Fernando Alonso tem sido um dos principais críticos da direção tomada pela Fórmula 1 nos últimos anos. Entretanto, o espanhol acredita que muitos dos problemas do regulamento atual, em vigor desde 2014, também afetavam o que muitos consideram o "período de ouro" da categoria: os anos 1980-1990, que tiveram Ayrton Senna e Alain Prost como seus principais nomes.

"A F1 era muito chata naquele tempo. Se você vê agora uma corrida de 1985, 1988 ou 1992, vai dormir durante a prova. A McLaren era muito forte, o quarto colocado estava uma volta atrás e a diferença entre os carros era de mais de 25 segundos. Além disso, dez carros não completavam a prova, pois a confiabilidade não era muito boa", disse.

"Os números de audiência e de público nas corridas caem agora, como naqueles chatos anos 1980, quando Senna, Prost e os demais economizavam pneus e combustível", afirmou. 

Para o espanhol, o auge da F1 aconteceu nos anos 2000, quando muitas fabricantes entraram na categoria.

"Creio que a F1 cresceu bastante naquela época, muitas montadoras entraram na categoria, como BMW e Toyota. A audiência da TV e o público nos autódromos estavam no máximo", comentou.

"Levamos a F1 para novos países - corremos na Coreia, na Índia, em Cingapura, fizemos duas corridas na Espanha - atingimos o máximo. Entretanto, não entendemos a situação, provavelmente. Os custos subiram demais, a tecnologia se tornou bastante complexa e algumas fabricantes saíram", acrescentou.

Alonso crê ainda que é comum que pilotos sejam vistos de modo mais positivo após se aposentarem. "Quando você para de correr, isso te transforma em um ídolo. Quando você está na ativa, você é criticado. Aconteceu com Felipe (Massa), com (Mark) Webber."

"Os pilotos dos anos 1980 são grandes campeões e idolatrados. Nesta geração, (Lewis) Hamilton e (Sebastian) Vettel são ídolos para as crianças que iniciam no kart agora."

O asturiano não escondeu também que a frustração com o regulamento atual é que não é possível explorar todo o desempenho que a atual tecnologia empregada na categoria disponibiliza. "Os recursos, os orçamentos destes times e a tecnologia que utilizamos permitem a estes carros serem máquinas fantásticas e provavelmente extrapolariam a física como conhecemos hoje. Entretanto, não sentimos isso. Temos um carro muito lento e sem aderência. Estamos em um monoposto, mas com a sensação de um GT."

Para 2017, Alonso se mostra otimista com a mudança de regulamento e acredita que os carros -  com mais aerodinâmica e com a previsão de serem cerca de cinco segundos por volta mais velozes - estarão mais ao gosto do espanhol.

"Creio que isso trará mais emoção e prazer ao guiar, pois sentiremos a aderência e poderemos forçar ao máximo nas curvas", completou.

Autosport / Matt Beer, Ian Parkes

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