Tudo começou com a Royal Enfield. A marca indiana se estabeleceu por aqui - pela segunda vez, diga-se a verdade - em 2017. No final de 2022, foi a vez da Bajaj chegar ao Brasil. Até mesmo a TVS está presente por aqui, ainda que por um confuso esquema de produto licenciado e oferecido pela Mottu como Sport 110i. O que elas têm em comum? São as principais montadoras da Índia, um dos maiores mercados de duas rodas do mundo.
As três, de uma forma ou outra, contam com montagem no Brasil, com os modelos recebendo peças importadas da Índia e finalizados nas linhas de Manaus (AM). Mas ainda não havia uma confirmação oficial para a Hero, a única das gigantes indianas que ainda não tinha dado pistas sobre uma possível chegada ao mercado brasileiro.
Planos de investimento da Hero em fábrica no Brasil
Um relatório de resultados do segundo trimestre de 2024 distribuído aos investidores da Hero MotoCorp revelou algo interessante para o Brasil. No campo dedicado aos destaques da empresa no período, foi informada a inauguração de uma linha de montagem no Nepal em conjunto com a CG Motors e também o anúncio dos preparativos para uma unidade produtiva para veículos de das rodas no Brasil.
A diferenciação entre estes dois pontos é importante. A operação no Nepal é claramente uma unidade pensada apenas para a montagem das motos da marca com peças importadas da Índia. A operação brasileira, da forma com a qual foi escrita no relatório, leva a crer que a Hero já quer entrar no Brasil com uma fábrica de fato. Hoje, a Royal Enfield e a Bajaj operam em regime CKD em Manaus, com peças importadas e montagem final no Brasil.
A Bajaj deu início às operações de sua linha de montagem nacional em junho, antecipando uma capacidade para 20.000 unidades anuais. Já a Royal Enfield monta suas motos na planta da Dafra na capital amazonense por meio de uma parceria.
Hero Splendor+
Na Índia, Hero faz até Harley-Davidson
Para situar bem a Hero, vale colocá-la como uma rival mais direta da Bajaj e da TVS do que da Royal Enfield, que foca em motos de 350 a 750 cilindradas. As outras três oferecem na Índia um grande portfólio de modelos dos mais variados tipos, incluindo ciclomotores, motonetas e motos urbanas, como scooters pequenas.
Um dos modelos da Índia que vale destacar é a pequena Splendor+. A moto tem vocação urbana e um motor de um cilindro já com injeção eletrônica capaz de entregar 8 cv de potência. Apesar de simples, a moto da Hero já oferece start-stop para ajudar na economia de combustível. O mais interessante mesmo é seu preço: na Índia parte de 75.441 rúpias indianas, cerca de R$ 4,9 mil.
Hero - Harley-Davidson X440
Hero Mavrick 440
Mas a Hero também é responsável por algo improvável: na Índia, ela fabrica e vende um modelo da Harley-Davidson. É X440, moto que não é oferecida em nenhum outro lugar do mundo. Harley e Hero possuem um acordo para tal, que incluiu o desenvolvimento em conjunto de um modelo "gêmeo" da indiana, a Mavrick 440. As duas usam usam o mesmo motor monocilíndrico de 440 cm3 cúbicos entregando 28 cv de potência.
O torque muda um pouco entre as duas, com a da Harley tendo 3,8 kgfm e a Hero 3,6 kgfm. Outra diferença mais fundamental é que apenas a X440 tem suspensão dianteira com garfo invertido e rodas de liga leve em todas as versões. A Mavrick 440 usa garfo convencional e sua versão de entrada tem rodas raiadas.
Hero Karizma XMR 210
A Hero também tem na Índia diversas opções no segmento de 160 cilindradas, o que a colocaria para brigar de frente com a moto mais vendida do Brasil: a Honda CG 160. Para quem quiser algo com proposta mais esportiva, também existe a Karizma XMR 210 carenada.