Já dirigimos: Novo Audi Q3 esbanja estilo e tecnologia
Segunda geração do SUV compacto da Audi não é apenas um VW Tiguan de luxo
Após um Q5 com desenho conservador, a Audi parece ter se inspirado mais neste novo Q3 - basta observar pelas fotos como o SUV compacto alemão ficou muito mais agressivo e belo. A segunda geração do SUV começará a ser vendida em novembro na Europa, chegando ao Brasil em 2019. Participamos do lançamento internacional, na Itália, e já dirigimos as versões com motor 1.5 TFSI de 150 cv e câmbio automatizado S-tronic e 2.0 turbodiesel de 150 cv com câmbio manual.
Clint Eastwood
Antes do jantar com a imprensa, o designer Matthias Fink me explicou como desenhou o novo Audi Q3. Muitas de suas linhas vieram do Q2 (também feito por ele), como as colunas C grossas. Mas os faróis e lanternas pequenas, além da grade octagonal, agora são mais chamativas nos novos modelos da linha Q do que nos sedãs e peruas da Audi.
Gosto bastante da assinatura de luz sofisticada dos novos Audi. Então perguntei à Fink se ele tem um nome para os faróis. “Não há um nome oficial”, explicou o designer, “ mas às vezes eu chamo de cara de Clint Eastwood”. Eu entendo o que ele quer dizer: o ator encara seus oponentes com concentração, formando dobras embaixo do olho, e o SUV tem uma aparência semelhante. O mesmo acontece com as lanternas na traseira.
Acho o visual do novo Q3 um sucesso, com exceção da enorme grade frontal, que não faz o meu estilo. Quando olho para o porta-malas, porém, percebo que a linha de cintura imitando cupês tem suas desvantagens: limita a capacidade do compartimento.
Tiguan de luxo?
Comparado ao seu predecessor, o novo Q3 tem bem mais espaço interno, graças aos 10 centímetros extras de comprimento, beneficiando os passageiros do banco traseiro. Além disso, o porta-malas pode carregar 200 litros mais do que antes. Será que a Audi ouviu as críticas dos clientes e dos jornalistas? Para ser honesto, acredito que é uma consequência da plataforma maior (a famosa MQB do Golf). O Q3 é basicamente a mesma coisa que o Tiguan (na versão normal para a Europa, não a Allspace vendida no Brasil), só que com o símbolo com quatro anéis. Com 4,48 metros de comprimento e entre-eixos de 2,68 m, o Q3 é do tamanho do SUV da VW, com alguns milímetros de diferença.
Claro que tem suas diferenças. O porta-malas do Q3 tem espaço máximo de 1.530 litros, enquanto o Tiguan, com sua traseira mais quadrada, tem espaço para 1.655 litros. "A Audi é a marca mais esportiva do Grupo Volkswagen, se deixar a Lamborghini fora da conta", diz Fink. O que ele quer dizer é que os clientes do Tiguan procuram por versatilidade e espaço, enquanto os da Audi estão mais preocupados com design e prestígio. De qualquer forma, o Q3 tem porta-malas entre 530 l e 675 litros, dependendo da posição do banco traseiro corrediço - sistema que a Audi pegou do VW Tiguan. Uma pessoa de 1,75 m de altura pode deslizar o banco traseiro para a posição mais à frente e ainda consegue ficar sentado sem bater os joelhos nos bancos da frente.
Tecnológico
Uma das inovações do novo Q3 está em sua cabine, onde o SUV da Audi mostra que é bem diferente do Tiguan. Logo salta aos olhos a parte do painel revestida em Alcantara, que vai te fazer passar o dedo imediatamente para sentir o material. O interior estará disponível em várias cores, incluindo cinza claro, bege e até laranja. Mas o que eu realmente gostei foi o pequeno detalhe do lado do passageiro: o logo quattro que brilha no escuro. Parece bobagem? Talvez, mas eu nunca tinha visto algo assim em um carro e é por isso que compramos um Audi, pelos pequenos detalhes chiques.
Assim como os demais carros da Audi, o novo Q3 vem com o painel de instrumentos digital em todas as versões - ou seja, nada mais de contadores analógicos. Oferece uma série de vantagens para o cliente, por ser bem chamativo e cheio de informações, e também para a Audi, que agora economiza uma grana sem precisar de instrumentos diferentes para as versões diesel e gasolina, ou para mercados diferentes como Europa e EUA. Basta mexer no software que está resolvido.
A propósito, a Audi não chama mais essa tela de "Virtual Cockpit", porque agora é oferecida em três versões. A mais básica é chamada "Digital cockpit" e tem uma tela de 10,25 polegadas, o mesmo tamanho utilizado no Vw Polo. Só que é de série no Audi. Logo acima está a versão MMI Radio Plus, com a mesma tela de 10,25 polegadas, mas com funções como mostrar informações das músicas e, por um valor a mais, apresenta também os dados da navegação por GPS. E o modelo topo de linha, chamado Virtual Cockpit Plus, tem tela de 12,3 polegadas, com todas as funções possíveis.
Já a central multimídia no meio do console central tem duas versões: 8,8" e 10,2". Os carros do test-drive, como esperado, estavam com o Virtual Cockpit Plus de 12,3" e a central multimídia de 10,2". A iluminação dos dois displays é inacreditável, especialmente quando mostra imagens 3D de satélite (feitas pelo Google Earth), que são um verdadeiro banquete aos olhos, especialmente quando andamos na região montanhosa de Dolomites (Itália).
Além disso, o novo Q3 é equipado com faróis LED de série. A lista de assistentes de condução tem poucas novidades em comparação ao Q7 (o maior e mais carro SUV da marca). Conta inclusive com visão 360° por câmeras, ajudando a não ralar as rodas quando for estacionar.
Como anda?
Agora vamos falar da parte mecânica do Q3. Ele terá três motores a gasolina: 1.5 TFSI de 150 cv e 2.0 TFSI nas versões de 190 cv e 230 cv, e apenas uma diesel, o 2.0 TDI de 150 cv (futuramente terá uma variante de 190 cv). Suspeitamos que ainda deve receber o motor 2.0 TDI de 240 cv do Tiguan e uma versão RS com o 2.5 turbo de cinco cilindros.
O primeiro modelo que andei foi o Q3 2.0 TDI de 150 cv, tração nas quatro rodas e câmbio manual. É um motor bem conhecido pelos fãs da marca na Europa, então não esperava nenhuma surpresa. Logo vi que a combinação pode ser bem irritante. Se usar o acelerador quando o motor está em giro baixo, praticamente nada acontece. De acordo com os dados oficiais, o torque máximo de 34,6 kgfm é alcançado a 1.750 rpm. Na vida real, há um limbo abaixo dos 2.000 rpm e precisa pisar fundo no acelerador para que faça alguma diferença. Nas espetaculares subidas sinuosas dos Dolomites, os 34,6 kgfm de torque são um cachorro que ladra mas não morde. Daniel Byner, gerente técnico de projeto, diz que o motivo disso é a otimização para eficiência e as novas regras de emissões para a Europa. Deveríamos culpar o sistema de purificação de óxido de nitrogênio? A Audi diz que não, mas não explica a razão.
Aparentemente, é um problema específico do modelo diesel. Bastou começar a dirigir o Q3 1.5 TFSI de 150 cv e câmbio S-tronic de dupla embreagem para perceber que é bem melhor. O SUV anda bem abaixo de 2.000 rpm, embora a força inicial não seja tão alta por conta do torque mais baixo, de 25,5 kgfm. Ainda assim, prefiro o motor a gasolina.
Não tenho do que reclamar sobre o chassi e a dirigibilidade. Todavia, notei que a alavanca do câmbio manual é muito longa, então a posição para segurar é um pouco alta. Os bancos esportivos não ofereceram muito suporte lateral para minhas costas, especialmente nas curvas mais fechadas e para quem vai no banco do passageiro - o motorista acaba mais apoiado por conta do volante. Também fiquei decepcionado com os botões do volante multifuncional, que substituem os controles giratórios. O acabamento em cinza escuro fosco não combina com o preto brilhante de seu contorno.
Um detalhe sobre a tração nas quatro rodas. A Audi diz que é permanente, mas o sistema não distribui a força sempre na mesma proporção para os eixos (como os carros da Subaru), usando uma embreagem multidiscos controlada eletronicamente. Ela envia a força para onde é necessário, dependendo da situação. "Permanente" significa que não irá desativar completamente a tração traseira, o que normalmente ajudaria a economizar combustível.
No Brasil em 2019
Os preços oficiais do Audi Q3 ainda não foram divulgados. Pelo menos a marca de Ingolstadt anunciou que partirá de 33.500 euros na Alemanha. Este valor deve ser cobrado pela versão com motor 1.5 TFSI de 150 cv, tração dianteira e câmbio manual. Fica difícil não comparar com o VW Tiguan, seu irmão de plataforma, que já está à venda e custa cerca de 5 mil euros a menos. Claro, não tem faróis em LED ou painel de instrumentos digital. E o Audi é um carro premium, competindo com outros carros caros como BMW X1 e Volvo XC40.
Para o mercado brasileiro, a Audi ainda não divulgou nada sobre a estreia do novo Q3. Mas, sabendo que o SUV atual é o modelo mais vendido da marca por aqui com boa margem, então não será surpresa se a nova geração for um dos destaques da empresa no Salão do Automóvel, em novembro.
Fotos: divulgação
Galeria: Audi Q3 2019 - Avaliação na Itália
Audi Q3 35 TFSI S-tronic
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