Ainda lembro bem do lançamento do primeiro Santa Fe no Brasil. Apresentado na charmosa cidade de Campos do Jordão, região serrana de São Paulo, o SUV chamou atenção de um dono de Mercedes Classe M, que veio perguntar qual carro era aquele que eu estava dirigindo. Na época, porém, não passava de curiosidade: a Hyundai não tinha metade da fama que desfruta hoje, e seus modelos ainda estavam atrás da concorrência no geral. Tanto é que o Santa Fe só decolou após a primeira reestilização, de 2006, quando recebeu visual mais atraente. Irmão maior do Tucson, o modelo tinha no preço de até R$ 120 mil (em 2013) seu grande apelo de vendas. Isso, claro, por ser um jipão médio-grande com motor V6 e capacidade para até sete ocupantes. O tempo passou, a Hyundai se tornou uma das maiores montadoras do mundo e sua linha de produtos foi inteiramente renovada. O Santa Fe mudou por último, mas ganhou importância dentro da gama: a nova geração veio substituir não somente o modelo anterior como também o grandalhão VeraCruz, na versão Grand Santa Fe (já lançada no exterior e que chega em breve ao Brasil). Ver o Santa Fe de agora nada faz lembrar daquele primeiro modelo de desenho acanhado que apostava no custo-benefício. O problema é que, como ocorreu com ix35, i30 e Azera, o Santa Fe renovado cobra caro pela evolução. Esta versão de sete lugares testada por CARPLACE, por exemplo, custa R$ 155 mil. Há também uma versão de cinco lugares, menos equipada, por R$ 135 mil.
Teste CARPLACE: Santa Fe entra na nova era da Hyundai, inclusive no preço
É importante dizer, porém, que você não só vai pagar mais, mas também levará mais. Montado sobre a base do sedã Sonata, o Santa Fe está maior (4,69 m de comprimento, 1,88 m de largura e 2,70 m de entre-eixos) e mais espaçoso, ganhou qualidade construtiva, novos equipamentos e um design bem mais arrojado, de acordo com a atual filosofia de design da marca. Estão lá os faróis e lanternas alongados e pontiagudos, a grade hexagonal e os vincos bem definidos na carroceria. Olhando de relance, a impressão é de um ix35 bombado. Por dentro, o modelo também é inconfundivelmente um Hyundai, como podemos observar pelas saídas de ar verticais emoldurando a tela do sistema multimídia, pelo desenho do volante ou pelo quadro de instrumentos com "copinhos" no velocímetro e conta-giros. Os demais comandos, todos com iluminação azul, seguem o padrão da marca.
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Como representante máximo dos SUVs da Hyundai, o Santa Fe traz mimos à altura de seu papel. Temos, por exemplo, esse tom marrom de couro para os bancos, bem como chave presencial com partida por botão, bancos dianteiros elétricos e aquecidos, freio de estacionamento elétrico, compartimento refrigerado para latinhas, ar digital com saídas para terceira fila de assentos (com ventilador próprio), teto-solar panorâmico e ainda uma central multimídia com tela de 7" sensível ao toque que inclui rádio, CD e DVD player, navegador por GPS, Bluetooth com audio streaming, entradas USB/AUX e câmera de ré - tudo fácil e intuitivo de usar.
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Internamente, a impressão de luxo é percebida não somente pela farta oferta de itens, mas também pelo acabamento esmerado que não deve praticamente nada às marcas premium. Plásticos emborrachados, superfícies suaves ao toque, revestimentos agradáveis e costuras no couro das portas causam boa impressão. Pode parecer besteira, mas até os comandos têm acionamento que remete à qualidade. Entre eles, o botão de abir a tampa do bocal de combustível chama atenção por ficar posicionado na porta do motorista.
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Um passeio pela cabine também revela amplo espaço para cinco ocupantes, com mais dois caronas nos bancos extras do porta-malas. A fileira do meio corre sobre trilhos e pode ter o encosto inclinado para trás ou rebatido para frente - oferecendo maior conforto aos passageiros do meio ou abrindo acesso à terceira fila. Lá no fundão, porém, somente crianças ficarão bem acomodadas. Quando recolhidos, os assentos ficam perfeitamente integrados ao piso, não atrapalhando a (ótima) capacidade de 585 litros do porta-malas. Com os sete ocupantes, no entanto, este volume cai para apenas 178 litros.
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Em tempos de downsizing, é até curioso encontrar um V6 de 3.3 litros ao invés de um quatro cilindros turbinado debaixo do capô do Santa Fe - se bem que antes era um V6 ainda maior, de 3.5 litros. Como este SUV mira muito mais o mercado norte-americano que o europeu, a escolha pelo "seis bocas" está mais do que justificada. Para quem gosta dos seis cilindros, é um prato cheio: ele não tem aquela farta entrega de torque em baixíssimas rotações dos motores turbinados de nova geração (os 32,4 kgfm só aparecem a 5.300 rpm), mas enche bonito em altos giros (270 cv a 6.400 rpm) e tem um ronco musical quando explorado mais a fundo.
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Mesmo pesando 1,8 tonelada, o SUV coreano embala com facilidade e não se faz de rogado nas ultrapassagens. Prova disso é que ele acelerou de 0 a 100 km/h em bons 8,9 s e retomou de 80 a 120 km/h em ágeis 6,3 s. Além do potente V6 de 24 válvulas e duplo comando variável, que gira macio, o câmbio automático de seis marchas está muito bem casado ao propulsor, mostrando presteza nas reduções e extrema suavidade nas trocas, mesmo quando dirigindo esportivamente. Para não pesar no consumo, a Hyundai providenciou uma tecla "Active ECO" que, quando pressionada, faz o motor, câmbio e ar-condicionado trabalharem mais contidos (como no sistema ECO do Honda Civic), de modo que nossas médias foram até razoáveis para um jipão V6: 6,2 km/l na cidade e 10,8 km/l na estrada.
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Dinamicamente, o Santa Fe apresenta uma suspensão ligeiramente mais firme do que antes, mas a proposta continua sendo de conforto. O modelo absorve a maioria dos impactos com competência e desfila pela estrada com aquela suavidade e silêncio que os donos de SUVs costumam apreciar. É preciso levar em conta, todavia, que a carroceria inclina de forma considerável nas curvas, embora com movimentos previsíveis. A direção elétrica também joga no time dos folgados, com muita leveza e (quase) nenhuma comunicação com o motorista. Ela oferece três níveis de peso: comfort, normal e sport, selecionáveis por um botão no próprio volante. Na cidade você pode usar o primeiro o tempo todo e fazer manobras usando apenas um dedo. Mas, na estrada, recomendo o modo sport mesmo se for andar devagar. Assim, o volante fica um pouco menos sensível e, mais pesado, oscila menos nas imperfeições do piso.
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As duas versões do Santa Fe vendidas no Brasil vêm equipadas com tração integral. Daí a querer levar o SUV para o barro, porém, vai uma longa distância. A tração 4x4 do modelo atua prioritariamente como dianteira, podendo transmitir até 50% do torque para as rodas traseiras em caso de necessidade - quando as da frente patinam. Você também pode fixar esta divisão em 50% para cada eixo por meio do botão "Lock" no painel, mas apenas para superar aquele obstáculo um pouco mais difícil - acima de 50 km/h, o bloqueio é desativado. Outro recurso é o controle de frenagem em descidas, como o famoso "HDC" da Land Rover. Por falar em off-road, o assunto vem em boa hora para a conclusão da avaliação. Isso porque os principais rivais do Santa Fe em preço e tamanho têm proposta muito mais fora-de-estrada: Chevrolet Trailblazer e Toyota Hilux SW4 são montados sobre chassi e usam eixo rígido na traseira (além de terem 4x4 reduzida), ao passo que o Hyundai é bem mais urbano, com plataforma de carro de passeio e doses mais altas de conforto e dirigibilidade. Olhando por esta óptica, o Santa Fe fica praticamente sem concorrentes em sua categoria. Por Daniel Messeder Fotos Rafael Munhoz Ficha técnica - Hyundai Santa Fe Motor: dianteiro, transversal, seis cilindros em V, 3.342 cm3, 24 válvulas, comando duplo variável, gasolina; Potência: 270 cv a 6.400 rpm; Torque: 32,4 kgfm de a 5.300 rpm; Transmissão: câmbio automático de seis marchas, tração integral; Direção: elétrica; Suspensão: Independente Mac Pherson na dianteira e multilink na traseira; Freios: discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS; Rodas: aro 18" com pneus 235/60 R18; Peso: 1.800 kg; Capacidades: porta-malas 585 litros, tanque 64 litros; Dimensões: comprimento 4.690 mm, largura 1.880 mm, altura 1.680 mm, entreeixos 2.700 mm; Medições CARPLACE Aceleração 0 a 60 km/h: 4,2 s 0 a 80 km/h: 6,2 s 0 a 100 km/h: 8,9 s Retomada 40 a 100 km/h em Drive: 7,1 s 80 a 120 km/h em Drive: 6,3 s Frenagem 100 km/h a 0: 40,6 m 80 km/h a 0: 25,1 m 60 km/h a 0: 14,0 m Consumo Ciclo cidade: 6,2 km/l Ciclo estrada: 10,8 km/l Números do fabricante Aceleração 0 a 100 km/h: 9,0 s Consumo cidade: N/D Consumo estrada: N/D Velocidade máxima: 200 km/h

Galeria de fotos: Hyundai Santa Fe 2014

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