Adolescentes invadem um casarão antigo e encontram uma empoeirada coleção de carros, verdadeira cápsula do tempo. A traquinagem foi filmada, espalhou-se por grupos de WhatsApp e virou caso de polícia.
Essa história aconteceu há duas semanas em uma cidade do Rio Grande do Sul. Um colecionador mantinha no local seu museu particular com uma grande variedade de automóveis, além de uma biblioteca técnica, bombas de gasolina e outras peças mecânicas antigas. O acervo incluía até a reconstrução de um velho café.
Do Ford T ao Citroën DS, havia de tudo em modelos dos anos 20 aos 70. No térreo, Chevrolet Corvair, Chevrolet Styleline 52, Fiat 124 Sport Coupé, Simca 8, Renault Dauphine, Morris Oxford, Hudson Hornet... Quase todos muito completos, sobre cavaletes e com placas amarelas indicando que estão fora das ruas há décadas. Antigomobilistas da região falam até Dodges e Mavericks zero quilômetro, jamais licenciados!
Em uma espécie de jirau, que parece a ponto de desabar, o melhor da coleção: nada menos do que dois raríssimos Austin A90 Atlantic 1949–1952 (um cupê e um conversível), um icônico Chrysler Airflow 1934, cupês Ford 1938 e 1940, um furgão Ford 1951, além de Standard Vanguard, Renault Gordini, Ford Consul, Ford Taunus e até uma picape Goliath de três rodas!
Montado com todo o capricho às margens da rodovia RS 122, esse museu particular nunca foi aberto ao grande público. Até os anos 1990 ou 2000, recebia visitas apenas de colecionadores e amigos do dono. O tempo passou e a coleção foi trancada a cadeado. Entre os herdeiros, gêmeos, um queria manter o acervo reunido, enquanto o outro preferia vender tudo.
A TOMADA DO CASTELO
Com o tempo, o lugar foi ganhando ares de abandono. O mato cresceu no terreno, a poeira tomou conta dos carros. Foi quando, numa tarde de quinta-feira, um grupo de dez adolescentes, com idades em torno dos 15 anos, decidiu que era hora de descobrir o que havia dentro daquele "castelo", invadindo a propriedade privada.
Invadiram a coleção, entraram nos carros sem a menor cerimônia e deram gritos de excitação diante da magnífica "descoberta". Em vez de guardarem segredo, preferiram filmar tudo e espelhar as imagens pelo WhatsApp, como é de praxe nos tempos atuais... No dia seguinte, a polícia já estava de prontidão no local e os pais foram convocados.
Alertados, os proprietários já levaram alguns dos carros para outra localidade. O Fiat 124 Sport Coupé, por exemplo, agora está lavado e foi posto à venda, em um site, por R$ 65 mil. O DS e o Dauphine também pegaram a estrada (em cima de um caminhão). Se houve algo bom nessa história toda é que, com novos donos, alguns dos automóveis poderão voltar às ruas e encontros de clássicos - isso se houver despachante hábil o suficiente para atualizar os documentos e trocar as placas amarelas pelas novas, tipo Mercosul.
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