Detentores de significativa força comercial construída através de anos de atuação no mercado, nomes antigos estão sendo estrategicamente ressuscitados por grandes montadoras para batizar modelos novos. A ideia é evocar no consumidor a imagem consolidada do veículo anterior e posicionar o estreante de forma mais competitiva diante dos principais concorrentes. A tática vem sendo adotada em mercados gigantes, como Estados Unidos e China, mas também já chegou ao Brasil através de marcas como Jeep, Volkswagen e Fiat. Abaixo reunimos 10 exemplos interessantes.
Usado pela primeira vez em 1969 nos Estados Unidos para nomear a versão fechada da série de picapes C/K da General Motors, o batismo Blazer é característico quando o assunto é SUV. A origem vem da palavra da língua inglesa "blazer", mas não tem relação com aquele tipo de paletó mais esportivo. Neste caso, o termo é usado para designar uma pessoa que demarca trilhas nas selvas e florestas e foi estrategicamente escolhido para exaltar a aptidão off-road do carro. Ao longo da história, o batismo já nomeou o concorrente do Ford Bronco, o SUV da picape S10 e encarnou derivações como Grand Blazer (SUV da Silverado) e Trailblazer (atual SUV da S10). Depois de deixado de lado por alguns anos, o termo original Blazer foi revivido neste ano em um novo SUV, mas agora com vocação mais esportiva e visual inspirado no Camaro.
Conhecido dos brasileiros desde o início da década de 1980 (anos antes também foi usado nos Estados Unidos), o nome Monza foi escolhido pela Chevrolet para batizar um sedã que por três anos consecutivos (1984, 1985 e 1986) foi o carro mais emplacado do Brasil. A designação é uma homenagem ao famoso circuito italiano utilizado pela Fórmula 1 e foi usado para substituir o termo Ascona, utilizado pela Opel na Europa para batizar o carro que, na prática, ajudou a originar o modelo Chevrolet. O nome foi usado por 14 anos no Brasil, sendo descontinuado em 1996 com o encerramento da produção do sedã. Em 2013, a Opel resolveu ressuscitá-lo para batizar um conceito apresentado no Salão de Frankfurt e agora, em 2018, a Chevrolet foi quem decidiu trazê-lo novamente ao mercado, porém bastante distante do público brasileiro - está sendo usado para nomear um sedã de porte médio vendido exclusivamente na China.
Nascido durante o pós-guerra com a proposta de ser um carro acessível e barato, o Fiat 500 está para a Itália assim como o Volkswagen Fusca está para a Alemanha. O precursor de toda essa história nasceu em 1936 e foi produzido até 1955 carregando o nome 500 Topolino (ou seja, "pequeno rato" numa tradução direta do italiano). Em 1957, chegou ao mercado o que a Fiat chamou de Nuova 500, considerado por muitos um dos modelos mais emblemáticos já feitos pela marca até hoje. Chamava atenção pelo design cheio de personalidade e pela enorme popularidade conquistada, tendo emplacado mais de 4 milhões de unidades até 1975. Desde então, o batismo 500 havia sido deixado de lado até que em 2007 (exatos 50 anos depois do lançamento da segunda geração) a Fiat colocou no mercado um novo compacto com design retrô em alusão ao velho Cinquecento. Ao longo de décadas, a marca 500 ganhou importância e constituiu família através de derivações como 500 Giardiniera, 500e, 500C, 500L, 500 Living e 500X.
Conhecido na Europa desde 1988 e no Brasil desde 1993, o nome Tipo foi usado para batizar um dos carros mais famosos da Fiat na década de 1990. A alcunha derivava da própria plataforma do carro, a Tipo Due, que na época foi usada também por modelos da Alfa Romeo e da Lancia. O hatch fez enorme sucesso nos primeiros anos em que esteve à venda tanto na Europa quanto no Brasil, chegando a ser o carro mais vendido de nosso mercado em janeiro de 1995, batendo o VW Gol. Após o surgimento de problemas mecânicos e famigerados casos de incêndio, foi descontinuado e o uso comercial do nome perdurou apenas até 1997. Isso até que, em 2015, após 18 anos recolhido na prateleira, o batismo foi ressuscitado e usado para nomear um novo hatchback médio, atualmente em produção na Europa.
Usado pela Ford desde 1968, o batismo Escort é um dos mais lembrados da história da marca. Por décadas, nomeou um dos principais veículos da empresa à venda na Europa, com várias gerações acumuladas no currículo e derivações hatchback (2 e 4 portas), sedã, perua e cabriolet. Ao pé da letra, o nome deriva da língua inglesa e significa companheiro, acompanhante ou escolta. No Brasil, foi usado pela primeira vez em 1983 na geração que correspondia à terceira linhagem europeia. Na época, o objetivo da Ford era substituir o Corcel e marcar posição no segmento de médios. O modelo permaneceu no mercado até 2003, depois de várias gerações, sendo substituído tanto na Europa quanto no Brasil pelo Focus. Desde então, o batismo estava aposentado, até que em 2014 foi revivido na China em um sedã de baixo custo vendido exclusivamente no mercado local (e feito justamente sobre a plataforma do algoz Focus).
Usado pela Jeep em uma série de picapes fabricadas entre as décadas de 1960 e 1980, o nome Gladiator (gladiador, em inglês) voltará à tona neste ano para batizar a camionete derivada da nova geração do Wrangler. O batismo foi escolhido não só pela fama conquistada na América do Norte ao longo de anos de mercado, mas também pela força evocada pelo significado, que tanto pode estar relacionado a um tipo de espada utilizada pelos romanos quanto ao lutador que duelava com animais ferozes em grandes arenas na antiguidade. A designação foi usada pela última vez em 2005, justamente em um conceito de picape derivada do Wrangler que serviu de inspiração para o modelo a ser lançado comercialmente neste ano.
Usado para batizar o SUV que revolucionou a história da Jeep no Brasil, o nome Renegade não é novidade na história da marca. O termo já havia sido usado bem antes do lançamento do crossover, sendo empregado pela primeira vez na década de 1970 para nomear uma versão com estilo mais esportivo do CJ-5 e posteriormente no início dos anos 1990 em uma variante específica da primeira geração do Wrangler. Recentemente, também foi usado para nomear um conceito apresentado em 2008 no Salão de Detroit. O nome pode ser traduzido ao pé da letra como renegado ou rejeitado, mas a proposta da Jeep é relacionar o carro à palavra rebelde, ou seja, aquele que foge do lugar comum e rompe padrões.
Dentro da Mitsubishi, o nome Eclipse é automaticamente relacionado à esportividade. Durante mais de 20 anos (de 1989 até 2011), o batismo foi usado para identificar um cupê esportivo de porte médio vendido em mercados como Estados Unidos (onde chegou a ser produzido), Europa, Oriente Médio, China e Brasil. O termo faz referência direta ao raro fenômeno astronômico que ocorre quando a lua se posiciona entre a Terra e o Sol, ocultando a luz emitida pela estrela em direção ao planeta. Estava aposentado desde 2011 até que em 2017 foi reeditado em um inédito SUV intermediário que, além do nome original Eclipse, carrega o sobrenome Cross. Neste caso, porém, sem nenhuma pretensão esportiva.
Figura clássica e automaticamente lembrada quando o assunto é Volkswagen, o Fusca dispensa apresentações. Talvez seja considerado um dos modelos mais apelidados da história, tendo recebido nomes próprios em praticamente cada um dos mercados onde foi vendido (Beetle nos Estados Unidos, Carocha em Portugal, Coccinelle na França, entre outros). No Brasil, o “V” em alemão tem som de “F” e criou a sonorização do nome Volks em Folks. O brasileiro, pela simpatia que tinha pelo modelo, carinhosamente rebatizou o veículo para Volks e posteriormente para Fusca, batismo adotado oficialmente pela Volkswagen a partir de 1983. Foi produzido pela última vez por aqui em 1996 e o nome então deixou de ser usado. Cerca de 16 anos depois, em 2012, a segunda geração da chamada era moderna do modelo foi lançada por aqui e reviveu a famosa nomenclatura.
Por décadas tido como o principal representante da Volkswagen no segmento de sedãs médios no Brasil, o Santana foi vendido por aqui entre os anos de 1984 e 2006. O nome faz referência a um tipo de vento quente e forte que sopra numa região da Califórnia, pelo cânion de Santa Ana. O modelo era derivado do Passat alemão e, além do Brasil, foi fabricado na Alemanha, Espanha, África do Sul, Japão (sob a marca Nissan), Nigéria, México, Argentina e China (onde era produzido até pouco tempo atrás ainda com a carroceira original). Em 2012, a joint-venture Shangai-Volkswagen lançou localmente um novo sedã de entrada e reeditou o nome Santana, que já era bastante forte e conhecido no país. O modelo constituiu família e ganhou as derivações Grand Santana (meio termo entre hatch e perua) e Cross Santana (com mudanças visuais e estilo aventureiro).
Fotos: Divulgação
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