A Nissan pode ser a primeira fabricante japonesa a abandonar completamente o desenvolvimento de motores a combustão para os mercados globais. De acordo com uma reportagem do jornal Nikkei, a empresa irá focar em sua estratégia de carros elétricos e só fará motores convencionais em alguns países específicos, como Estados Unidos; e para picapes.

De acordo com o Nikkei, um dos maiores jornais de economia do mundo e geralmente uma fonte bem confiável sobre o que acontece no Japão, a Nissan não só teria tomado esta decisão como também já fez algumas mudanças. A fabricante nipônica teria encerrado os trabalhos para motores que seriam usados no mercado europeu, pois adequar-se às regras de emissões do Euro 7 seria um desafio muito grande. A empresa teria então determinado que as novas normas aumentariam muito o custo de pesquisa e desenvolvimento para criar motores a gasolina e diesel para a região.

A reportagem ainda diz que a Nissan irá gradualmente encerrar o desenvolvimento de motores a combustão para China e Japão. Todos os esforços serão voltados para atualizar e melhorar os motores atuais, principalmente aqueles que são utilizados em veículos híbridos. Fontes "familiarizadas com os planos da empresa" disseram ao Nikkei que nenhuma fábrica de motores será fechada, então nenhum funcionário será demitido.

No caso dos Estados Unidos, o jornal afirma que a Nissan manterá os trabalhos para novos motores a gasolina para picapes e SUVs, onde ainda há uma demanda por modelos não-eletrificados. Porém, a fabricante iria reduzir significantemente seu investimento atual em pesquisa e desenvolvimento de motores, que atualmente é de aproximadamente 500 bilhões de ienes (R$ 22,8 bilhões). Boa parte da economia feita com esta mudança de estratégia iria para o desenvolvimento de veículos elétricos e suas motorizações.

Resta saber como isto irá afetar o Brasil. Há anos a Nissan trabalha com poucas opções de motores no país, focando principalmente no 1.6 aspirado que equipou os nacionais March, Versa e Kicks. Mesmo o novo Versa, importado do México, ainda utiliza este propulsor. Apenas o Sentra contava com um motor diferente, um 2.0 aspirado; e a picape Frontier com o 2.3 turbodiesel.

Em 2020, durante uma entrevista à Motor1.com, o então presidente da Nissan, Marco Silva, revelou que a fabricante tinha planos de introduzir um motor turbo em sua linha nacional para atender as metas de eficiência do Rota 2030. O executivo revelou que seria algo usado pela Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, para diluir os custos de produção e atender mais modelos. O mais cotado seria o 1.3 turbo que a Renault começou a utilizar nos SUVs Captur e Duster, e que será produzido em São José dos Pinhais (PR) - atualmente, ele vem importado da Espanha.

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