A apresentação da nova geração do Mercedes-Benz Classe C no Brasil é uma mistura de sensações. Por um lado, o sedã deixa de ser produzido por aqui e volta a ser um produto exclusivamente importado. Por outro, é extremamente importante para a marca em nosso mercado, chegando a representar 80% das vendas da empresa e mais de 40 mil unidades emplacadas desde 1994.
Tivemos um rápido primeiro contato com a nova geração do Mercedes-Benz Classe C, mais especificamente o C300 AMG Line 2022, que começará a ser entregue apenas em janeiro do ano que vem, e vamos contar como ele se comportou e qual das sensações ele mais exalta nesta nova geração.
Esta é a sexta geração do Mercedes-Benz Classe C e se você participar da pré-venda do modelo, que já está ocorrendo, são grandes as chances de pegar um carro feito em Bremen, Alemanha, já que as primeiras unidades virão importadas de lá. As demais serão importadas da África do Sul.
O novo Classe C usa a plataforma MRA2 e, em breve, será a base do próximo Classe E também. O visual externo é o já familiar da Mercedes-Benz, que pode ser encontrado desde o Classe A até o Classe S, passando pela agora vasta linha de SUVs da marca alemã por aqui. Para o Brasil, a empresa optou por importar os carro sempre com o pacote AMG Line.
Não se anime com o nome, pois ele inclui basicamente elementos estéticos. Eles podem ser encontrados nas rodas de 19", volante de base achatada, bancos esportivos e spoiler traseiro, por exemplo. A grande mudança para o visual está no para-choque frontal com entradas de ar mais pronunciadas e a nova grade "Panamericana" com emblema da Mercedes-Benz ao centro e cercada por pequenos emblemas espalhados pela grade. Inclusive, o Classe C será o primeiro carro da marca no Brasil a usar tal grade.
Mas o grande tema da nova geração do sedã é o grande investimento em tecnologia. Lembram que não tem muito tempo que os carros da Mercedes-Benz não tinham nem tela de toque? Isso ficou para trás. Agora, todas as versões do novo Classe C são equipadas com uma central multimídia com tela de 11,9". Assim como ocorreu no Classe S, a era dos botões acabou na cabine do sedã. Quase tudo é acessado por meio da tela, incluindo a base do display que mantém os comandos do ar-condicionado sempre à vista.
Da mesma forma que no maior sedã da empresa, o Classe C traz agora uma cabine que remete mais a um "lounge" futurista: limpo, inspirado e envolvendo os ocupantes. A tecnologia da multimídia continua, pois o Classe C também será o primeiro carro no Brasil com a 7ª geração do software da MBUX, interface de inteligência artificial da Mercedes.
Ela promete ser mais ágil e cumpre, com a troca de menus ocorrendo instantaneamente. Além disso, ela já dá suporte à navegação por realidade aumentada, acrescentando elementos virtuais nas instruções do GPS que aparecem na tela, mesclando-os com a imagem real das câmeras para facilitar a leitura das instruções.
Optando pelo pacote AMG Line em todos os Classe C que serão vendidos por aqui, o carro traz um acabamento interno com um padrão de metal entrelaçado nas superfícies para combinar com os bancos mais esportivos e o volante de base achatada. E o toque de luxo, ou toques, continua, pois até mesmo os "botões" de regulagem elétrica dos bancos são acionados ao se encostar o dedo. O botão em si nem se mexe.
Entre os principais itens de série, tanto o C200 quanto o C300, contarão com bancos dianteiros em couro com ajustes elétricos e memória, iluminação ambiente, ar-condicionado automático com quatro zonas, painel de instrumentos digital, head-up display colorido, frenagem autônoma para mitigação de colisões, monitor de ponto cego, assistente de permanência em faixa, controle de cruzeiro adaptativo, teto solar, entre outros.
Outra grande novidade da nova geração do Mercedes-Benz Classe C está sob o capô. Ambas as opções passam a trazer um sistema híbrido-leve de 48V. Ainda é o conhecido sistema EQ-Boost da empresa, mas não é mais ligado ao propulsor por correia. Agora, o pequeno motor elétrico -que atua tanto como motor de partida quanto gerador - fica integrado entre o propulsor e a transmissão e pode fornecer 27 cv e 20,4 kgfm de torque extras.
No Classe C200 AMG Line 2022, o motor é um 1.5 turbo a gasolina de quatro cilindros capaz de entregar 204 cv sem contar a assistência do EQ-Boost. O C300 AMG Line 2022 que andamos traz um 2.0 turbo a gasolina de 258 cv e 40,8 kgfm. A tração é sempre traseira e ambos são equipados com um câmbio automático de 9 marchas. Em termos de desempenho, a marca declara uma aceleração de 0 a 100 km/h em 6 segundos para o C300.
Agora usando a plataforma MRA2, o Classe C também cresceu na maioria das dimensões. Está 65 mm mais longo, 12 mm mais largo tem 25 mm extras de entre-eixos. Agora, o sedã tem 4,75 m de comprimento, 1,82 m de largura e 1,44 m de altura. O bagageiro permanece em 455 litros e o carro pesa 1.675 kg na versão C300.
O contato com o novo Mercedes-Benz Classe C300 AMG Line 2022 foi realmente breve. Algumas voltas na pista Haras Tuiuti, porém, já foram o suficiente para sacar qual é a do carro. Basicamente, é o carro que o brasileiro quer: o visual esportivo, mas sem sacrificar o conforto e tudo aquilo que estamos acostumados a associar com um carro da marca da estrela de três pontas.
Lembram que a Mercedes-Benz optou pelo pacote visual AMG Line? Isso significa que as rodas podem ser da divisão esportiva da marca, mas a suspensão é a padrão do Classe C. Ou seja, não é adaptativa e é voltada para o conforto. Até porque os 258 cv de potência não demandam um acerto esportivo que, no final das contas, vai ser apenas desconfortável nisso que chamamos de asfalto no Brasil.
As voltas na pista ocorreram sem susto. Na melhor tradição Mercedes, o novo Classe C passa uma sensação de solidez, quase como estar em um cofre. Não houve elevação, mudança de direção ou curva cortada pela zebra capaz de quebrar a serenidade dessa cabine pensada para a comodidade dos ocupantes.
O contraponto é que o novo Classe C não é um carro comunicativo na pista. Não espere sair emocionado após uma volta rápida. Tirando uma ou outra frenagem abusada, foi difícil até fazer o carro cantar pneu e as acelerações rápidas acontecem quase que imperceptivelmente. Minha sensação é que poderia ter feito todo esse trecho com uma mão no volante e a outra tomando café.
Mas indo aos fatos, não é um carro esportivo e nem tenta. O que ele realmente deve fazer bem é cruzar as estradas sem limite de velocidade alemãs a quase 200 km/h por horas a fio sem cansar. E isso eu estou realmente empolgado para testar futuramente. Mesmo assim, se um carro voltado para conforto consegue não comprometer a segurança mesmo nas situações extremas de pista, isso é um grande feito para o time de engenharia da Mercedes, que sabemos não dar ponto sem nó.
Com pouco tempo de pista, mas carros liberados para demonstração parados, pude passar mais tempo escrutinando a cabine do carro. O cuidado com a performance é tão grande quanto os detalhes da cabine. Os bancos AMG não perdem o conforto, mas conseguem segurar bem o corpo na pista. Além disso, seguem a linha esculpida do belo painel inspirado pelo do Classe S.
Se os Mercedes-Benz do passado eram apreciados pelo luxo e solidez, agora parece que a marca finalmente traduziu isso para o século XXI. A ausência dos botões, a forma como o painel envolve os ocupantes e brilho dos acabamentos metálicos são o mais próximo que eu já cheguei de um "lounge" sobre rodas. Está mais perto da linguagem de um iate de luxo do que a de um carro. A cabine do novo Classe C ainda inspira opulência, mas a opulência de uma nova geração de compradores acostumados com seus espaços minimalistas e dispositivos móveis superpotentes.
Eu entendo que o sistema de iluminação da cabine dos novos Mercedes está lá como forma de propor um ambiente. Mas não consigo evitar de vê-lo já como um aceno para futuros compradores. São 64 cores disponíveis contornando painel e portas e o que me vem realmente à mente são aqueles computadores que sempre estão no fundo de um streaming de jogos, só não piscam.
Se hoje já queremos nossos carros com as funcionalidades de um celular, por que mais marcas não olham como os jovens customizam suas caras CPUs e traduzem isso para o veículo? Carro é ferramenta, como um computador. A Mercedes pode não ter pensado nisso, mas parece estar atraindo uma nova geração de compradores que gosta de um LED colorido por perto.
Pensamentos fora da caixinha à parte, a nova geração do Classe C é inconfundivelmente um Mercedes-Benz por fora e por dentro, mas agora está se adaptando aos tempos de eletrificação e modernização, mandando bem em ambos os quesitos. O "pacote Brasil" acerta em cheio, entregando o luxo e a tecnologia com um visual mais imponente, mesmo que não seja mais fabricado por aqui.
O Mercedes-Benz C300 AMG Line 2022 será vendido no Brasil em em 6 opções pinturas metálicas que vão desde branco e preto até prata, cinza e dois tons de azul. Há ainda as pinturas especiais "designo", como cinza fosco, branco e vermelho brilhantes. A marca não cobrará extra por nenhuma delas. Por dentro, as cores são preto, preto e marrou ou preto e vermelho. Os preços começam em R$ 349.990 para o C200 AMG Line e vão a R$ 399.900 pelo C300 AMG Line.
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