A expectativa pelo desempenho do Compass 2.0 Flex era tanta que comecei a primeira avaliação dele já dizendo que não havia motivo para temê-lo, pois ele é bem mais agradável de dirigir que o Renegade 1.8 Flex. Nada como ter, no entanto, os números de teste para confirmar a (boa) impressão deixada pelo test-drive inicial. Por isso, agora avaliamos por completo a versão de entrada Sport, tabelada a R$ 99.990, que deverá atrair não só pelo motor Tigerskark de 166 cv como também pela boa relação custo-benefício.

 

Jeep Compass Sport Flex

 

Vejamos: a R$ 100 mil, o Compass pode ser chamado de SUV médio. Esta versão Sport entra na seara de rivais menores, embora mais equipados, como o Honda HR-V EXL e o próprio Renegade Limited. Simples, sim, mas sem deixar nada de (muito) importante de fora. O Compass Sport vem de série com ar-condicionado (incluindo saídas para o banco traseiro), direção elétrica, volante com comandos do som e piloto automático, conjunto elétrico, rodas de liga leve de aro 17", faróis de neblina, sensor de estacionamento traseiro, luz de condução diurna, monitoramento da pressão dos pneus, freio de estacionamento elétrico e central multimídia com tela de 5" que agrega GPS e câmera de ré, entre outros itens.

Claro que algumas coisas ficaram mais simples nesta versão, como as maçanetas e retrovisores sem pintura ou os bancos de tecido. Mas não é nada que faça realmente falta. O mesmo vale para o ar analógico, que deixa o visual interno mais pobre, mas esfria a cabine do mesmo jeito. Já a tela da multimídia é menor que a de muitos smartphones, mas ao menos o sistema tem funcionamento intuitivo e tela sensível ao toque. Por fim, o tecido dos bancos não tem o requinte do couro, mas é agradável ao toque e aparenta qualidade.

Por falar em qualidade, o Compass fica bem na foto com seu painel de material emborrachado e as peças bem montadas, sem vão aparentes. Os painéis das portas dianteiras também são macios ao contato com o braço. Os bancos são grandes e bastante cômodos, mesmo atrás, onde os passageiros desfrutam de bom espaço para as pernas e cabeça. Há cintos de três pontos e apoio de cabeça para todos os ocupantes, além de fixação Isofix para cadeirinhas infantis. Já o porta-malas é apenas razoável, de 410 litros, mas poderia ter a tampa um pouco mais leve para fechar. Ao menos traz ganchos para amarração de bagagens.

 

Jeep Compass Sport Flex

 

Em movimento, gostei mais desse Compass Flex do que do diesel. Explico: prefiro motores elásticos, e o 2.0 16V Tigershark responde bem das 2.000 rpm (onde entrega 86% dos 20,5 kgfm de torque) até as 6.500 rpm. Além disso, o câmbio automático de seis marchas que o acompanha não fica fazendo mudanças a toda hora como a transmissão de nove velocidades que serve à versão diesel. Por fim, o Compass Flex tem a dianteira mais leve e a altura do solo um pouco menor, o que fez ele receber uma calibração mais macia da suspensão. Em pisos ruins, é notável como ele absorve melhor os impactos do que o Trailhawk, versão mais alta e rígida. 

Sendo assim, o Compass Sport se apresenta como bom companheiro diário. Oferece excelente posição de dirigir (volante ajustável em altura e profundidade), com boa visão do trânsito à frente, e supera sem dramas toda sorte de obstáculos urbanos com sua suspensão parruda (independente nas quatro rodas) e 20,6 cm de altura livre do solo. Na estrada, viaja bem postado e transmite segurança em desvios rápidos e curvas fechadas, sem deixar que a carroceria incline em demasia. Para completar, é suficientemente silencioso a bordo, com boa vedação contra ruídos de vento e rodagem. A 120 km/h em sexta marcha, o motor gira a cerca de 2,5 mil rpm.

Pisando um pouco mais, o ronco do Tigerskark se transforma ao passar das 4 mil rpm: fica mais encorpado e levemente esportivo, até surpreendendo para um SUV - vale lembrar que este motor veio de um sedã, o Dodge Dart. As trocas não têm a mesma suavidade da caixa de nove marchas da versão diesel, mas, apesar de serem mais sentidas, as mudanças não incomodam. As borboletas atrás do volante para trocas manuais só são oferecidas a partir da versão Longitude.

 

Jeep Compass Sport Flex

 

Nas medições, o Compass mostrou que a opção da FCA pelo motor importado do México foi acertada. Na aceleração de 0 a 100 km/h, o Sport cravou 11,6 segundos - apenas 0,1 s a mais que a versão Trailhawk 2.0 turbodiesel testada anteriormente. E chegou a ser mais rápido na retomada de 80 a 120 km/h, com 8,8 s, contra 8,9 s do diesel. Só perdeu na retomada de 40 a 100 km/h, por mérito dos 35,7 kgfm de torque do motor Multijet 2.0 TD. Ponto negativo ficou por conta das frenagens: mesmo sendo o mais leve dos Compass, o Sport precisou de longos 44,8 metros até parar completamente, quando vindo a 100 km/h. Um pouco mais de potência na resposta do pedal também seria bem-vinda.

Como esperado, o consumo também não se revelou motivo de orgulho para o Tigershark, pelo menos não ao puxar um SUV de 1,5 tonelada. Abastecido com etanol, o novo Jeep registrou em nossas medições as médias de 5,5 km/l na cidade e 8,0 km/l na estrada - números próximos aos 5,5 km/l e 7,2 km/l, respectivamente, divulgados pelo Inmetro.

Após a semana de testes, o Compass Sport confirmou o que a gente já pensava dele: é um SUV 4x2 na medida, sem mais nem menos. A dúvida sobre a compra dele paira mais sobre rivais de outras categorias, como alguns sedãs e hatches médios, do que por conta de algum concorrente direto. É o melhor SUV que R$ 100 mil podem comprar.      

PRÓS

  • Construção de SUV inclui carroceria rígida e suspensão parruda, boa de buraco e macia nos obstáculos.
  • O espaço interno é amplo, tornando-o uma opção mais familiar do que os SUVs compactos.
  • O motor 2.0 Tigershark entrega desempenho a contento e, de brinde, um ronquinho gostoso em altas rotações.
  • Mesmo na versão de entrada,o Compass tem painel de espuma injetada e um quadro de instrumentos vistoso, com informações como pressão dos pneus e velocímetro digital, entre outras.  
  • Não chega a ter o desempenho de um sedã 2.0, mas andou praticamente na mesma toada da versão diesel, bem mais cara. 

 

Jeep Compass Sport Flex

 

CONTRAS

  • A arquitetura de SUV de verdade deixa o Compass um tanto pesado, com 1.527 kg nesta versão menos equipada. 
  • Por seu porte e espaço interno, o porta-malas do Compass poderia ser maior.
  • Uma espécie de lábio plástico na parte inferior do para-choque dianteiro raspa com facilidade em saídas de garagem, uma vergonha para um "jipão". 
  • O motor 2.0 não faz milagre em consumo. Ele bebe bem na cidade, principalmente quando abastecido com etanol.
  • A central multimídia de 8,4" das versões mais caras poderia ser oferecida como opcional, assim como os bancos de couro. 
  • Vem apenas com os airbags frontais. O outros cinco (incluindo um para os joelhos do motorista) estão num pacote que custa R$ 3.200.   

Fotos: Leonardo Fortunatti

JEEP COMPASS SPORT

MOTOR dianteiro, transversal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.995 cm3, duplo variador de fase, flex
POTÊNCIA/TORQUE 159/166 cv a 6.200 rpm / 19,9/20,5 kgfm a 4.000 rpm
TRANSMISSÃO automática de 6 marchas; tração dianteira
SUSPENSÃO independente McPherson na dianteira e na traseira
RODAS E PNEUS alumínio de aro 17" com pneus 225/60 R17
FREIOS discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira com ABS e ESP
PESO 1.527 kg em ordem de marcha
DIMENSÕES comprimento 4.416 mm, largura 1.819 mm, altura 1.638 mm, entre-eixos 2.636 mm, altura livre do solo 210 mm
PORTA-MALAS 410 litros
PREÇO  R$ 99.990

MEDIÇÕES MOTOR1 BRASIL

Aceleração
0 a 60 km/h 5,2 s
0 a 80 km/h 8,0 s
0 a 100 km/h 11,6 s
Retomada
40 a 100 km/h em D 11,4 s
80 a 120 km/h em D 8,8 s
Frenagem
100 km/h a 0 44,8 m
80 km/h a 0 28,1 m
60 km/h a 0 15,7 m
Consumo
Ciclo cidade 5,5 km/l
Ciclo estrada 8,0 km/l

Galeria: Jeep Compass Sport Flex Teste Brasil

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