AVALIAÇÃO: Chevrolet S10 Rodeio 4x2 Cabine Dupla 2011
AVALIAÇÃO: Chevrolet S10 Rodeio 4x2 Cabine Dupla 2011
Nesta semana, avaliamos a Chevrolet S10 Rodeio. A veterana pick-up da Chevrolet, ainda que fruto de um projeto antigo, tem fôlego de sobra no mercado brasileiro. Em 2010, a frota de picapes médias no Brasil superou um milhão de unidades comercializadas. A S10, sozinha, responde por quase 40% desta frota em circulação. Em 2010, por exemplo, foram comercializadas 43.086 unidades, o que lhe rendeu 34.2% de participação e o 16º ano consecutivo na liderança do segmento.
Por Marcus Lauria.
Lembro como se fosse hoje, foi em 1995 quando a Chevrolet lançou a sua picape média no mercado nacional, a S10. Era a sensação nas ruas, virou febre entre os apaixonados por carros, todos queriam ter uma. Em 1997 a S10 ganhou a opção de cabine dupla e estendida, aumentando ainda mais a sua oferta de versões. Em 1998 chega a série Champ com motor V6, e cor verde - Referência à Copa da França, no ano seguinte surge a versão 4x4, chega ao fim a cabine estendida e pequenas mudanças estéticas são realizadas para dar mais fôlego ao modelo. Em 2000 sofre outra reestilização mais profunda, com faróis quadrados e novo capô, no mesmo ano é inserido o novo motor TurboDiesel 2.8 MWM Sprint e mais uma edição especial, a Barretos com motor 2.2. Em 2001 o Motor 2.2 é trocado pelo de 2.4 litros e é apresentada a primeira versão da S10 Rodeio, como série especial. No ano de 2002 o motor V6 passa de 180 para 192 cv e é lançada a versão S10 Sertões com motor 2.8 Turbodiesel. Em 2004 a Chevrolet resolve mudar algumas versões, recolocar outras e lançar as versões Colina, Tornado e Executive no mercado. No ano de 2005 a recebe uma grade dianteira em formato de cruz e uma entrada de ar falsa no capô. Em 2005 surge mais uma vez a série Rodeio, limitada a apenas 1200 unidades. No mês de janeiro de 2007 é apresentado o novo motor bicombustível 2.4 com potência de 147 cv álcool ou 141 cv gasolina, sofre mais uma reestilização em maio de 2008 e finalmente em setembro de 2010 a S10 Rodeio vira versão de série. A S10 deve ser totalmente renovada no próximo ano, seguindo a linha de investimentos da empresa no Brasil, que pretende renovar toda sua linha até 2014.
Após observar o breve resumo da "vida" da S10 em nosso país, é possível perceber que nesses 16 anos de trajetória o modelo sofreu apenas mudanças estéticas e as mais significativas ficaram por conta dos motores. A nova versão, batizada de Rodeio, veio para fazer referência ao grande público da S10, que mora ou trabalha no campo, segundo informa a marca da gravata dourada. A nova versão chega com uma lista extensa de equipamentos e com um tema muito popular para homenagear uma das festas do interior do Brasil: os rodeios.
Sobre a S10 Rodeio
A S10 Rodeio é uma versão intermediária da picape média da Chevrolet e chega com algumas novidades estéticas. O modelo recebeu faixas laterais, com o nome da versão que lhe caiu muito bem. A versão recebeu um estribo lateral e ganhou rodas de alumínio, aro 16, pintadas em grafite, deixando a aparência mais “tuning”. Traz de série o rack no teto – semelhante ao utilizado na versão Executive - adesivos no capô, em volta do air scoop, e na tampa traseira, com o nome da versão. Para completar as lanternas traseiras receberam um acabamento fumê e os faróis possuem máscara negra.
Por dentro a S10 Rodeio manteve a iluminação interna no tom Ice Blue, a mesma encontrada no Malibu e no Agile. Também oferece diversos porta-objetos para acomodar os pertences de todos os ocupantes em seu interior. Fora esses itens de série, a marca oferece vários acessórios originais para incrementar ainda mais a picape, como santantônio, cover do rack e protetor de caçamba. Também são oferecidos sensor de estacionamento, GPS, geladeira interna e cabide para jaquetas ou paletó, além de quatro diferentes opções de rádio com CD player e MP3.
A Chevrolet S10 Rodeio é oferecida apenas na configuração de cabine dupla e com motores flex e diesel (essa com opções de tração 4x2 e 4x4). Todas as versões – tanto a diesel, quanto a bicombustível - trazem de série: ar-condicionado, direção hidráulica, vidros, travas das portas e espelhos retrovisores elétricos, coluna de direção regulável em altura, vidro traseiro corrediço, piloto automático – para a versão diesel – e ABS, além do controle deslizante das rodas traseiras, o Trac Lock.
Avaliação
Por uma semana, testamos uma unidade da Chevrolet S10 Rodeio cabine dupla equipada motor 2.4 flexpower e tração 4x2. A versão avaliada era completa, com todos os opcionais e acessórios possíveis. O modelo recebeu alguns apliques externos e algumas perfumarias que vieram para dar mais fôlego a pick-up mais vendida do Brasil.
O destaque da dianteira fica por conta da régua cromada na parte superior da grade, que é pintada na cor do veículo e que segue o estilo dos modelos da marca pelo mundo, com uma faixa central, com a "gravatinha" dourada ao centro. Para aderir aos adeptos do Tuning, a Chevrolet resolveu aplicar uma tomada de ar sob o capô, que não tem nenhuma função, a não ser a estética. Os pára-choques, tanto o dianteiro, quanto o traseiro, receberam apliques na cor preta. O rack, o santoantônio e os estribos ficaram quadrados (antes eram arredondados). Ainda na parte externa, é possível observar o novo aplique preto na coluna do pára-brisa, que se juntou à coluna central, que já existia na mesma versão de 2005.
Por dentro, a sensação de "lugar comum" é obeservada logo ao entrar na S10 Rodeio. A primeira impressão é a de não saímos de 1995, época em que a S10 ainda era novidade. A pick-up traz pequenas mudanças, como novo painel de instrumentos e alguma melhora na qualidade dos materiais internos. Ainda por dentro a versão avaliada tem quase todas as mordomias que se precisa, vidros, travas e retrovisores elétricos, direção hidráulica e ar-condicionado (que gela bastante). Uma novidade é a trava elétrica das portas, que tem assistência pneumática, para suavizar o movimento das fechaduras, recurso já utilizado na S10 Executive de 2009. Seu preço parte de R$ 66.025 para a versão 2.4 Flexpower 4x2, passando para R$ 89.366 para a versão 2.8 Turbodiesel 4x2, chegando a custar R$ 95.541 para a mais completa 2.8 Turbodiesel 4x4.
Utilitários não são os reis da estabilidade. E a S-10 faz parte desse clube. A picape balança e solta a traseira em curvas mais ousadas e também em pisos mais castigados, os buracos são sentidos no estômago, chacoalhando para todos os lados. As rodas, grandes e com pneus de perfil alto, copia as imperfeições do asfalto e gera um problema de comunicação com o volante. Nas retas, os modelos balançam bastante e tornam as viagens longas cansativas.
A S-10 é bruta por fora e por dentro. Os comandos do painel são “duros” e o câmbio tem engates difíceis, que exigem esforço no manuseio. O consumo é supreendente para utilitários médios. Segundo a GM, com álcool a S-10 faria 7,2 km/litro e com gasolina, o número sobe para 10,4 km/l. A reconfiguração do motor para flex foi um ganho, mas os demais recursos do carro se ressentem da idade. Os sistemas eletrônicos são limitados e muito antigos e os chassis não têm um comportamento tão equilibrado quando o de modelos mais modernos.
Mesmo com a sombra do passado, a condução da S-10 Rodeio pode ser classificada como agradável graças ao seu motor 2.4 litros bicombustível. Com álcool, ele rende 147 cv, suficientes para acordar o utilitário da Chevrolet. Quando exigido nas acelerações, as respostas são interessantes, devido ao motor ter 8 válvulas e um bom torque de 21,9 kgfm, o qual é suficiente para carregar tanto peso (são 1815 kg). O acelerador eletrônico ajuda a dosar as acelerações, mas os utilitários têm lá suas limitações que tem que ser observados durante o uso diário da picape. E elas são facilmente encontrados nas curvas mais fechadas. A tendência a rolar é grande e, em situações mais ousadas, a traseira tende a mostrar vontade própria, fato que é aumentado devido ao seu tamanho (5,26 metros).
A suspensão macia demais deixa as viagens um tanto sacolejantes, dando a sensação de estar dentro de um pula-pula, daqueles que as crianças adoram brincar nos parques. A S-10 flutua até em retas, hora de ficar bem atento ao volante e não deixar ela escapar. Daí a limitação de velocidade em 150 km/h, por medida de segurança. O câmbio meio "queixo-duro" dificulta a interação e atrapalha nos momentos das trocas das marchas. Internamente. O isolamento acústico não é dos melhores mas é bom para utilitários. Na hora de manobrar, os espelhos retrovisores externos elétricos se mostraram bem eficientes, são grandes e de fácil visualização.
Na S-10, quem vai na frente tem um bom espaço. Os passageiros de trás, no entanto, sofrem com o banco com encosto reto, de “costas duras”, como os de ônibus. Por dentro, há um bom número de porta-objetos - nas laterais das portas, no console central. O acesso ao veículo é facilitado pelas quatro portas e pelo estribo lateral de série. Falta um compartimento, porém, para guardar volume longe das vistas de curiosos. Uma observação notada durante todo o teste foi na hora de manobrar, ao esterçar totalmente o volante, para qualquer um dos lados, percebeu-se que as rodas batiam na parte interna do para-lama, isso pode acarretar em um desgaste maior dos pneus dianteiros.
Texto: Marcus Lauria / Fotos: Raphael Machado e Marcus Lauria
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