Teste Nissan Frontier S MT: Aqui é trabalho
Versão de entrada é a mais barata do segmento com cabine dupla, motor a diesel e tração 4x4
Nos últimos anos, as picapes vêm assumindo aos poucos a posição de veículos de luxo. Porém, parte de seus compradores ainda estão nas versões de entrada, destinadas a frotistas e empresas, para trabalho. Como o principal argumento de venda é o custo, estas versões abrem mão de equipamentos como câmbio automático, sistema multimídia e outras comodidades do mundo atual. Aqui se encaixa a Nissan Frontier S, a versão mais simples da picape japonesa e uma das novidades da linha desde que ela começou a ser produzida na Argentina.
Por R$ 137.550, a S custa R$ 18.040 a menos que a Attack automática (veja a avaliação abaixo), a versão seguinte na linha. Por fora, as rodas de ferro de 16" e os detalhes sem pintura denunciam seu "basiquês". A lista de equipamentos traz o necessário, como os controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampas e controle de descida, mas não tem sequer um aparelho de som - o das fotos foi instalado na concessionária pela marca. Pelo menos o conjunto elétrico, o ar-condicionado e a direção hidráulica não foram capados.
Como a VW faz com a Amarok, o motor 2.3 turbodiesel tem algumas diferenças em comparação com as versões mais potentes. Apesar de ser o mesmo propulsor YS23, fruto da parceria com a Mercedes-Benz, ele tem apenas um turbo de geometria variável, enquanto as mais potentes têm dois turbos que se revezam em baixas e altas rotações. Rende 160 cv e 41 kgfm de torque, ou 30 cv e 4,9 kgfm de torque a menos.
Pode parecer pouco, mas o câmbio manual de 6 marchas compensa isso. Primeiro, a perda mecânica é menor na caixa manual que na automática. Segundo, as seis marchas foram escalonadas para a picape puxar peso sem reclamar, então as relações mais baixas são curtas e deixam a diferença de potência e torque apenas no papel. Os engates são longos e duros, mas é uma características das picapes médias - a troca é feita diretamente na caixa, sem cabos como acontece em carros de passeio.
Não levamos tanto, mas a sensação é que ela carrega tranquilamente os 1.005 kg de capacidade máxima homologada (poderia ter ao menos um protetor de caçamba de série acompanhando os ganchos de amarração que ali estão). A direção, ainda hidráulica, é pesada para as manobras, mas se comunica bem com o motorista, que ainda conta com regulagem de altura na coluna de direção e no banco. Apesar de simples, o painel de instrumentos traz computador de bordo e tem fácil visualização das informações. Até os bancos, com revestimento em veludo, são confortáveis e não cansam mesmo no trânsito.
Nos testes, a Frontier manual não ficou muito longe da automática - mais perto do que poderíamos supor pela ficha técnica. Mais leve (2.030 kg contra até 2.115 da versão topo), ficou apenas 0,2 segundo atrás até os 60 km/h, diferença que chegou aos 2 segundos nos 100 km/h justamente pelo fôlego mais limitado. Em compensação, retomou melhor de 40 a 100 km/h e ficou apenas 0,3 segundo atrás no 80 a 120 km/h, por conta da relação mais curta.
Levei a Frontier S para um terreno acidentado para testar a tração 4x4, com reduzida e bloqueio de diferencial. Com as chuvas dos dias anteriores, os buracos e valetas estavam profundos e escorregadios. Mesmo com pneus de uso mais urbano, a picape venceu tranquilamente as "barreiras" usando apenas a tração 4x4. Com a reduzida, ela chega a pular ao soltar a embreagem, mostrando que Frontier tem força de sobra. A suspensão traseira, com eixo rígido, molas helicoidais e cinco braços de controle, tem curso longo e segura bem a carroceria na terra ou no asfalto. A Frontier permite até ser provocada que, sem os feixes de molas, pula menos quando vazia e tem um chassi bem firme, que valoriza a dirigibilidade.
Aos que buscam uma picape econômica para o trabalho, a Frontier S se mostrou uma ótima contratação. Na cidade, com o bom torque em baixas rotações, marcou 11,5 km/litro de diesel, enquanto na estrada, com a sexta marcha engatada, cravou 15,3 km/litro.
Galeria: Nissan Frontier S
Na lista de equipamentos, vale destacar as saídas de ar-condicionado para o banco traseiro e os assistentes de subida e descida, item que não seriam imaginados em uma picape de trabalho até pouco tempo. O preço de R$ 137.550 parece alto, mas é competitivo diante dos R$ 143.690 da Toyota Hilux STD 4x4 diesel, R$ 166.090 da Chevrolet S10 LT 4x4, R$ 147.520 da Ford Ranger XLS 2.2 4x4 e dos R$ 153.190 da VW Amarok SE 4x4.
Apesar de não trazer luxos, a Frontier S é uma ferramenta de trabalho competente. Suave para andar e econômica, é uma boa opção para o cliente pegar no batente de segunda a sexta e até mesmo curtir o final de semana com a família.
Fotos: Leo Fortunatti e divulgação
Ficha técnica - Nissan Frontier S
MOTOR | dianteiro, longitudinal, quatro cilindros, 16 válvulas, 2.298 cm3, duplo comando, turbo, diesel |
POTÊNCIA/TORQUE | 160 cv a 3.750 rpm/ 41 kgfm de 1.500 a 2.500 rpm |
TRANSMISSÃO | câmbio manual de 6 marchas, tração 4x4 com reduzida e bloqueio de diferencial |
SUSPENSÃO | independente braço duplo na dianteira e eixo rígido multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | ferro aro 16" com pneus 255/70 R16 |
FREIOS | discos na dianteira e tambores na traseira, com ABS; |
PESO | 2.030 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES |
comprimento 5.264 mm, largura 1.850 mm, altura 1.826 mm, entre-eixos 3.150 mm |
CAPACIDADES | tanque 80 litros, 1.005 kg na caçamba |
PREÇO | R$ 137.550 |
MEDIÇÕES MOTOR1 | ||
---|---|---|
Nissan Frontier 2.3 MT6 | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h | 5,1 s | |
0 a 80 km/h | 8,5 s | |
0 a 100 km/h | 13,0 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em 3a | 9,5 s | |
80 a 120 km/h em 4a | 8,8 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 43,2 m | |
80 km/h a 0 | 27,6 m | |
60 km/h a 0 | 15,2 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 11,5 km/l | |
Ciclo estrada | 15,3 km/l |
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