Análise: a disputa entre Volkswagen e Stellantis pelo mercado europeu
Em julho, a participação de mercado da Volkswagen ultrapassou a da Stellantis, e a diferença no segmento de elétricos está aumentando
A Stellantis, grupo formado pela fusão entre Fiat Chrysler (FCA) e Peugeot Sociéte Anonyme (PSA) foi criada como uma resposta aos desafios da indústria automotiva global da atualidade.
O conjunto de marcas unidas pelas duas empresas estava melhor posicionadas do que suas rivais na Europa, América do Norte e América do Sul e, segundo seus objetivos, poderia facilmente aumentar sua presença nos mercados asiáticos.
Quando foi criada em 2021, a Stellantis tornou-se a quarta maior fabricante de automóveis do mundo em unidades vendidas, com 6,2 milhões de veículos em 2020. O volume de vendas aumentou para quase 6,5 milhões em 2021, mas caiu para 5,84 milhões em 2022. Com 14 marcas, é claro que a Stellantis tem um único rival em mente: o Grupo Volkswagen.
Desafio europeu
A batalha entre as duas gigantes não é apenas em volume, também é sobre lucro. O desafio que elas enfrentam é quase o mesmo: deixar de lado o motores a combustão para vender carros elétricos, mas sem afetar a lucratividade. Enquanto há problemas a serem resolvidos - a Volkswagen precisa trabalhar em seu software e a Stellantis precisa de mais modelos - elas têm mantido suas posições fortes em seus respectivos mercados.
No entanto, o ritmo de crescimento é sentido em seu mercado mais importante: a Europa. De acordo com os dados de emplacamentos da JATO Dynamics, considerando 28 países europeus, a Stellantis está perdendo espaço não só para novatas como Tesla e as marcas chinesas, como também para a Volkswagen.
Quando a Stellantis começou a operar há dois anos e meio, sua participação no mercado europeu era 21,2%, apenas 4 pontos menos do que o Grupo Volkswagen. Embora o novo grupo automotivo seja o líder absoluto na Itália e na França, e tenha uma posição importante na Espanha e em outros mercados de tamanho médio, sua rival ainda domina a Alemanha (o maior mercado da Europa) e Reino Unido (o segundo maior), além de liderar outros países nas regiões central norte e oriental.
A diferença cresce
A diferença entre as duas chegou a uma média de 4,7 pontos entre janeiro de 2021 e junho de 2022, quando a Volkswagen começou a crescer rapidamente. Desde então, a distância entre as duas aumentou para 8,6 pontos e segue aumentando.
Em julho de 2023, o Grupo Volkswagen registrou sua maior participação de mercado mensal em dois anos, superando a Stellantis em 11,9 pontos. É a maior distância entre os dois grupos desde que a Stellantis foi criada e esta diferença pode crescer nos próximos meses.
Stellantis precisa de mais produtos
Conforme as duas empresas tentam aumentar suas ofertas de carros elétricos, está claro que os VEs estão vendendo melhor na Alemanha, enquanto a maioria dos consumidores europeus continuam a demandar por automóveis com motores a combustão.
Entre janeiro e julho deste ano, o Grupo Volkswagen emplacou 244 mil novos carros na Europa, fazendo com que lidere neste importante segmento em crescimento. O volume cresceu 58%, fazendo com que sua participação de mercado fosse de 21% para 22,5% em comparação ao ano passado.
A gigante alemã conseguiu manter sua liderança contra a Tesla, que mais que dobrou os emplacamentos, mas acabou na 2ª posição com 18,7% de participação entre os elétricos. Por outro lado, a Stellantis registrou modestos 11% de crescimento na categoria, chegando a 142.600 unidades, o que é igual a 13,% de market share.
Entre estes dois períodos, a Stellantis perdeu 4,3 pontos de participação. Enquanto a Volkswagen oferece oito SUVs elétricos em sua linha com 14 modelos diferentes, a rival tem somente 4 SUVs no portfólio com 24 automóveis elétricos. Mesmo entre os carros a combustão (que ainda tem 58% dos emplacamentos na Europa), a diferença é significante: 54 modelos disponíveis (25 SUVs) para a Volkswagen, contra 46 (21 SUVs) da Stellantis.
A diferença continuará a crescer? Ou a Stellantis conseguirá alcançar a Volkswagen com mais carros elétricos?
Felipe Munoz, autor deste artigo, é Especialista em Indústria Automotiva na JATO Dynamics.
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