Garagem CARPLACE #1: novo Ford Ka já está entre nós
O Honda Fit ainda nem encerrou sua participação no Garagem (faltam dois posts) e o novo Ford Ka já se apresenta para nossa avaliação de 30 dias. A pressa faz sentido: principal lançamento da Ford para o Brasil no ano, o modelo promete mexer com a categoria dos 1.0 ao trazer motor três cilindros, amplo espaço e controle de estabilidade - pela primeira vez na categoria.
A nova geração do Ka será testada em duas etapas: primeiro, o hatch SEL 1.0 prata que você confere nas fotos; depois será a vez do Ka+ (sedã) 1.5 também na configuração SEL. O carro que já está com a gente chegou com 8.500 km rodados e o tanque abastecido com etanol até a boca. Em comparação com o Ka de cor preta que testamos no lançamento, a unidade de agora não apresenta o mesmo esmero na construção. A tampa traseira está ligeiramente "fora de esquadro", e requer certa força para ser fechada. Aparenta ser uma falha pontual de um modelo pré-série, mas vale ficar de olho quando o Ka chegar às revendas, a partir da segunda quinzena de setembro.

Fora este detalhe, a convivência com o novo Ford tem confirmado as primeiras impressões que tivemos do modelo. O hatch é confortável, bom de dirigir, econômico e anda bem. Para quem está acostumado com o New Fiesta (tenho um na família), é interessante observar as semelhanças e diferenças entre eles. O Ka tem uma posição de dirigir mais elevada (sem chegar a ser Onix ou Fox), quadro de instrumentos mais simples e cabine significativamente mais ampla.
Além do teto elevado, o banco traseiro fica mais para trás, aumentando a liberdade de movimentos. Em compensação, o porta-malas foi reduzido para 257 litros. É pequeno, mas gostei do acabamento com "parede" de plástico e os ganchinhos. Já foram úteis para prender as sacolas de supermercado.

Em movimento, o Ka é mais macio que o Fiesta (ambos com rodas aro 15") e não bate o bico nas valetas, devido à altura mais elevada da suspensão. Nas curvas, não é tão afiado quanto o irmão, mas tem estabilidade de sobra até para mais motor (aguardamos o hatch 1.5). Os pneus largos (195/55) oferecem aderência além da necessária para um carro 1.0, ajudando também nas frenagens. Outro ponto positivo vai para o peso da embreagem, bastante leve - boa notícia para quem passa o dia no trânsito. A direção elétrica é bem parecida com a do Fiesta, leve e rápida nas manobras, mas a visibilidade é melhor no novato: além de maior área envidraçada, tem retrovisores mais amplos e de lentes convexas - planas no Fiesta.

O motor 1.0 3C com duplo comando variável é destaque. Como típico multiválvulas, seu melhor rendimento surge acima das 3 mil rpm, mas abaixo disso também não há motivo para queixas. Acelerando com mais vontade, nem parece 1.0: os 85 cv de potência e, principalmente, os 10,7 kgfm de torque deixam a condução quase tão agradável quanto alguns hatches com propulsor 1.4. Já a vibração típica desta configuração foi bem contida pela Ford com uso de um volante do motor com peso extra (para contrabalançar a vibração do propulsor), mas, com a convivência, percebemos que ela se faz sentir na fase fria do motor. Usando etanol, o carro deu a primeira partida do dia tranquilamente mesmo após noites frias (ele traz o sistema Easy Start de aquecimento do combustível em vez do tanque auxiliar de gasolina), mas mostrou funcionamento um pouco irregular até aquecer. Na partidas seguintes, o sintoma não apareceu.

Particularmente acho que já "passei da fase" de ter um 1.0, mas, se for um desses novos (e tecnológicos) blocos de três cilindros com cabeçote multiválvulas e comando variável, eu teria tranquilamente - falo de HB20, up! e Fox Bluemotion. O Ka não foge à regra: é ágil nas saídas, não teme ladeiras e nem decepciona na estrada - desde que você trabalhe o câmbio, pois a quinta marcha é longa, para consumo. Comodidade bem-vinda numa cidade de altos e baixos como São Paulo é o assistente de partida em rampa, que segura o freio por alguns segundos na ladeira enquanto você solta a embreagem e acelera. Outro recurso que já deu as caras foi o controle de estabilidade, que entrou em ação numa alça de estrada feita com mais vontade. O sistema atuou bem, com uma intervenção discreta e eficiente.

Agora estamos perto de esgotar o primeiro tanque de etanol para fazer as medições de consumo de gasolina. Por enquanto, o Ka está fazendo média de 10,4 km/l com o combustível vegetal, alternando entre trechos urbanos e rodoviários.
Texto e fotos: Daniel Messeder





Fotos: novo Ford Ka 1.0 SEL 2015
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