispõe do acionamento elétrico através de um botão para este item.
O nível de equipamentos é muito bom desde a versão básica, mas a ausência de itens como ajuste de profundidade no volante e paddle shift (este item já presente no Cerato top de linha à venda no Brasil), entre outros, é difícil de se aceitar num carro na casa dos R$ 100 mil. A grande verdade é que a nova versão trouxe uma sobrecarga no preço e, ressalte-se, este não é um defeito exclusivo da Kia. Para dominar o segmento, uma redução de R$ 10 mil no preço final de cada versão seria a cereja do bolo, mas como existe alta demanda, a marca aproveita o momento.
O motor 2.0 16 válvulas de 166 cv e 20,1 kgfm de torque é bom e tem funcionamento suave, mas não permite grandes arroubos de desempenho graças ao peso elevado (1.500 kg) e às dimensões (4.445 mm de comprimento x 1.855 mm de largura x 1.635 mm de altura x 2.640 mm de distância entre-eixos). Apesar disso, é possível trafegar com total segurança já que a Sportage garante sempre uma reserva necessária nas ultrapassagens e nas retomadas.
O silêncio é outro ponto positivo. A 120 km/h, com rotação entre 2.500 e 3.000 rpm, praticamente não se escutam quaisquer ruídos externos. A estabilidade também é muito boa, garantindo toda a segurança em ultrapassagens e em desvios inesperados. Já a suspensão, num misto de maciez e firmeza, garante conforto a bordo para rodar em qualquer trecho.
O câmbio automático de seis marchas com opção de trocas sequenciais merece destaque. De funcionamento extremamente suave, “casa” bem com o motor e é um dos responsáveis pelo bom consumo: para um carro deste peso e destas dimensões, trafegando a uma velocidade média de 110 km/h e com ar condicionado ligado o tempo inteiro, a média ficou em interessantes 10,2 km/l. Importante destacar que o carro avaliado estava com menos de 3.000 km rodados.
A primeira impressão é a que fica. E ela foi muito boa: a Sportage é bonita, bem construída, segura e bem equipada. Mas seria ainda melhor se custasse um pouco menos.
VERSÕES
P.324 – R$ 83.900
Principais equipamentos: ar condicionado manual, direção hidráulica, volante com regulagem de altura e com controles de som, trio elétrico, acendimento automático dos faróis, computador de bordo, duplo air bag, freios ABS com EBD, sensor de estacionamento traseiro, rodas de liga leve aro 16, rádio com CD player, MP3 e entrada auxiliar e USB e rack no teto
P.374 – R$ 87.900
Principais equipamentos: P.324 + câmbio automático de seis velocidades com trocas seqüenciais
P.395 – R$ 97.900
Principais equipamentos: P.374 + retrovisores externos com rebatimento elétrico e aquecimento, rodas de liga leve aro 18, ar condicionado digital dual zone, banco do motorista com ajustes elétricos, cabo para iPod, chave Smart Key com botão Start/Stop, freio de estacionamento por pedal, piloto automático com controles no volante, revestimento de couro nos bancos, volante, alavanca de câmbio e painéis laterais das portas e controle eletrônico de tração
P.495 – R$ 103.400
Principais equipamentos: P.395 + tração 4x4 integral com distribuição automática de torque para eixo traseiro
P.396 – R$ 105.900
Principais equipamentos: P.395 + teto solar elétrico duplo panorâmico, espelho retrovisor interno com anti-ofuscamento automático, air bags laterais e de cortina e câmera com visor LCD de 3,5” no espelho retrovisor interno
Por: Fábio Trindade e Thiago Parísio
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