H.O.G. 2015: de Goiás a São Paulo em sete Harley-Davidson!
Aprender é sempre bom: quando crianças nossos pais e parentes mais próximos são os mestres, quando entramos na escola aí vêm nossos professores... Mas são as experiências que formam o nosso juízo (ou a falta dele!), e nada como boas experiências para encararmos a vida de forma positiva. Participando pela segunda vez do National H.O.G. Rally, agora o de 2015, tive essa percepção que procuro passar à vocês.

No Brasil já são 15 mil e no mundo um milhão de integrantes que aproveitam o evento para colocarem as motos nas estradas, sozinhos ou acompanhados, e se encontrarem com amigos, conhecidos das últimas viagens ou com pessoas bem diferentes que têm algo em comum, para curtirem os momentos que o encontro proporciona. Para 2015 a Harley-Davidson escolheu Caldas Novas, maior estância hidrotermal do mundo situada no estado de Goiás, no coração do Brasil, com mais de 200 piscinas com temperaturas entre 38 e 42°C, uma população receptiva e diversos atrativos.

Num clima de muita descontração à beira das piscinas do di Roma Thermas Hotel, local do evento, e ao som de bandas de rock, os integrantes do H.O.G (Harley Owners Group) vindos de 60 municípios de diversas regiões do Brasil, comemoraram, a partir de 18 de abril, o primeiro dos três dias do encontro cujo tema foi “Welcome to Harley City”. No domingo pela manhã aconteceu o rally de regularidade com a participação de 50 motos, a maioria com piloto e navegador. A dupla que mais chamou atenção foi Maurício e Maria Eduarda, pai e filha com apenas 10 anos de idade, que acabou sendo a “estrela” na largada. Com a chegada do rally foi servido um churrasco à moda Harley, ou seja, com muito rock ao vivo. Pela tarde aconteceram os motor games com as provas de habilidade, onde alguns proprietários mostraram domínio das motos, e outros perceberam o quanto têm de aprender para andar no circuito proposto. Uma das provas é a de marcha lenta, na qual, num trecho reto, ganha o participante que chega em último lugar conduzindo a moto sem acelerá-la e desequilibrá-la.

“Uma noite em Nashville” foi o tema da festa country que aconteceu no Centro de Convenções do di Roma. No local saboreamos um delicioso jantar e, novamente à moda Harley, curtimos duas bandas - inicialmente a Venosa, cujo vocalista com ótima presença de palco atraiu a galera, e em seguida John Riggins, músico norte-americano de country rock famoso na cidade de Nashville, finalizando em ótimo clima com a plateia.

Na segunda, último dia do encontro, por volta das 10 h começou a concentração para o tradicional desfile das H.D. pela cidade, que contou com a participação de 464 motos. Durante uma hora, foi uma atração para os habitantes que, com acenos e fotografias, curtiram nossa passagem. De volta ao hotel nos reunimos para almoço e entrega da premiação para os três melhores nas provas do dia anterior. O destaque ficou para o segundo lugar do rally de regularidade para a dupla pai e filha, a “estrela” da partida, surpreendendo a todos os presentes.

À noite, no centro de convenções, foi realizado o jantar de encerramento com abertura feita pelo corpo executivo da H.D. Na sequência foi feita a entrega de placas em homenagem ao prefeito de Caldas Novas, Sr. Evandro Magal, que se impressionou com a fortaleza dos fãs da marca, à deputada federal Magda Moffato e aos representantes das concessionárias dos estados e diretores dos chapters (H.O.G. de cada uma delas). As de Recife e Belém foram duplamente homenageadas pela maior distância percorrida.

“Pegar a estrada” é sempre um prazer para os apaixonados por motocicletas e nos dois dias seguintes tivemos a oportunidade de percorrer cerca de 800 km, alternando na condução de sete modelos H.D. da linha 2015. No caminho conhecemos a revenda de Ribeirão Preto, que conta com um excelente bar temático, o Milwaukee American Bar. Os dois pertencem a um grupo de empresários da cidade e foram idealizados por seu diretor, Mauro Francisco, um “Harleyro” que, conversando conosco, me lembrou Walt Disney, um visionário que correu atrás do seu sonho, e o resultado, se já não é referência, vai virar.

E o que dizer dos brinquedos? Iniciei com a CVO Street Glide (Custom Vehicle Operation), uma Touring Street Glide de linha customizada na fábrica da H.D. na Pennsylvania. Por já ser fã da Street, só me rendi à beleza do conjunto e à qualidade do som que ouvi neste trecho de 141 km, além de não ter dificuldade nenhuma de colocá-la em ponto morto na situação de anda e para - o que não acontecia na experiência anterior em que viajei 1000 km com uma. A moto não vibra, é estável e de ótima manobrabilidade e condução, quando em movimento.

Após a parada em Araguari, município de Minas Gerais, para almoço e abastecimento, fui novamente numa CVO, agora a Softail Breakout. Considerei uma moto para passeios ou autoestradas de curvas abertas, pois sua fortaleza é a estabilidade direcional. Seu motor trabalha entre 2 mil e 3.000 mil nas velocidades permitidas e o câmbio é preciso, mas identifiquei como pontos de melhoria a vibração sentida no guidão e o calor na perna direita. A leitura do único instrumento pede que você abaixe a cabeça, e quando em 6ª marcha um "seis" verde se acende na parte central ligeiramente à esquerda do instrumento. Ela conta com indicador de marchas comutável no hodometro, mas na parte inferior do velocímetro.

Após mais 140 km abastecemos em Uberaba, ainda no triângulo mineiro, e seguimos por cerca de 190 km até Ribeirão Preto, no estado de São Paulo. Neste trecho fui de Night Rod Special e de cara observei a faixa de limite de giro, 9.000 rpm. Liguei o motor: é outro ronco! E não resisti à tentação de dar uns “tirinhos” no caminho, que foram muito bem correspondidos, afinal, são 122 cv e 11,4 kgfm de torque. Seu motor trabalha entre 4 mil e 5 mil rpm nas velocidades de cruzeiro, e a meu ver a pegada é a mesma da Breakout. Ou seja, passeios e autoestradas com muita atenção aos radares e um ótimo capacete. O motor não vibra, o câmbio de cinco marchas é suave, a 5ª é longa, os freios são Brembo, e sua suspensão é firme sem deixar de ser confortável. A moto tem um bom posicionamento, boa manobrabilidade, e seu painel triplo conta com conta-giros, velocímetro e marcador de combustível - todos analógicos. O comando de setas é extremamente macio (o melhor de todas), ficando um senão para o calor do motor quando parada. Como beleza, ela decora qualquer ambiente como um belo quadro.

No dia seguinte tive de escolher entre duas de três motos que ainda não tinha andado. Optei pela Touring Ultra Limited, que para mim quebrou a hegemonia da Street Glide porque elas têm muito em comum, só que com melhor posicionamento do piloto, rodas menores e para-brisa maior. Seus retrovisores estão no guidão, oferecendo melhor visão. Além disso, ela "enxerga" melhor à frente com seus faróis de LED Daymaker e faróis de neblina também em LED que alcançam 140 metros à frente em linha reta, e se propagam em 180° cerca de 50 m. Esta é sem dúvida uma grande parceira para viagens, oferecendo tudo de bom para o garupa e porta-malas suficiente para a vaidade do piloto e/ou passageiro.

Após 200 km, no momento da troca, me lembrei do escritor e piloto Richard Bach, que resolveu trocar seu avião Fairchild com instrumentos de navegação por um biplano espartano e narrar suas aventuras vendo a terra de perto. Saí de uma “nave” e peguei uma Street Bob da família Dyna, a motocicleta minimalista da HD. Assim que entrei na estrada me lembrei de imediato do filme Easy Rider, pelo seu guidão alto, e saí cantarolando Born To Be Wild do Steppenwolf. Depois comecei a observá-la: gostei muito do ronco do motor e preferi olhar para as luzes de direção pela própria seta quando as acionei, pois as setas estão no nível do olhar do condutor. A moto é muito fácil de conduzir e manobrar pelas suas características e dimensões, e seu torque aparece em giro baixo. Fica um senão para o posicionamento do pé direito, que precisa ficar aberto para não descansar no pedal do freio traseiro. Uma chuva na chegada à São Paulo deu o tempero final ao estilo da Street. Só queria mais alguns quilômetros para andar no modelo Low Rider...

Realizar um encontro deste porte, fazer com que os proprietários troquem a sua moto usada e caiam na estrada com uma zero km, motivar grupos a viajar 10.000 km, conquistar a simpatia das cidades por onde o evento passa, entre outros feitos, demonstram a filosofia e a fortaleza de uma marca que têm como inspiração o prazer de pilotar uma motocicleta. Até a próxima!
Por Eduardo Silveira, de Caldas Novas (GO)
Fotos: autor e divilgação
Galeria de fotos: H.O.G. 2015












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