Não basta mais ser SUV, crossover ou qualquer coisa que o valha. Para se destacar no segmento mais concorrido (e lucrativo) do mercado mundial, as marcas têm lançado mão de diversas tecnologias e diferenciais estéticos. Hoje, por exemplo, você tem o crossover família, o aventureiro de boutique, o SUV off-road e também a nova espécie que se alastra rapidamente: os crossovers esportivos com jeitão de cupê. Não é preciso ir longe para encontrá-los, basta ver as linhas vencedoras do Honda HR-V para entender o sucesso destes bichos. Ou então o carisma do Evoque, que ditou moda com seu perfil de carro esportivo e até versão duas portas. Nesse cenário, a BMW tem deixado um pouco de lado suas tradicionais peruas para investir com tudo nos crossovers. Vejamos o X4 desta reportagem: ele está para o X3 assim como o X5 está para o X6, ou seja, é a variante cupê do SUV família intermediário da marca. E esbanja design. E custa bem menos que o X6. E cria finalmente um  problema para o Evoque. Vendido no Brasil nas versões 28i (como a testada) e 35i, o cupê 4x4 bávaro custa a partir de R$ 274.900, enquanto um X6 não sai por menos de R$ 375.450. Ah, e ele usa a plataforma do Série 3, modelo reconhecido por seu brilhante acerto de chassi.
Teste CARPLACE: irmão menor do X6, BMW X4 é antídoto alemão contra Evoque
Você pode preferir economizar uma bela grana e levar um 328i, mas não menospreze o X4 achando que ele é um monstro desajeitado e pouco prático. Ele é incrivelmente bem adaptado ao ambiente urbano, é um foguete na estrada e ainda não faz feio numa subida de montanha. Para começar, tem o tamanho: o X4 mede apenas cerca de 5 cm extras em relação ao Série 3 de comprimento, mantendo os 2,81 metros de distância entre-eixos e crescendo cerca de 7 cm na largura. Também é alto, com seu 1,62 m, mas é menos do que você possa imaginar - um VW CrossFox tem 4 cm a mais de altura. Depois, tem a suspensão com amortecedores ajustáveis e os modos de condução, que transformam esse bruto num gatinho ao toque de um botão.
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A unidade testada veio com rodões aro 19" e pneus de perfil baixo (245/45 R19). Uma bela opção estética, mas para a buraqueira paulistana... Que nada! Deixe o X4 no modo Comfort e repare que o sistema de amortecimento é eficiente, praticamente sem deixar que aconteçam aquelas pancadas secas. E tem também a altura livre do solo elevada, que livra os para-choques de impactos com lombadas e valetas, algo comum para quem roda em sedãs importados no Brasil. Claro que você não vai jogar um carrão desses na lama, mas não será problema encarar uma estradinha de sítio de vez em quando. A tração integral xDrive se encarrega do serviço mesmo se chover. E o conforto em pisos ruins se mantém elevado.
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Diferentemente do que costuma ocorrer em modelos com tração integral permanente, o sistema deste BMW prioriza a tração no eixo traseiro, enviando força para as rodas dianteiras quando necessário. Ou seja, na maioria das condições ela te empurra (e não te puxa), como no Série 3. Mesmo os avessos aos SUVs vão apreciar a posição de dirigir, levemente rebaixada em relação à do irmão X3. Os bancos dianteiros com ajustes elétricos oferecem ótima acomodação e o volante, com grande range de regulagens, facilita encontrar o ajuste fino. Atrás, o banco também desceu na comparação com o X3, para compensar o teto mais baixo. Ficou bom: passageiros de até 1,80 m não terão do que reclamar em termos de espaço para a cabeça, sendo que as pernas vão bem folgadas. Limitação, mesmo, aparece no porta-malas. Apesar dos 500 litros divulgados, achamos o compartimento um tanto raso, de modo que essa capacidade de fábrica certamente é otimista. Mas pelo menos a tampa tem abertura elétrica.
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Bem melhor que o Série 3 é o acabamento. Diferentemente do sedã, que adota alguns plásticos rígidos que não condizem com a marca bávara, o X4 impressiona bem com suas peças de espuma injetada. Nele o painel inteiro é macio, incluindo a parte inferior e até a tampa do porta-luvas. Fora isso, o desenho do painel engloba a tela do sistema multimídia, deixando a peça com um estilo clean e bem organizado. O carro testado veio ainda com uma combinação de cores matadora, trazendo interior forrado de couro bege em contraste com a carroceria azul escura - cansei de ouvir elogios (ao carro, claro!). No mais, os comandos oferecem a mesma usabilidade dos outros BMW: não são dos mais complicados, mas requerem algum costume.
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A primeira manobra de ré já mostra o preço do design. O teto rebaixado e o vidro traseiro pequeno e inclinado praticamente mataram a visibilidade, de modo que a câmera de ré e os sensores de estacionamento se tornam ainda mais úteis do que o usual. Em movimento, porém, o X4 anda de boa na cidade, sem largura exagerada ou dificuldades para estacionar - ao contrário do X6. Também o consumo se revelou uma boa surpresa, mostrando mais uma vez a racionalidade do motor 2.0 turbo da BMW em conjunto com o câmbio automático de oito marchas da ZF. Em circuito urbano registramos 7,5 km/l - nada mal para um SUV de 1.845 kg.
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É na estrada, no entanto, que o X4 faz valer mais seu investimento. O cupê desliza suave e silencioso pelo asfalto e empurra forte sem que se perceba - a 150 km/h ele está com o motor girando a apenas 3 mil rpm. Com quase toda força entregue em baixos giros, mesmo pisando de leve no acelerador você precisa ficar atento à velocidade para não tomar multas. E olha que estamos falando da versão, digamos, mais "fraca" do X4 no Brasil (o modelo 35i vem com o seis cilindros turbo 3.0 de 306 cv). Ainda assim, são 245 cv de potência e 35,7 kgfm de torque disponíveis numa faixa de 1.250 a 4.800 rpm. Em teoria, fica próximo do Evoque com seus 240 cv e 34,7 kgfm também gerados por um 2.0 turbo. Na prática, porém, a superioridade do BMW é gritante: ele cravou 6,5 segundos na prova de 0 a 100 km/h, enquanto o Land Rover precisou de 8,2 s. Vale lembrar que o X4 tem controle de largada e uma programação de trocas bem mais agressiva do câmbio.
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O acerto desta caixa nos BMW, aliás, é digno de nota. Ela faz mudanças suaves no modo Comfort e se comporta como se fosse uma boa dupla embreagem em uso esportivo, com trocas bruscas (chega a dar pancada na cabeça) e bastante rápidas no modo Sport - estimulando o uso das borboletas para as trocas manuais. Claro que aceitamos o convite e fizemos isso ao encarar um trecho de curvas com o X4, para de novo nos surpreendermos - agora com sua dinâmica. No modo Sport+, no qual os amortecedores enrijecem e o ESP fica mais permissivo, o cupêzão inclina pouco a carroceria e mostra aderência de sobra, apontando com facilidade para seu peso e tamanho. Ah, e com um ronco bem legal do 2.0 turbo em giros altos. Obviamente que seus limites chegam antes que os de um Série 3, com a frente alargando a trajetória quando abusamos da velocidade na entrada de curva. Mas, sem se tratando de SUV, o X4 se junta ao Porsche Macan entre os mais equilibrados e com melhor feeling de direção que já dirigimos.
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Então quer dizer que o Evoque está em apuros? Bem, o modelo da Land Rover tem versões mais "acessíveis", de modo que bater seus números de venda será algo difícil para o X4. Mas, para quem está pensando num Evoque mais completo, fazer um test-drive no BMW certamente dificultará a escolha... Texto e fotos: Daniel Messeder

Ficha Técnica – BMW X4 xDrive 28i

Motor: dianteiro, longitudinal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.997 cm³, turbo e intercooler, injeção direta, gasolina; Potência: 245 cv de 5.000 rpm a 6.500 rpm; Torque: 35,7 kgfm entre 1.250 e 4.800 rpm; Transmissão: câmbio automático de oito marchas, tração integral; Direção: elétrica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e independente multibraço na traseira; Freios: discos nas quatro rodas com ABS e EBD; Rodas: aro 19" com pneus 245/45 R19; Peso: 1.845 kg; Capacidades: porta-malas 500 litros, tanque 67 litros; Dimensões: comprimento 4.671 mm, largura 1.881 mm, altura 1.624 mm, entre-eixos 2.810 mm; Preço: R$ 274.900 (agosto 2015) Medições CARPLACE Aceleração 0 a 60 km/h: 2,9 s 0 a 80 km/h: 4,6 s 0 a 100 km/h: 6,5 s Retomada 40 a 100 km/h em S: 5,1 s 80 a 120 km/h em S: 4,8 s Frenagem 100 km/h a 0: 38,7 m 80 km/h a 0: 23,9 m 60 km/h a 0: 13,3 m Consumo Ciclo cidade: 7,0 km/l Ciclo estrada: 11,5 km/l

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