A eletrificação é um caminho sem volta e até a Ferrari se rendeu à nova realidade. Eis o primeiro híbrido de verdade da marca: a Ferrari SF90 Stradale. Ao contrário da LaFerrari, que usava o motor híbrido para ter mais potência nas acelerações, além de ser uma versão limitada, a SF90 é um modelo de produção em série e que pode rodar no modo totalmente elétrico. Mesmo assim, será a Ferrari mais potente de todos os tempos, com nada menos que 1.000 cv à sua disposição, superando com facilidade os 963 cv da LaFerrari.
Revelada nesta quarta-feira pela marca italiana, a Ferrari SF90 Stradale utiliza o mesmo nome SF90 do carro da Fórmula 1 da temporada 2019, guiado por Sebastian Vettel e Charles Leclerc. O número "90" ainda é uma forma de celebrar os 90 anos da Scuderia Ferrari. A fabricante aproveitou a ocasião para apostar em seu primeiro híbrido plug-in, descrito pela empresa como um modelo que traz "uma ligação forte as Ferraris de pista e de rua", permitindo que possa "usar todo o conhecimento adquirido nas competições em seus carros de rua."
Vamos direto para o que interessa, que é o que está por baixo da carroceria da SF90 Stradale. Adota o motor 3.9 V8 biturbo, que recentemente foi escolhido como melhor motor de 2018. É o mesmo usado na F8 Tributo, mas com a potência elevada, passando dos 720 cv para 780 cv. Trabalha em conjunto com outros três motores elétricos, que geram mais 220 cv. A fabricante diz que, no caso da SF90, a potência combinada é a soma dos quatro propulsores sem qualquer perda, alcançando os 1.000 cv.
Um dos motores elétricos é um MGU-K (Motor Generator Unit Kinetic), semelhante ao da Fórmula 1, recuperando energia cinética para que seja reaproveitada nas acelerações. No caso do esportivo de rua, ele fica localizado entre o motor a combustão e a transmissão, na mesma altura que o eixo traseiro. Os outros dois motores elétricos ficam nas rodas dianteiras e são os únicos a trabalhar ao colocar o carro no modo 100% elétrico eDrive. Ele pode andar entre 25 km/h e 135 km/h, sem usar o motor a combustão.
Entre as escolhas de utilização do motor está o modo Hybrid, a opção padrão ao ligar o veículo e que combina todas as motorizações para alcançar o máximo de eficiência. O sistema de controle escolhe se é mais adequado ligar o V8 ou desativá-lo para usar os geradores elétricos, sempre procurando a melhor performance possível. No modo Performance, o V8 está sempre ligado para carregar as baterias de 7,9 kWh e, sempre que possível, usa a força elétrica. Por fim, o modo Qualify dá prioridade total ao desempenho e usa os 1.000 cv de forma constante.
A transmissão é outro destaque do carro. A caixa automatizada com dupla embreagem e 8 marchas recebeu uma nova relação, melhorando a eficiência e reduzindo o consumo de combustível em até 8%, porém, sem perder sua eficiência nas pistas. Ainda perdeu a marcha ré, usando apenas os motores elétricos para fazer a manobra.
Outras tecnologias inovadoras incluem o controle de estabilidade chamado eSSC, que permite gerenciar a distribuição de torque para as rodas em qualquer situação. O controle de tração eletrônico (eTC) otimiza a força entregue pelo V8 e pelos motores elétricos para as quatro rodas. Os freios usam um sistema brake-by-wire com ABS, para ajudar na regeneração de energia nas frenagens e melhorar o desempenho dos freios. Por fim, tem vetorização de torque, distribuindo a força entre as rodas nas curvas.
O novo chassi é uma combinação de diversos materiais e entrega uma rigidez maior sem aumentar o peso. Apesar dos 270 kg adicionados pela motorização híbrida, a SF90 Stradale tem um peso total de somente 1.570 kg, o que dá uma relação peso/potência de 1,57 kg/cv, um recorde para um carro de produção em série. A aerodinâmica da Ferrari foi desenvolvida para gerar um downforce de 390 kg quando estiver andando a 250 km/h. Um resultado impressionante, já que a fabricante teve que lidar com o trabalho de ter uma passagem de ar para resfriamento do motor, solucionado com as grandes entradas nas laterais. Para aumentar a eficiência, a Ferrari desenhou as rodas de forma a ajudar na passagem de ar, da mesma forma que é feito na Fórmula 1.
A SF90 Stradale foi feita pensando em baixar o seu centro de gravidade ao máximo, o que aumenta a sensação de esportividade do carro. O vidro traseiro é separado da grade do motor por dois painéis bem largos. Na frente, traz faróis em LED Matrix que formam um "C" em combinação às entradas de ar, enquanto a traseira usa lanternas redondas, mas que parecem ser retangulares por conta da borda iluminada.
No interior, a Ferrari explica ter adotado uma pegada futurista e que será a base para os próximos carros da fabricante. A maior parte dos controles está concentrada no volante, enquanto os botões restantes ficam voltados na direção do motorista. O painel de instrumentos usa uma tela de 16 polegadas. Todo o console foi feito para envolver o condutor e dar uma sensação de que está em um carro da Fórmula 1.
Usar o nome do carro da F1 não é tão simples, pois a SF90 Stradale terá que ter um desempenho próximo. E a Ferrari diz que o esportivo entrega, não só por seus 1.000 cv (mesma potência do modelo da F1), como também por sua performance. Com velocidade máxima de 340 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 2,5 segundos, é um carro que não só faz jus ao nome que carrega, como também nos faz lembrar que a Ferrari é uma fabricante que nasceu nas pistas.
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