Um 328i branco foi o primeiro carro a sair da fábrica que a BMW inaugurou recentemente em Araquari (SC), marcando o início da linha de produção da empresa no Brasil. Daqui a cerca de dois anos, será a vez da Mercedes voltar a fazer automóveis por aqui: um Classe C dará início à produção em Iracemápolis (SP), local onde está sendo erguida a nova planta da marca da estrela. Dois dos sedãs executivos mais desejados do planeta produzidos localmente, uma realidade que deve acabar com a flutuação de preços dos importados e, a médio prazo, tornar mais próximo o sonho de ter um carrão alemão (ainda que brasileiro) na garagem.
Teste CARPLACE: Mercedes C250 desafia BMW 328i pelo posto de referência
O primeiro BMW nacional é igualzinho a este 328i ActiveFlex das fotos, exceto pela cor. Nada muda em termos de equipamentos e preço, nem no carro - já que praticamente todas as peças vêm de fora, com a montagem local em regime de CKD. Ainda sem rival nacional, o 328i começa sua carreira brasileira enfrentando o Classe C importado, que chegou ao país em nova geração meses atrás. Como dissemos em nossa primeira avaliação dele, é o melhor C que a Mercedes já fez, digno de levar o apelido de "mini-Classe S". Mas será capaz de destronar o Série 3 como referência da categoria? Juntamos o C250 e o 328i para saber.
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O novo Classe C (código W205) é o primeiro a nascer com a responsabilidade de não ser mais o sedã de "entrada" da Mercedes, posto que agora cabe ao CLA - derivado do Classe A. Ou seja, era preciso crescer em tamanho, tecnologia, luxo e refinamento, além de manter a tração traseira. O C250 é por enquanto o modelo mais caro dos Classe C no Brasil. Vem equipado com motor 2.0 turbo de 211 cv e câmbio automático de sete marchas, tudo embalado pelo kit da AMG com rodas aro 18" de desenho exclusivo e para-choques especiais, além de toda a decoração interna desenvolvida pelo braço esportivo da Mercedes. O BMW a gente conhece a mais tempo, mas é sempre uma experiência prazerosa dirigir um Série 3. Ainda mais no caso deste novo 328i ActiveFlex que, assim como o 320i, passou a beber etanol e ganhou uns cavalinhos ocultos - a marca bávara diz que a potência de 245 cv foi mantida, mas os testes mostram melhora no desempenho. Como no Mercedes, o motor é um quatro cilindros 2.0 turbo, mas a transmissão automática da ZF é mais avançada, de oito marchas. Trata-se da versão intermediária do Série 3 (a top é a 335i com motor 3.0 turbo de 306 cv), a mais próxima do C250 em termos de preço e especificações.
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Impressiona o estilo do novo Classe C. O sedã ficou mais elegante e refinado, com destaque para o longo capô e a traseira baixa, que traz belas lanternas nas pontas. Mudou mais que o Série 3, cuja última renovação ficou marcada pelos faróis integrados à grade duplo rim. O Mercedes tem estilo neoclássico e, ao mesmo tempo, incorpora uma discreta esportividade capaz de agradar aos jovens que sempre preferiram o BMW (especialmente nesta versão Sport). Já o 328i dispensa muitos comentários: segue fazendo bonito na porta de qualquer restaurante da moda.
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O duelo se desequilibra ao abrimos as (leves) portas de alumínio do Mercedes: por dentro, o Classe C impõe padrão superior. E não só pelas medidas maiores que as do rival, que lhe dão sensível vantagem no espaço dos passageiros, mas principalmente pelo requinte do acabamento e refino dos materiais utilizados. A marca da estrela foi caprichosa até em detalhes como os botões dos vidros elétricos, que são metalizados, emprestados do Classe S. O desenho do painel ficou mais fluido e se integra lindamente com o layout das laterais de porta. As saídas de ar tipo turbina, os comandos dos bancos elétricos (em formato do próprio banco) e também o "mouse" no console central (que comanda a central multimídia) formam um conjunto que deixa o interior do 328i um tanto discreto.
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Outras atrações incluem freio de estacionamento elétrico (embora no mesmo lugar de liberar o antigo freio de estacionamento de pé), bancos mais confortáveis (abraçam melhor o corpo) e volante esportivo, de ótima pegada. Não que a cabine do C250 seja perfeita. A tela de 8,4 polegadas parece um pouco perdida do meio do painel, como se tivessem acoplado um iPad ao carro. Além disso, o grafismo do quadro de instrumentos regrediu, está com grafismo mais simples do que antes. Mas o que não gostamos de verdade foi da alavanca de câmbio na coluna de direção, que acaba sendo acionada sem querer - engatei o neutro algumas vezes quando buscava acionar o limpador, que fica "erroneamente" na alavanca esquerda. Ao menos há borboletas no volante para trocas de marcha manuais.
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Comparada à Mercedes, a BMW precisa atualizar seus interiores, todos muito parecidos e tradicionais. OK, a gente gosta das fontes usadas no quadro de instrumentos e da tela da central multimídia no alto do painel, mas as linhas gerais são quase as mesmas do Série 3 antigo, assim como os comandos do ar-condicionado e do rádio. Da mesma forma, os plásticos e componentes usados no Série 3 terão de ser revistos após a Mercedes lançar um Classe C tão bacana. Menos mal é que no 328i encontramos um volante com acabamento mais legal que no 320i, além das borboletas na direção, que tanto fazem falta na versão mais barata. Os mais esportivos também vão apreciar o freio de mão de alavanca (olha o dift!) e a manopla de câmbio em formato de joystick, ótima para cambiar manualmente.
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Se parado o Mercedes leva a melhor, em movimento o BMW sai na frente - literalmente. O conjunto motor-câmbio do sedã bávaro trabalha afinadíssimo em todas as condições, especialmente quando exigido a fundo. O 328i empurra forte nas saídas, aponta nas curvas com muita facilidade e freia demais, abrindo um sorriso no rosto do motorista logo no primeiro quarteirão. Os números de teste não nos deixam mentir: foram apenas 6,1 segundos na aceleração de 0 a 100 km/h e somente 4,0 s na retomada de 80 a 120 km/h, além dos reduzidos 35,6 metros de frenagem total quando vindo a 100 km/h. Em resumo, é um esportivo de estirpe na pele de um sedã.
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O Mercedes também é rápido e divertido ao volante, mas, passando de um para outro e fazendo o mesmo trajeto, fica evidente como o C250 tem pegada mais conservadora, apesar do bom desempenho. A prova de 0 a 100 km/h foi feita em 6,9 segundos e a retomada de 80 a 120 km/h em 4,5 s, enquanto a frenagem de 100 km/h a 0 exigiu 37,7 metros. Boas marcas, sem dúvida, mas o BMW faz valer sua potência extra e as trocas mais ágeis do seu câmbio de oito marchas. No Mercedes as passagens são mais suaves, enquanto no BMW as mudanças chegam a ser secas no modo Sport, evidenciando a preocupação com a performance.
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Ambos podem ter o "setup" de motor e câmbio ajustado para conforto ou esportividade, mas só o BMW varia também a firmeza da suspensão - no C250 Sport a Mercedes entende que o carro deve ser mais firme o tempo todo. Como resultado, o 328i atende melhor ao seu humor do dia: roda suave num passeio descompromissado e enrijece quando você quer acelerar com a faca nos dentes. Já o C250 paga o preço de sua rigidez com um rodar mais seco que o desejado na cidade (no asfalto lisinho da estrada é uma beleza), fato reforçado pelas rodas aro 18" com os duros pneus runflat. O BMW também veste aros 18" e usa pneus deste tipo (que podem rodar furados por um tempo e eliminam a obrigação do estepe), mas conta com o amortecimento variável para ser mais suave com os ocupantes.
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Uma novidade interessante do Classe C é a direção elétrica com relação variável, ou seja, que muda o número de voltas do volante de acordo com a velocidade. Chama a atenção pela facilidade para manobrar em locais apertados, sem contar o auxilio do sistema de estacionamento automático - item de série. Você pode até sentir a relação mudando, fazendo a roda girar mais com menos esterço do volante nas manobras. Andando forte, no entanto, a direção do C250 não oferece o mesmo feedback do sistema do 328i, que surpreendentemente se mostrou mais comunicativo que o do 320i - seriam os pneus mais esportivos ou uma diferente calibração?
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E quando o assunto é andar forte, caro leitor, o BMW ainda dá as cartas. O 328i é mais vivo em suas reações, com uma direção bastante direta, câmbio afiado nas reduções e a traseira bem "ativa" na brincadeira. Faça a mesma curva com o C250 e você perceberá um carro menos envolvente. Ele tem estabilidade de sobra, mas não abana o rabo te chamando para brincar como o BMW - a menos que você desative o ESP. O 328i aceita melhor ser jogado de um lado para outro numa serrinha, fazendo você se divertir com a tração traseira. O C250 deixa você sentir que está sendo empurrado (e não puxado como seria num carro de tração dianteira), mas com uma tendência mais neutra, de sair de frente. Além disso, o câmbio 7 G-Tronic não aceita reduções tão radicais quanto o do BMW. Dito isto, chegamos a um impasse: um Classe C que encanta parado e melhorou em movimento ou um Série 3 com a tocada afiada de sempre? Na dúvida, a questão da grana pode dar um alento. Carros de gerações mais novas tendem a ser mais caros, mas não é o caso aqui: vendido em versão única, o 328i Sport GP custa R$ 203.950, enquanto o C250 Sport, também versão única, sai por R$ 189.900. Algo me diz que a BMW terá de rever sua tabela... Por Daniel Messeder Fotos Rafael Munhoz  Ficha Técnica – BMW 328i ActiveFlex Motor: dianteiro, longitudinal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.997 cm³, turbo, injeção direta, flex; Potência: 245 cv de 5.000 rpm a 6.500 rpm; Torque: 35,7 kgfm entre 1.250 e 4.500 rpm; Transmissão: câmbio automático de oito marchas, tração traseira; Direção: elétrica; Suspensão: independente McPherson na dianteira e independente multibraço na traseira; Freios: discos nas quatro rodas com ABS e EBD; Rodas: aro 18" com pneus 225/45 R18; Peso: 1.530 kg; Capacidades: porta-malas 480 litros, tanque 60 litros; Dimensões: comprimento 4.624 mm, largura 1.811 mm, altura 1.429 mm, entre-eixos 2.810 mm Medições CARPLACE (com etanol) Aceleração 0 a 60 km/h: 2,8 s 0 a 80 km/h: 4,2 s 0 a 100 km/h: 6,1 s Retomada 40 a 100 km/h em S: 4,7 s 80 a 120 km/h em S: 4,0 s Frenagem 100 km/h a 0: 35,6 m 80 km/h a 0: 22,5 m 60 km/h a 0: 12,9 m Consumo Ciclo cidade: 6,5 km/l Ciclo estrada: 10,0 km/l Ficha Técnica – Mercedes-Benz C250 Sport Motor: dianteiro, longitudinal, quatro cilindros, 16 válvulas, 1.991 cm3, comando duplo variável, turbo, injeção direta, gasolina ; Potência: 211 cv a 5.500 rpm; Torque: 35,7 kgfm de 1.200 a 4.000 rpm; Transmissão: câmbio automático de sete marchas, tração traseira; Direção: elétrica; Suspensão: independente tipo four-link na dianteira e multilink na traseira; Freios: discos ventilados na frente e sólidos atrás, com ABS; Rodas: liga-leve aro 18" com pneus 225/45 R18; Peso: 1.480 kg; Capacidades: porta-malas 480 litros, tanque 66 litros; Dimensões: comprimento 4.680 mm, largura 1.810 mm, altura 1.440 mm, entreeixos 2.840 mm Medições CARPLACE Aceleração 0 a 60 km/h: 3,3 s 0 a 80 km/h: 4,9 s 0 a 100 km/h: 6,9 s Retomada 40 a 100 km/h em S: 5,0 s 80 a 120 km/h em S: 4,5 s Frenagem 100 km/h a 0: 37,7 m 80 km/h a 0: 22,8 m 60 km/h a 0: 13,0 m Consumo Ciclo cidade: 10,2 km/l Ciclo estrada: 14,3 km/l Galeria de fotos: 

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