Nesta semana mais um hatch bom de dirigir deu adeus ao mercado brasileiro. Estou falando do Fiesta, o compacto que tinha a melhor dinâmica do mercado - e isso vem de gerações. Quem já andou no novo Fiesta europeu garante que ele está ainda mais gostoso de guiar, mas, por aqui, teremos de nos contentar com o Ka. Focus? O hatch médio da Ford era outra referência em termos de dirigibilidade. Tive o prazer de possuir um exemplar de cada geração (do Fiesta só não tive a primeira vendida aqui, importada da Espanha), mas agora fui obrigado a mudar de carro - ou melhor, de segmento, porque os hatches médios como um todo também estão morrendo.
A Volkswagen até que insistiu no Golf no Brasil, mas a chegada do T-Cross praticamente encerrou a carreira do modelo por aqui, restando apenas o esportivo GTI. A bela perua Golf Variant também ficou apenas nas fotos das férias passadas... Na Ford, o Fiesta do ABC paulista e o Focus argentino não terão sucessores diretos, de modo a acompanhar o plano da matriz norte-americana de investir em SUVs e picapes em detrimento de hatches e sedãs. O Fusion será o próximo da lista a desaparecer, pois teve seu fim decretado para 2020 no México, de onde vem o modelo importado para cá.
Passeando pelo portfólio de outras marcas, vemos outras perdas sentidas. Na DS, marca de luxo da Citroën, o invocado hatch DS3 virou o crossover DS3 Crossback, sem metade do apelo visual e tocada divertida do antecessor. O Fiat 500 Abarth deixou de ser importado. O Punto T-Jet deu lugar ao esportivado Argo HGT. A Suzuki desistiu de trazer o Swift Sport, enquanto a VW enterrou de vez o Fusca, que na última geração era quase um Golf GTI com desenho nostálgico.
Enquanto isso, prolifera o lançamento de SUVs. Aqui na garagem do Motor1.com há quatro carros de teste no momento em que escrevo esse texto, e os quatro são utilitários-esportivos ou crossovers! Todas as marcas querem morder uma parte da fatia mais saborosa do bolo do mercado nacional - além de venderem bem, SUVs têm a margem de lucro mais alta para as montadoras. Mas espero que não chegue o dia em que carros sejam sinônimos de SUVs.
Felizmente, no entanto, ainda há gasolina correndo nas veias de alguns marketeiros da indústria. A VW com o Jetta GLI é um exemplo disso, mostrando que na faixa de R$ 150 mil você não precisa comprar obrigatoriamente um SUV para ser feliz. E a marca alemã ainda prepara a estreia das versões GTS do Polo e do Virtus, que prometem resgatar a aura dos antigos Gol GT e GTi. Palmas também para a Honda, por trazer o Civic Si (esse ainda com câmbio manual!), e para a Renault por seguir com o Sandero RS, que é o carro com a melhor relação custo-diversão do mercado nacional. Tomara que a Peugeot faça o mesmo e mantenha a versão GT do 208 na próxima geração feita aqui (ou na Argentina).
Até lá, dá-lhe SUVs. Nesta próxima sexta (12) e na terça da semana que vem (18) já tem lançamento de mais dois modelos do tipo...
Fotos: arquivo Motor1.com e divulgação
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