Na primeira rodada da temporada 2021 de MotoGP, o piloto da Ducati Johann Zarco estabeleceu um novo recorde de velocidade máxima para a competição: 362 km/h. A essa velocidade, os pilotos cobrem 100 metros em um segundo. O piscar médio de um ser humano leva 0,15 segundos, então os pilotos que viajam a essa velocidade máxima ficam efetivamente cegos por quase 15 metros na pista toda vez que piscam.

Isso parece uma perspectiva aterrorizante para nós mortais, mas um estudo feito em parceria entre a equipe LCR Honda e a empresa farmacêutica italiana Sifi ajuda a explicar como os olhos dos pilotos de MotoGP funcionam em condições tão extremas. Conduzidos durante seis temporadas da MotoGP (2015-2021), os pesquisadores examinaram pela primeira vez Cal Crutchlow no GP de Valência de 2015. Em 2018, o colega de equipe Taka Nakagami juntou-se ao estudo, e em 2019, a pesquisa se expandiu para as categorias Moto2 e Moto3.

MotoGP Blinking Study - Taka Nakagami
MotoGP Blinking Study - Cal Crutchlow

Durante cada avaliação, os pilotos eram submetidos a testes antes da corrida e 30 minutos após a bandeira quadriculada. O método de teste revelou que os tempos de reação dos pilotos e o desempenho deles permanecem em "modo de corrida" por um período prolongado. Os pesquisadores também descobriram que os pilotos de MotoGP piscavam com muito menos frequência do que seus colegas de Moto2 e Moto3.

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Gráfico mostra o intervalo entre piscadas dos pilotos de cada categoria em segundos

No entanto, todos os pilotos facilmente excederam o intervalo normal de 4 a 6 segundos entre piscadas com os da Moto2 chegando a quase 50 segundos de intervalo conforme mostra a tabela acima. Apesar das condições estressantes, nenhum dos participantes apresentava olhos vermelhos, secos ou inflamados. Os resultados podem ser fascinantes, mas o co-proprietário da Sifi, Carlos Chines, acredita que este é apenas o início de um estudo mais amplo e de longo prazo.

"Basicamente, queremos continuar pesquisando as diferenças entre os olhos 'normais' e os dos pilotos de MotoGP", revelou Chines. "Também queremos investigar a relação entre concentração e taxa de piscadas. A partir destes resultados, esperamos entender se podemos trabalhar com pequenos truques, exercícios ou gotas oftalmológicas para combater a fadiga, olhos secos ou doloridos e a deterioração da visão".

É claro que os pilotos do Grand Prix já treinam física e mentalmente durante todo o ano. Armados com os dados e análises da Sifi, o treinamento visual pode se tornar uma parte disso. "Métodos explícitos de treinamento para os olhos estão sendo planejados para 2022 e 2023", acrescentou o Dr. Chines. "Além disso, geralmente queremos criar uma percepção diferente do 'cuidado com os olhos' na sociedade e sensibilizar as pessoas para a prevenção".

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