Quanto mais os sistemas de assistência à condução ganham espaço no mercado automotivo, mais os motoristas abusam das funcionalidades dos recursos para se envolver em ações não relacionadas à direção. Pelo menos é que dizem os pesquisadores do Insurance Institute of Highway Safety (IIHS), que conduziram amplo estudo nos Estados Unidos ao longo dos últimos anos com a participação de 29 pessoas.
De acordo com o levantamento, o uso contínuo de tecnologias de condução tem aumentado atividades de distração em pelo menos 30%. Entre os descuidos citados, o estudo diz que os motoristas desviam o foco para cuidados com higiene, alimentação e uso de celular, além de ações que exigem alguma forma de atividade manual. Não obstante, o uso contínuo também faz com que os motoristas aprendam a frequência dos alertas, de modo a respondê-los apenas o suficiente para que não continuem sinalizando.
"Esses resultados são um bom lembrete da maneira como as pessoas aprendem", disse o presidente do IIHS, David Harkey. "Se você os treinar para pensar que prestar atenção significa colocar as mãos no volante a cada poucos segundos, então é exatamente isso que eles farão. Em ambos os estudos, os motoristas adaptaram seu comportamento para se envolver em atividades de distração. Isso demonstra por que os sistemas de automação parcial precisam de salvaguardas mais robustas para evitar o uso indevido", completou.
"Alguns motoristas podem achar que a automação parcial torna as viagens longas mais fáceis, mas há pouca evidência de que isso torna a direção mais segura", explicou.
Os veículos usados no estudo foram um Volvo S90 2017 com Pilot Assist e um Tesla Model 3 2020 com Autopilot. O IIHS observa que o Volvo foi atualizado duas vezes durante o estudo para fazer melhorias no sistema. Ambos exigem que os motoristas mantenham as mãos no volante o tempo todo.