O agravamento da pandemia da Covid-19 ao redor do mundo já gerou diversas consequências para a indústria automotiva. No Brasil, por exemplo, medidas de segurança levaram algumas fabricantes a deixar de produzir com 100% de sua mão de obra em prol da saúde de seus funcionários, distribuindo férias coletivas e revezamento de equipes nas fábricas. Entretanto, tais medidas não estão sendo aplicadas com a população argentina.

Diferentemente do que ocorreu em abril de 2020 no país sul-americano, no qual foi registrado que nenhum veículo foi fabricado devido à rígida quarentena, o mês de abril de 2021 foi marcado por uma Resolução do governo argentino publicada no Diário Oficial da União na última sexta-feira (9), em que ordenaram por meio de decreto que todas as empresas e indústrias automotivas do país comecem a produzir com o máximo de sua capacidade.

Renault Alaskan (Produção na Argentina)

A medida afeta diretamente os fabricantes de automóveis, que inclusive estão submetidos a receberem punições se descumprirem a liminar, e também as "empresas do setor industrial que faturam mais de 3.955.200.000 pesos argentinos por ano" (cerca de US$ 41 milhões), segundo cita o documento da Resolução. Este faturamento representa uma produção de cerca de 6.000 veículos por ano, um número que todos os fabricantes argentinos atualmente superam com folga.

O Governo informou que “o objetivo do regulamento é evitar, no contexto do agravamento da pandemia do Covid-19, uma redução injustificada da oferta de produtos para o mercado interno”. Todavia, os funcionários estão conscientes de que os fabricantes são os responsáveis ​​pela escassez, além de responsabilizá-los por meses pelo aumento da inflação.

O fechamento das importações e o aumento do dólar fez com que a demanda de veículos superasse a oferta, uma vez que os carros importados chegam cada vez em menor quantidade e diversas marcas já anunciaram o cancelamento de lançamentos previstos. Além disso, há o fato de que os poucos carros produzidos para o mercado interno já acumulam meses na lista de espera para serem entregues aos clientes.

Segundo o site Argentina Autoblog, fontes de terminais automotivos se contrapõem à análise do Governo: “Se não produzimos mais hoje, não é porque não queremos. É porque não temos os dólares nem as licenças de importação das peças necessárias para aumentar essa produção”. Outro diretor da indústria aind questionou: “Se produzirmos mais, mas não tivermos como terminar ou como colocar essa produção no mercado, quem pagará o custo extra de estoque parado e mão-de-obra extra que devemos contratar pra cumprir a capacidade máxima instalada que o governo ordenou?”

A indústria automotiva argentina produz, hoje, uma média de 40 a 70% de sua capacidade instalada, mas isso varia muito de um terminal a outro, com exceção da Toyota, que acumula 100% de sua produção em Zárate, província de Buenos Aires, mas que está atualmente cortou turnos de produção da Hilux e SW4, devido ao acúmulo de casos de funcionários infectados pelo coronavírus. 

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