Avaliação: Kawasaki Ninja 1000 2015 empolga estradeiros de "mão cheia"
Avaliação: Kawasaki Ninja 1000 2015 empolga estradeiros de "mão cheia"
O motoboy passa por mim no trânsito e acena com mão fazendo o movimento de girar a manete, só para ouvir o motorzão da nova Ninja 1000 2015. Seja pelo design esportivo, a melodia do quatro cilindros em linha ou ainda pela chamativa cor "verde Kaswasaki", andar com a nova touring japonesa é pura diversão - acompanhada de uma dose de ostentação, confesso. É um motão, no melhor sentido da palavra: porte imponente, motor de sobra, freios sarados, pneus largos, carenagem completa e ainda um banco traseiro que reserva algum conforto ao garupa, além de um jogo de malas laterais que já acompanha de série o modelo. Diante disso, vamos para a estrada!
Antes do passeio, uma explicação: a Ninja 1000 tem basicamente a mesma mecânica da Z1000 (veja comparativo dela com a BMW S1000 R clicando aqui!), mas com uma pegada de turismo. Ao contrário da naked, a Ninja traz uma carenagem onde você pode se proteger do vento e até um pouco da chuva. No dia-a-dia, lembre-se de deixar as malas laterais (29 litros litros cada) em casa, pois elas tornam a largura da moto impraticável para andar nos corredores urbanos. Fora isso, ela é mais pesada nas manobras e menos ágil nas mudanças de direção que a Z1000. Dá para usar todo dia? Sim, mas cansa um pouco. Se sua prioridade for cidade, vá de Z1000.
É na estrada que todas as vantagens da Ninja vêm à tona. Ô delícia! Saí num belo domingo de sol em São Paulo para dar uma volta e quando fui ver já estava no fim da Rodovia dos Bandeirantes, no interior do estado. É ali o habitat desta moto, uma estrada aberta com diversas pistas e curvas abertas e longas. A posição de pilotagem é confortável (sem ficar tão inclinado para frente como nas esportivas), o banco é macio (bem melhor que o assento raso da Z1000), as pernas encaixam bem no tanque e a ampla bolha para-brisa oferece ótima proteção mesmo em velocidades elevadas. Aliás, respeitar o limite da estrada é um constante exercício de autocontrole, pois a Ninja quer sempre dar um golpe à frente. Diferentemente da Z1000, cujo projeto naked não prevê nenhuma proteção aerodinâmica, aqui a sensação de conforto é total, fazendo a velocidade parecer menor do que ela realmente é.
A Ninja também é mais sofisticada na eletrônica disponível: ela vem com dois modos de entrega de potência (70% ou 100%) e quatro de controle de tração - nada disso está presente na Z1000. Ou seja, esta Kawa pode responder violentamente quando você deseja, mas também sabe ser comportada num dia de chuva, por exemplo. Andamos com ela no molhado e, optando pelo modo "pisos escorregadios" do controle de tração (há também o esportivo e o intermediário), a sensação de segurança aumenta. Outro item que revela o maior refinamento da Ninja em relação à Z1000 é o painel de instrumentos mais elaborado, que traz conta-giros analógico bem destacado (de ótima visualização) e um visor digital para o velocímetro e o computador de bordo, entre outras informações.
Ainda com fome de estrada, fiz meia volta para retornar à São Paulo, mas decidi que pegaria um outro caminho, mais estreito e cheio de curvas. Até lá, aproveitei para fazer algumas brincadeiras com o motorzão "mil", observando sua capacidade de resposta em baixos giros. Mamão com açúcar: com potência e torque de sobra (142 cv e 11,3 kgfm), a Ninja se comporta quase como uma moto automática na estrada. Pode largar em sexta marcha e só chamar no acelerador que ela responde. E olha que a relação da sexta foi alongada nesta versão 2015 para aumentar o conforto em viagens, proporcionando apenas 5 mil giros a 120 km/h - menos da metade da rotação de corte do motor.
Tamanha força em baixa também se explica pelas mudanças feitas no motor quatro cilindros de exatas 1.043 cc. Segundo a Kawasaki, o propósito foi deixar a Ninja 2015 mais amigável ao condutor. Assim, toda a parte de admissão do propulsor foi redesenhada, de modo a melhorar o torque em baixos e médios giros. Na prática, a moto responde forte logo de cara (convém soltar a embreagem suavemente) e tem fôlego de sobra em qualquer condição. Mas é a entrega explosiva de potência em alta que contagia de vez o piloto, fazendo você sair esticando marcha sem perceber (olha a multa!), curtindo o ronco grosso que sai das duplas ponteiras de escape - uma de cada de lado da moto.
Saio da rodovia para a estradinha vicinal e a diversão continua. A Ninja é equilibrada e firme, mas sem ser tão dura de suspensão quanto a Z1000. Bom é que o ajuste da suspensão traseira fica bem à mão, sem exigência de ferramentas - necessárias para mexer no retorno e pré-carga das molas dianteiras. Optei por um acerto intermediário, pois o piso era um pouco remendado em alguns trechos, e me senti bem. Comparando à Z1000, que avaliei neste mesmo trecho, a Ninja requer um pouco mais de esforço em curvinhas fechadas de baixa velocidade, pois ela é pesada (231 kg). Ainda assim, é gostosa de apontar nas curvas, aceita bem as mudanças de direção e os pneus são bem aderentes, sem falar nos fortes freios com discos do tipo margarida (duplos na frente). Em resumo, um conjunto feito para acelerar forte.
Andando neste ritmo, o consumo do "quatro bocas" foi significativo: 13,8 km/l. Mas pegando mais leve conseguimos média de 15,4 km/l, o que dá uma autonomia de cerca de 290 km com o tanque de 19 litros - 2 litros a mais que na Z1000. Não que gasto com gasolina seja problema para quem vai desembolsar R$ 56.990 numa moto, né? Bem, mas o preço da Ninja 1000 a coloca de cara com algumas maxitrails de alta cilindrada, que levam vantagem pela maior versatilidade - nem pense em pegar uma estradinha de terra com esta Kawa. Por outro lado, viajantes de mão cheia (no sentido real da coisa, de encher a mão na manete do acelerador) estarão mais bem servidos de "Ninjão"!
Por Daniel Messeder
Fotos Rafael Munhoz
Motor: quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, comando duplo no cabeçote (DOHC) e refrigeração líquida, injeção eletrônica, 1.043 cm³; Potência: 142 cv a 10.000 rpm; Torque: 11,3 kgfm a 7.300 rpm; Câmbio: seis marchas; Transmissão final: corrente; Quadro: tubular duplo de alumínio; Suspensão dianteira: garfo invertido de 41 mm com retorno e pré-carga da mola ajustáveis (120 mm de curso); Suspensão traseira: monoamortecida com retorno e pré-carga da mola ajustáveis (138 mm de curso): Freio dianteiro: disco duplo de 300 mm em formato margarida, pinça com 4 pistões; Freio traseiro: Disco simples de 250 mm em formato margarida, pinça com pistão simples; Pneus: 120/70-17 na frente e 190/50-17 atrás; Medidas: comprimento 2.105 mm, largura 790 mm (1.170 com malas laterais), altura 1.230 mm, entre-eixos 1.440 mm, altura do assento 820 mm; Peso: em ordem de marcha 231 kg; Tanque: 19 litros
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