As incertezas do Brasil com a economia e a situação do país com a pandemia de coronavírus continua a afetar a indústria automotiva. Na coletiva de imprensa sobre os resultados de junho, a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revela que o mercado teve o seu pior maio desde 1992 em emplacamentos, com 62,2 mil unidades licenciadas. E, neste ritmo, a perspectiva é que a indústria recue 40% nos emplacamentos em comparação a 2019, totalizando 1,60 milhão de carros e comerciais leves licenciados, um índice que não era visto desde 2005.

“Embora junho sinalize algum retorno mais efetivo às atividades, teremos sem dúvida o pior trimestre da história do setor automotivo”, lamenta Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. “Resta esperar por uma reação no segundo semestre capaz de evitar maiores danos à cadeia automotiva.”

Galeria: Fábrica Chevrolet São Caetano do Sul (SP)

Com concessionárias fechadas não só no Brasil como na Argentina, tanto a produção quanto as exportações despencaram. Embora a produção tenha subido de 1,8 mil unidades para 43,1 mil veículos de abril para maio, ainda é um valor 84,4% menor do que maio do ano passado e a Anfavea diz que é a menor quantidade para o mês desde 1985 - ainda assim melhor do que o de abril. As exportações chagaram ao ponto de apenas 3,9 mil veículos foram enviadas para fora do país, o que representa o pior resultado para o mês de maio em 42 anos.

Desta forma, a Anfavea fez uma análise de mercado seguindo os economistas, sinalizando uma queda entre 7,0% e 7,5% do PIB, e no índice de confiança. Antes, a associação previa um crescimento de 9,0% nos emplacamentos de carros e comerciais leves, alcançando o patamar de 2,9 milhões de unidades. Agora, a perspectiva é que a indústria feche 2020 com 1,60 milhões de veículos licenciados, o que é uma queda de 40%. Caso isso aconteça, será o pior resultado desde 2005, quando foram emplacados 1,61 milhões de unidades.

Apesar desta perspectiva, ela não é considerada a projeção oficial da Anfavea. A justificativa é a incerteza sobre o mercado. Mesmo com as concessionárias reabrindo e a volta da produção, o país continua a enfrentar a pandemia, o que pode afetar o funcionamento da indústria novamente. Além disso, a associação ainda espera por algumas medidas de incentivo por parte do governo, não só para o segmento automotivo, como também para controlar a volatilidade do câmbio em relação ao dólar.

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