Carros para sempre: Grand Cherokee foi importado dos sonhos nos anos 1990
A reabertura do mercado brasileiro às importações, no começo dos anos 1990, foi acompanhado de uma série de "carros de moda". Quem não se lembra dos sedãs 325i com a placa "BMW"? Ou dos invocados Mitsubishi Eclipse? Dos valentes Suzuki Vitara? Outro que certamente faz parte desta lista é o jipão desta história que contamos agora, o Grand Cherokee. Numa época em que os SUVs começavam a bombar com a chegada do Chevrolet Blazer nacional, o modelo norte-americano era um dos maiores sonhos de consumo da classe média alta: imponente, bonito e com motorzão, ele oferecia conforto de sobra e ainda tinha uma bela capacidade off-road. Com tradição de longa data nos Estados Unidos, a Jeep começou a pensar no Grand Cherokee ainda nos anos 1980. Batizado de XJ, o projeto tinha como objetivo criar um substituto para o clássico Cherokee, mas, no final da década, os executivos da marca decidiram que seria um erro tirar de linha o modelo antigo. Então, o projeto do "novo" Cherokee se transformou em Grand Cherokee, que por sua vez iria conviver com a antiga no mercado. O interessante é que essa mudança de planos se refletiu diretamente na proposta e no design do Grand Cherokee. Ele seria uma evolução do "velho" Cherokee e não um modelo completamente novo, apesar da mecânica e plataforma exclusivas. O visual remetia claramente ao modelo mais antigo, porém com um aspecto mais sofisticado e menos abrutalhado.
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Assim, em 1989, a Chrysler mostrava no Salão de Detroit pela primeira vez o Grand Cherokee na forma de conceito. O utilitário era menos "quadrado" que o modelo do qual ele derivava e trazia um interior mais atual e luxuoso. Chamado de Jeep Concept 1, ele ganharia a versão de produção somente em 1992. O sucesso veio rápido, com o modelo atingindo um público que a princípio nem era o planejado pela Jeep: ele se tornando o preferido das famílias, mulheres e gente que queria um 4x4 espaçoso e com vocação urbana. A gama de motores contava com um 4.0 seis cilindros de 190 cv e um V8 5.2 de 215 cv.
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O carro do Edmundo O Grand Cherokee chegou ao Brasil em 1995 e logo passou a ser sonho de consumo da classe média alta. A versão Laredo contava com o motor 4.0 seis cilindros de 190 cv e 31,1 kgfm de torque. Entre os pontos fracos, estava o alto preço do seguro e o consumo de combustível: 5,9 km/l na cidade e 7,6 km/l na estrada.
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Elevado a objeto de desejo, o Grand Cherokee se tornou o carro de muita gente famosa. Inclusive do jogador Edmundo "animal", que na época jogava pelo Flamengo. O craque se envolveu num acidente no bairro da Lagoa, no Rio de Janeiro, colidindo seu Jeep contra um Fiat Uno e matando três pessoas, deixando mais três feridas. O caso gerou um processo que se estendeu por 15 anos, pois foi comprovado que Edmundo dirigia em alta velocidade. Em 1998, a segunda geração era lançada nos Estados Unidos com grande expectativa e diversas modificações. O visual trazia contornos mais arredondados, mas não mudava radicalmente. Afinal, em time que está ganhando não se mexe: foram mais de 1,6 milhão de unidades vendidas em mais 100 países na primeira geração.
Carros para sempre: Grand Cherokee foi importado dos sonhos nos anos 1990
Mantendo a identidade, o SUV ficou mais aerodinâmico, maior e mais largo. A distância entre-eixos ampliada garantiu ainda mais espaço interno. E o antigo motor V8 5.2 da versão de topo foi substituído por V8 4.7, mais moderno e um pouco mais econômico.
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Além disso, o utilitário ganhava novidades como ar-condicionado de duas zonas, computador de bordo com bússola, sistema de áudio com disqueteira para seis discos (opcional) e tração integral permanente com divisão de torque 100% variável. Importado da Áustria, o utilitário tinha preço salgado: R$ 129.900 na versão Limited - muito caro para a época (lembrando que estamos falando de 1999). Como referência, o Grand Cherokee Laredo 1997 custava R$ 56.220 no modelo 4WD e R$ 51.000 no 2WD.
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Meses depois viria a versão de entrada Laredo de nova geração, com motor 4.0 seis cilindros de 191 cv. Importada da Argentina e mais em conta que a Limited, ela ainda era cara e as vendas do Grand Cherokee - que era o segundo mais vendido do segmento (só perdendo para o Chevrolet Blazer) - caíram bruscamente. A partir daí, o jipão nunca mais voltaria a ter o status de outrora.

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Foto de: Julio Cesar
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