A gente que testa carro e faz comparativos volta e meia se depara com a conclusão de que aquele carro merecia uma versão diferente, muitas vezes até com recursos que a marca já oferece em outros modelos. Também damos atenção especial aos comentários de vocês ao final das reportagens, que mostra a voz do povo - e consequentemente do cliente. Juntando a nossa opinião e a de vocês, resolvemos fazer a lista a seguir. Fica a dica para as montadoras...
Quando a Volkswagen lançou a nova geração do Polo ao Brasil, de cara notamos duas faltas na gama: a versão 1.6 automática, que acabou chegando na linha 2019, e a 1.0 TSI manual. Afinal, quem já dirigiu um up! TSI sabe que o carrinho alia desempenho e consumo como poucos. Na posição de compacto mais bacana da VW, o Polo merecia essa opção, como existe na Europa. Com 125 cv e 20,4 kgfm de torque e câmbio manual de 6 marchas, como era o Golf TSI antes da reestilização, o Polo ia ficar show. Uma pena que a VW obrigue o consumidor do Polo TSI a levar o câmbio automático - coisa que irá se repetir até com a versão esportiva GTS, equipada com o motor 1.4 TSI de 150 cv.
Por mais que a FCA se esforce em melhorar o motor 1.8 E-TorQ fazendo várias atualizações desde que foi lançado, o fato é: o Renegade Flex merece um coração melhor. Enquanto a versão a diesel se esbalda com os 170 cv e 35,7 kgfm de torque do motor 2.0 turbo, o 1.8 flex tem que se contentar com 139 cv e 19,3 kgfm para mover seus quase 1.400 kg. A solução a Jeep tem na prateleira: é o 2.0 Tigershark do Compass Flex, de 166 cv e 20,5 kgfm. Bem que ele poderia ser usado ao menos na versão Limited do Renegade, deixando o 1.8 somente para os modelos de entrada.
A reestilização do City para a linha 2018 teve como objetivo aproximar o visual do modelo ao do Civic, incluindo a dianteira com a grade cromada que avança sobre os faróis - e os próprios faróis Full-LED na versão de topo EXL. Ficou mais refinado e manteve seus pontos positivos, como espaço e acabamento. Mas ainda faltam algumas coisas, como controle de estabilidade e o acionamento automático dos faróis e dos limpadores, além do retrovisor eletrocrômico e da partida por botão. Ou seja, bem que o City merecia uma versão Touring. E para se destacar das demais, ela poderia ser equipada com o motor 1.8 do HR-V, de 140 cv, no lugar do 1.5 de 116 cv. Deixaria o City muito interessante e ainda sem ameaçar o Civic, que na atual geração trocou o 1.8 das versões entrada pelo 2.0.
Especulada desde o lançamento da picape, a versão 1.8 (139 cv e 19,3 kgfm) com câmbio manual teria duas vantagens: reduzir o preço de entrada da Toro e oferecer melhor consumo e desempenho que a versão automática. Mas o fraco desempenho comercial da versão a diesel com câmbio manual (que durou pouco tempo no mercado) pode ter desanimado a Fiat a seguir com a ideia.
A Ford decidiu não trazer o Fiesta de nova geração ao Brasil - ao menos por enquanto. E no lugar do atual, está tentando promover o Ka reestilizado, que ganhou o novo motor 1.5 de 3-cilindros de 136 cv e o câmbio automático de 6 marchas vindos do EcoSport (o SUV do Fiesta). A tática pode funcionar nas versões mais baratas, mas a verdade é que o Fiesta (mesmo o atual) é um carro mais refinado em termos de design, dirigibilidade e equipamentos que o Ka. Ou seja, ele também merecia receber o mesmo conjunto mecânico do EcoSport e ainda defender seu espaço no mercado, na briga com Polo e Yaris. Em vez disso, a Ford o deixou à própria sorte, com motor 1.6 antigo e o famigerado câmbio Powershift de dupla embreagem, que a marca está deixando de usar nos outros modelos. Fim inglório para o Fiesta no Brasil.
O Argo foi o primeiro compacto da Fiat a ter câmbio automático de verdade - antes dele os outros usavam o automatizado Dualogic. Só que isso aconteceu apenas nas versões mais caras do modelo, com motor 1.8 E-TorQ. A intermediária 1.3, com o novo (e bom) motor Firefly 109 cv, manteve o velho câmbio Dualogic, embora atualizado e com nome de GSR. Depois veio o sedã Cronos com o mesmo problema: quem quer o automático de verdade tem que levar o caro (e gastão) 1.8. Quando o 1.3 será conjugado ao câmbio automático de 6 marchas dos modelos mais caros? Dizem algumas fontes que isso deverá acontecer na linha 2020. E certamente dará um impulso nas vendas da dupla.
A própria PSA reconheceu o erro desde o começo, mas deu uma explicação: a plataforma compacta do grupo não tinha espaço para acomodar o motor 1.6 THP (turbo e injeção direta) junto com a transmissão automática de 6 marchas da Aisin. Por conta disso, o crossover turbinado chegou somente na versão com câmbio manual, e assim segue até hoje. Agora a PSA resolveu o problema, como pôde ser visto no lançamento do Citroën C4 Cactus, que trouxe o 1.6 THP ligado à caixa automática. Como o Cactus usa a mesma plataforma do 2008, parece questão de tempo até que o Peugeot enfim receba essa opção.
Esse caso é curioso porque a Renault já produz a picape "traçada" para exportação, então por que não vendê-la aqui? Vale lembrar que a Oroch é vendida no Brasil com foco no trabalho, o que reforça ainda mais a utilidade da tração 4x4. Fabricada em São José dos Pinhais (PR), a Oroch 4x4 tem motor 2.0 de 143 cv e câmbio manual de 6 marchas, como no Duster 4WD. Mas atualmente ela é vendida somente na Argentina.
A estreia do Mobi era para ter sido marcada pela chegada do novo motor 1.0 Firefly de 3-cilindros da Fiat. No entanto, o projeto do propulsor atrasou e o subcompacto chegou usando o velho 1.0 Fire, nascido em 2001 com o Palio. Coube ao Uno reestilizado fazer a estreia dos novos Firefly, tanto 1.0 quanto 1.3, e depois então o novo 1.0 foi passado ao Mobi - junto com a direção elétrica no lugar da hidráulica. Só que o Mobi ganhou esse conjunto apenas na versão mais cara Drive, enquanto a mais barata Easy e até a aventureira Way seguem com o Fire, tirando a competitividade do carrinho diante de seu principal rival, o Renault Kwid, que é equipado com motor 3-cilindros em todas as versões.
O Captur nacional tem uma contradição em sua gama: enquanto a versão 1.6 usa um moderno câmbio CVT, a mais cara 2.0 ainda vem acoplada a uma velha caixa automática de 4 marchas. O resultado é que a topo de linha representa números ínfimos dentro do mix de vendas do SUV. Mas o lançamento do 2.0 CTV não deve acontecer, pois a Renault trabalha num novo motor 1.3 turbo para o lugar do 2.0 aspirado, a ser usado tanto no Captur quanto no futuro Arkana. E aí sim o 1.3 turbo virá acoplado ao CVT.
Fotos: aquivo Motor1.com e divulgação
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