Avaliação: Yamaha R3 ou KTM 390 Duke - qual diverte mais por R$ 22 mil?
Diversão diária com baixo custo é o sonho de qualquer motociclista que realmente curta a vida sobre duas rodas. Se você é um desses caras (ou garotas), preste atenção nesta matéria: as novas Yamaha R3 e KTM 390 Duke são as motos que você esperava há algum tempo. Uma é a versão, digamos, miniatura da R1, com todo o estilo e parte da técnica de uma legítima esportiva. A outra, bem, é uma naked de alma livre, com design pra lá de arrojado e que carrega o DNA de uma marca que se criou nas pistas. E o melhor é que as duas chegaram ao Brasil já fabricadas em Manaus (AM) e com preços acessíveis, tabeladas exatamente nos mesmos R$ 21.990 - versão ABS da R3 e única da Duke, com ABS de série.
Avaliação: Yamaha R3 ou KTM 390 Duke - qual diverte mais por R$ 22 mil?
Se considerarmos apenas a estética e a proposta, elas não deveriam estar juntas aqui. A Yamaha é uma esportiva com carenagem frontal e motor bicilíndrico de alto giro. Já a KTM é uma mistura de naked com motard, equipada com motor monocilíndrico com foco no torque. Mas o fato de custarem a mesma coisa e serem talhadas para diversão cotidiana deixaram a gente em dúvida sobre qual a mais legal para ter na garagem. Imaginamos então que você, caro leitor, também deve coçar a cabeça quando vê essas duas maquininhas na sua frente. Vamos resolver a questão?
Avaliação: Yamaha R3 ou KTM 390 Duke - qual diverte mais por R$ 22 mil?
A R3 chegou primeiro para nossa avaliação. A gente havia gostado dela na pista do autódromo VelloCittà, mas estávamos ansiosos mesmo era para ver com ela se sairia na cidade, enfrentando buracos e corredores estreitos. Quer saber? Delicinha! Pesando apenas 167 kg e com um ângulo de esterço muito bom para uma esportiva, a pequena Yamaha é muito ágil para bailar entre os carros e, com apenas 720 mm de largura, passa nos mesmos lugares que você passaria com uma Factor. A posição de pilotagem é confortável, sem ser muito inclinada para a frente, mas a visibilidade pelos retrovisores laterais deixa a desejar.
Avaliação: Yamaha R3 ou KTM 390 Duke - qual diverte mais por R$ 22 mil?
Outras vantagens típicas de moto compacta aparecem na leveza dos comandos, como o manete de embreagem, e na facilidade de manobra em baixas velocidades. O motor de 320 cc rende melhor em alta, como mostra a potência de 42 cv a 10.750 rpm, mas o câmbio de seis marchas tem relações bem curtas, ajudando a manter o propulsor esperto - o torque máximo de 3,02 kgfm surge a 9 mil rpm. Na prática, ela arranca rápido na saída de semáforo e ganha velocidade facilmente, com baixo nível de ruído e vibrações, mas convém reduzir marchas nas retomadas. O câmbio é macio e a suspensão surpreende pelo bom trato com pisos ruins, ajudada pelos pneus de perfil 70 - considerado um pouco "alto" para uso em pista, especialmente no caso do traseiro 140/70.
Avaliação: Yamaha R3 ou KTM 390 Duke - qual diverte mais por R$ 22 mil?
Pego então a Duke e sinto uma diferença enorme. Embora ela não seja esportiva, a posição de pilotagem parece mais agressiva que a da Yamaha, com as pedaleiras bem recuadas, e a suspensão é bastante firme, embora de curso mais longo. O motor de 375 cc é mais agudo que o da R3, com respostas mais prontas em baixas rotações. São 44 cv de potência a 9.500 rpm e torque de 3,57 kgfm a 7.250 rpm. Mas, como típico monocilíndrico, vibra sem dó e produz aquele conhecido "TOC, TOC, TOC" em rotações baixas e médias. Para quem gosta, empolga! É difícil andar com esta KTM sem sair acelerando forte e deixando para frear em cima das curvas.
Avaliação: Yamaha R3 ou KTM 390 Duke - qual diverte mais por R$ 22 mil?
Andar com a Duke, porém, cansa mais do que na R3. O banco é bastante duro e não contém as vibrações do motor, que chegam "em tempo real" ao seu traseiro. Outro aspecto que incomoda é o bafão do motor, uma vez que o propulsor esquenta facilmente e a ventoinha liga a toda hora no trânsito, jogando ar quente na sua perna direita. Já o câmbio tem engates suaves e a embreagem é leve, mas era mais fácil encontrar o neutro na Yamaha. Garupa? Melhor na KTM, que tem banco maior e alças laterais, contra apenas um "toquinho" de banco na R3. Mas o grande barato da Duke é usar e abusar da suspensão parruda da WP, passando sem dó nos buracos, valetas e lombadas que povoam nossas cidades - coisa que pede mais cautela na R3. Ela é um pouco mais larga que a Yamaha para passar entre os carros, mas ainda é magrinha e ainda mais leve para manobrar: pesa somente 150 kg!
Avaliação: Yamaha R3 ou KTM 390 Duke - qual diverte mais por R$ 22 mil?
Fãs de pilotagem mais radical vão preferir a Duke. Ela retoma velocidade com mais vontade e tem motor mais torcudo para ganhar fôlego em marchas altas. Aliás, vale comentar que a 390 foi claramente "castrada" na nacionalização, para se adequar às normas de emissões previstas para 2016 (Promot 4). Dá para perceber isso até no escape, que ganhou uma saída fininha dentro da peça maior. Posso antever que muitas das Duke vendidas aqui vão ganhar escape esportivo assim que saírem da loja...
Avaliação: Yamaha R3 ou KTM 390 Duke - qual diverte mais por R$ 22 mil?
Ao colocar as duas lado-a-lado, a qualidade da Yamaha se sobressai. A R3 é mais bem acabada nos detalhes e usa materiais mais nobres em componentes como punhos, parafusos, presilhas... Ela passa a sensação de uma moto mais cara que a rival, no que também contribui o belíssimo painel de instrumentos, que mescla visor digital com conta-giros analógico em destaque. Tem computador de bordo, indicador de marcha e shift-light. O painel da Duke também tem tudo isso, mas é muita informação concentrada num pequeno visor digital, o que dificulta a leitura até mesmo do conta-giros tipo barrinha. Bem bacana na KTM é a iluminação dos comandos dos punhos, algo raro de encontrar mesmo em motos bem mais caras. Andando mais forte, ambas mostram ciclística bem além da capacidade de seus motores. A R3 inclina à beça e freia com muita vontade, tornando a condução esportiva algo muito natural. Os mais experientes não terão dificuldades de deixar motos mais potentes para trás em trechos de curvas travadas, tamanha a facilidade com que a Yamaha deita de um lado para o outro e freia com segurança - o ABS não é muito intrusivo, mas aparece no momento certo. Já a Duke é praticamente uma moto de manobras radicais, também com freios de sobra e muita estabilidade nas curvas. Leve e bem firme, ela conta ainda com um pneu traseiro mais largo que o da R3. E só a KTM pode ter o ABS desativado, para uso em pista - operação feita ao pressionar uma parte mais macia do painel, no lado inferior esquerdo.
Avaliação: Yamaha R3 ou KTM 390 Duke - qual diverte mais por R$ 22 mil?
Se na cidade a KTM é mais "viva", na estrada é a R3 que dá as cartas. O motor bicilíndrico gira feliz para além das 11 mil rpm e o desempenho é bem superior ao de motos de cilindrada semelhante (um pouco melhor até que o da Kawasaki Ninja 300), chegando a 170 km/h de máxima no velocímetro (pista fechada) sem parecer esgoelada e com equilíbrio dinâmico intacto. Na KTM fica evidente seu fôlego superior em relação às street de 250 e 300 cc, mas ela não tem o mesmo pique da Yamaha, ficando em torno dos 160 km/h de máxima no painel. A parte boa é que a vibração do motor dá uma "limpada" em altos giros, ficando menos sensível na estrada. Mantendo os 120 km/h legais, a Duke viaja mais sossegada, com o motor em rotação menor. Em termos de consumo de combustível, a R3 mostrou maior variação conforme abusávamos (ou não) do acelerador. Andando de boa, trocando de marcha até uns 6 mil giros, ela chegou a fazer média de 26,3 km/l. Mas, quando exigida numa condução esportiva, o resultado caiu para menos de 20 km/l. Na KTM, que trabalha na maior parte do tempo em giros médios, o consumo variou de 25 a 27 km/l. Mas na Duke o tanque é bem pequeno, de 11 litros, contra 14 litros da Yamaha.
Avaliação: Yamaha R3 ou KTM 390 Duke - qual diverte mais por R$ 22 mil?
Se você leu até aqui e ainda está na dúvida, não se preocupe: a cada vez que eu pilotava uma delas encontrava argumentos para escolhê-la! Ou seja, optar por uma delas vai depender muito do estilo que você curte, tanto em termos de visual quanto de pilotagem. A R3 é uma pequena joia que deve trazer para a Yamaha muitos fãs da Ninjinha, enquanto a Duke tem o apelo de uma moto mais exclusiva e de tocada radical. A R3 tende a ser a opção mais óbvia pela tradição e rede Yamaha no Brasil, enquanto a KTM aposta na oferta de uma moto diferenciada na mesma faixa de preço das tradicionais. E aí, qual a sua? Por Daniel Messeder Fotos Mario Villaescusa

Ficha técnica – Yamaha YZF-R3

Motor: dois cilindros paralelos, 8 válvulas, 320,6 cm3, injeção eletrônica, gasolina, refrigeração líquida; Potência: 42 cv a 10.750 rpm; Torque: 3,02 kgfm a 9.000 rpm; Transmissão: câmbio de seis marchas, transmissão por corrente; Quadro: tubular de aço; Suspensão: garfo telescópico na dianteira (130 mm de curso) e monoamortecida na traseira (125 mm de curso) com regulagem da pré-carga da mola; Freios: disco na dianteira (298 mm) e na traseira (220 mm), com ABS; Pneus: 110/70 aro 17 na dianteira e 140/70 aro 17 na traseira; Peso: 167 kg; Capacidades: tanque 14 litros; Dimensões: comprimento 2.090 mm, largura 720 mm, altura 1.135 mm, altura do assento 780 mm, entreeixos 1.390 mm

Ficha técnica: KTM Duke 390

Motor: monocilíndrico, 4 válvulas por cilindro, 375 cm3, injeção eletrônica, gasolina, refrigeração líquida; Potência: 44 cv a 9.500 rpm; Torque: 3,57 kgfm a 7.250 rpm; Transmissão:câmbio de seis marchas, transmissão por corrente; Quadro: treliça de aço, pintura eletrostática;Suspensão: garfo telescópico WP na dianteira de 43 mm (150 mm de curso) e balança monoamortecida (150 mm de curso) na traseira; Freios: disco na dianteira (300 mm) e na traseira (230 mm), com ABS Bosch de dois canais; Pneus: 110/70 aro 17″ na dianteira e 150/60 aro 17″ na traseira; Peso: 150 kg; Capacidades: tanque 11 litros; Dimensões: comprimento 2.145 mm, largura 760 mm, altura N/D, altura do assento 800 mm, entreeixos 1.367 mm

Galeria de fotos: Yamaha R3 x KTM 390 Duke

Galeria: Avaliação: Yamaha R3 ou KTM 390 Duke - qual diverte mais por R$ 22 mil?

Envie seu flagra! flagra@motor1.com