Durante sua carreira, o extraordinário artista automotivo David Kimble, especialista em desenhos cortados, reproduziu muitos e muitos detalhes de carros em níveis incríveis, mas ele se interessava por projetos além disso. Em um deles podemos ver em detalhes um ponto essencial da história da indústria americana e mundial - a "mãe" de todas as modernas linhas de montagem.
O Ford Model T é conhecido por ter levado os carros aos trabalhadores, mas a revolucionária linha de produção do Model T - sem mencionar o salário de US$ 5 por dia que viria logo depois - mudou para sempre a história da indústria. Para comemorar este momento de forma única, Kimble foi chamado pela revista National Geographic em 1987 para criar uma imagem cortada da famosa fábrica de Henry Ford, que parece estar nos estágios iniciais em Highland Park, Michigan, em junho de 1913.
Os leitores mais frequentes sabem que Kimble começa cada projeto com uma sessão de fotos, mas por motivos óbvios, ele não poderia visitar a fábrica atual enquanto trabalhavam. E mesmo assim, é possível ver a atenção de Kimble aos detalhes. A linha de produção está em destaque, mas ao fundo é possível ver corredores de ferramentas e equipamentos descartados. Veja no fundo a esquerda como o piso dos andares superiores são detalhados em madeira. Até mesmo o processo de produção do Model T é detalhada conforme as etapas.
Como Kimble conseguiu criar esta representação sem ver o local pessoalmente? A National Geographic teve acesso aos arquivos de imagens da fábrica - em preto e branco - que serviram de referência a Kimble. Ele também usou fotos de publicações da época, o que ajudou Kimble a fazer os detalhes, desde as estações onde a suspensão do Ford T era instalada até os trabalhadores em suas funções.
Mesmo assim, nenhuma das fotos mostrava como eram as coisas com a perspectiva que ele precisava. Para dar mais detalhismo, entrou em ação um arqueologista industrial, Dave Hounshell, que ajudou Kimble a recriar tudo conforme a época, desde o chão ao teto, mesmo sem nenhuma foto disso. Até mesmo os tijolos e janelas estão lá.
Até o processo de produção do Model T é mostrado em nível de detalhes incrível.
E atualmente, Kimble visitou a fábrica. A Highland Park, localizada na esquina da avenida Manchester com a Woodward ainda existe. Foi nomeada como ponto histórico nacional em 1978 e no livre "David Kimble Cutaways: Techniques & Stories Behind The Art", ele menciona "que fez o caminho além do que os guardas deixavam" para ver o prédio por dentro. A visita aconteceu 75 anos depois da cena que ele retratou e um ano após o desenho. Mas foi o suficiente para ver a cor verde menta nas paredes - a cor que, de alguma forma, ele reproduziu perfeitamente nas ilustrações, mesmo as fotos sendo em preto e branco.
Para reproduzir o Model T em diversos estágios de montagem, Kimble fez algo para não desmontar os carros reais. Desde que ele planejou fazer este desenho, o artista comprou diversas miniaturas em escala 1:18 que reproduzam a carroceria e chassis do Model T. Ele construiu os modelos em diversos estágios - como era feito na fábrica - e usou como referência.
A fábrica de Highland Park entrou no livro dos recordes como a primeira planta a montar carros em movimento em outubro de 1913, alguns meses depois da cena reproduzida por Kimble. Assim, Ford reduziu o tempo de montagem do Model T de 12 horas para apenas 90 minutos e reduziu o preço do carro para US$ 350.
E depois, Kimble visitou a fábrica.
Mesmo com a automação, trabalhar na linha de produção não era exatamente um sonho, então Ford ofereceu o famoso salário diário de US$ 5 para encorajar seus trabalhadores e comprarem os carros que estavam construindo. E funcionou. Os preços baixos do Model T o fez um carro para as massas, e nos olhos de muitos, fez de Ford o homem quem criou a classe média americana.
No meio dos churrascos, das viagens rotas e corrida para relaxar, pode ser fácil ignorar a ética do trabalho que serviu e continua a servir como a espinha dorsal da América. Obrigado, David Kimble, por nos fornecer esta lembrança verdadeiramente do nosso passado americano. Talvez esse vislumbre da história possa nos ajudar a construir um futuro melhor para todos.
Imagens: David Kimble
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