Volta rápida JAC T5 CVT: O problema são os outros
SUV chinês aposta em câmbio automático pelo preço da versão manual
Se atravessar a crise não está sendo fácil para as marcas já bem estabelecidas por aqui, pior ainda para as chinesas. E para sobreviver num cenário tão adverso, a estratégia da JAC é apostar suas fichas nos SUVs. Principalmente no T5, que briga no segmento mais quente do mercado, onde estão EcoSport, Duster, Kicks e HR-V, entre outros rivais.
Importado da China, o T5 chegou ao Brasil em fevereiro deste ano. Desde o lançamento, a marca vem prometendo a versão automática, promessa finalmente cumprida com a chegada do T5 CVT pelo preço promocional de R$ 69.990 - mesmo valor da versão de topo com câmbio manual. Crucial no segmento de SUVs compactos, o câmbio automático responde por mais de 75% das vendas, em média. Diante da demanda, a marca espera elevar as vendas atuais para cerca de 300 unidades mensais.
Durante a apresentação do T5 CVT, Sergio Habib, presidente da JAC Motors no Brasil, fez várias comparações com os demais rivais, enfatizando a relação custo-benefício do SUV chinês, usando como referência o recém-lançado Nissan Nicks, que possui porte e equipamentos semelhantes, mas custa R$ 20 mil a mais.
“Para realizar esse lançamento, conseguimos posicionar o T5 CVT numa faixa de preços em que competem apenas concorrentes de entrada e com câmbio manual. Numa comparação direta com um dos principais players do segmento, o T5 é mais equipado e custa R$ 20 mil a menos! Temos grandes expectativas de vendas com esse carro”, aposta Habib.
Ainda falando sobre equipamentos, vale lembrar que o SUV compacto chinês possui comodidades como luzes diurnas de LED, ar-condicionado automático, sistema multimídia com tela de 8" e conectividade com smartphones (mirror link) e câmera de ré. Além disso, ele vem com freios a disco nas quatro rodas, vidros, travas e retrovisores elétricos, alarme, Isofix, sensor de estacionamento, direção elétrica, faróis de neblina (dianteiros e traseiro), regulagem elétrica dos faróis e banco do motorista com regulagem de altura.
No quesito segurança, destaque para a presença de itens como cinto de segurança de três pontos para todos os ocupantes, monitoramento de pressão dos pneus (TPMS), assistente de frenagem, controles de tração (TCS) e estabilidade (ESP), assistente de partida em rampas e pedal inteligente de freio (BOS), que anula a aceleração quando os dois pedais são pressionados simultaneamente.
Embora não seja mais novidade, vale salientar que o interior do T5 causa boa impressão. Agrada pela percepção de qualidade e evolução no nível dos materiais empregados. Outro detalhe é que o quadro de instrumentos já não apresenta mais o problema de iluminação fraca como na J6, por exemplo.
Após a apresentação do modelo em São Paulo, saímos para um test-drive até Campinas, no interior do estado. No percurso, rodamos muito pouco na cidade e aceleramos o T5 CVT na maior parte do tempo na rodovia dos Bandeirantes. Logo de cara, o T5 agradou pelo nível de conforto e baixo ruído na cabine.
O acerto de suspensão ainda requer ajustes, mas está um nível acima dos demais JACs. É razoável em filtrar as imperfeições do piso, sem ser exageradamente molenga. Já a direção elétrica é bem leve para manobras e no uso urbano, mas na estrada poderia ser mais rápida e comunicativa.
Novidade do dia, o câmbio automático é do tipo CVT e foi bem adaptado ao motor 1.5 litro. Na cidade, a versão dá conta do recado, enquanto na estrada é necessário dosar o pé nas ultrapassagens: se pisar fundo a rotação vai lá em cima e o motor "grita" pra valer.
A soma de câmbio CVT, motor 1.5 litro e mais de 1.230 kg inevitavelmente acaba penalizando as retomadas, embora a JAC tenha feito o possível, dentro das limitações do conjunto. No mais, em velocidades de cruzeiro, trafega-se com agradável silêncio interno, sendo que a 120 km/h o motor "sussurra" a 2.500 rpm.
No fim das contas, o T5 CVT acaba sendo a grande aposta da JAC. Colocando prós e contras na balança, o SUV mostra que a marca chinesa tem feito a lição de casa. O problema são os outros: o segmento está bombando de novidades que, embora mais caras, são de marcas que têm maior confiança do consumidor.
Prós:
- Com entre-eixos de 2,54 metros, o espaço interno é adequado para cinco adultos, com espaço "honesto" para o ocupante do banco central traseiro.
- O porta-malas tem capacidade para 600 litros, medidos pelo padrão norte-americano, que leva em conta o espaço até o teto. Pelo padrão usado no Brasil é menos, mas ainda assim é um dos destaques do utilitário.
- Recheado, o T5 vem equipado com itens desejados como controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, freios a disco nas quatro rodas, monitor de pressão dos pneus, multimídia com tela de 8" e espelhamento, sensor de estacionamento, entre outros.
- Considerando a oferta de equipamentos, o preço sugerido de R$ 69.990 é competitivo e o coloca no patamar das versões de entrada dos rivais.
- Boa percepção de qualidade e evolução nos materiais de acabamento, aliado ao bom isolamento acústico e suspensão macia garantem o conforto dos ocupantes.
Contras:
- Apesar de bem ajustado ao motor 1.5, o câmbio CVT aliado ao peso de 1.230 kg do utilitário cobram o preço nas retomadas.
- Leve e eficiente em manobras no uso urbano, a direção poderia ser mais firme e comunicativa em velocidades de viagem.
Por Julio Cesar, de Campinas (SP)
FICHA TÉCNICA; JAC T5 CVT
MOTOR | dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 16 válvulas, comando variável de válvulas, 1.499 cm³, flex |
POTÊNCIA/TORQUE | 125/127 cv a 6.000 rpm / 15,5/15,7 kgfm a 4.000 rpm |
TRANSMISSÃO | automático do tipo CVT |
SUSPENSÃO | independente McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
RODAS E PNEUS | liga leve aro 16" com pneus 205/55 R16 |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e ESP |
PESO | 1.230 kg, em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.325 mm, largura 1.765 mm, altura 1.660 mm, entreeixos 2.560 mm |
PORTA-MALAS | 600 litros (até o teto) |
PREÇO | R$ 69.990 |
Galeria: JAC T5 CVT
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