Quando falamos em fabricante de automóveis oriental, logo vem à nossa mente o Japão. Nada mais normal: a Toyota, por exemplo, está no mercado desde os anos 1930 e tornou-se uma das marcas mais consagradas do mundo, sendo a única do setor a estar entre as dez maiores companhias globais. Mas, e a China? E a Coreia do Sul? A primeira está em franco crescimento – assustando os concorrentes – na maior parte dos mercados. No entanto, é a Coreia que se aproxima do renomado grupo de elite da indústria automobilística.
Direto da Coreia do Sul: uma viagem ao planeta Hyundai
A independência e a grandiosidade são fatores importantíssimos no recente sucesso do Grupo Hyundai. A marca, cuja história começou em 1967 (com a criação da Hyundai Motor Company, mas o primeiro carro coreano, o Pony, só surgiu em 1976), atua em diversos setores e fabrica o seu próprio aço na Hyundai Steel, onde são produzidas nada menos que 23 toneladas do material por ano - incluindo, obviamente, grande parte do que é utilizado na fabricação dos automóveis da marca. Outra grande arma da Hyundai é a fábrica de Ulsan - não, não estamos falando do time de futebol que participou do Mundial de Clubes no fim do ano passado pela primeira vez, e sim do maior polo automotivo do mundo, ao sudeste do país, de onde podem sair 1,54 milhões de veículos por ano.
Direto da Coreia do Sul: uma viagem ao planeta Hyundai
A convite da Hyundai do Brasil, CARPLACE foi conferir de perto a grandiosidade do local. Antes mesmo de o avião pousar em Ulsan, a vista aérea do complexo deixa qualquer um de boca aberta. São nada menos que 5 milhões de m², onde trabalham 34 mil funcionários. Visitamos uma das sete fábricas existentes no local, onde são produzidos os modelos i30, Elantra e Elantra Hybrid. Todos os passos da linha de montagem são organizados, com uma harmônica divisão de robôs e trabalhadores, que, a cada 2 horas, trocam de posição. Desta fábrica, a de número 3, saem 1.500 carros por dia. São 2.300 pessoas trabalhando apenas na linha de montagem. Vale lembrar que o staff total da marca no Brasil, por exemplo, é de 2.700, considerando todas as áreas envolvidas, desde a linha de montagem, em Piracicaba, até o escritório, na Grande São Paulo.
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Bom, já falamos dos 1,54 milhões de veículos que podem sair do complexo de Ulsan por ano, que abastecem o mercado local e também o do mundo inteiro. Mas, se eles saem de lá, tem de ter por onde sair. É aí que entra o belo e pomposo porto interligado à fábrica. E temos mais números impressionantes: são 870 metros de porto, construído em 1987, onde cabem três navios. Estas embarcações conseguem abrigar de 3.000 a 7.500 automóveis, que são manobrados por 400 motoristas especializados. Dos 86 navios que realizam o trabalho, 23 são da Glovis, companhia que faz parte do grupo. São praticamente 24 horas de trabalho para encher um navio. De lá, saem 60 navios por mês, mais de 300 dias no ano - há paradas oficiais apenas em cinco dias de feriados nacionais.
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Com uma área tão grande utilizada pela Hyundai em seu complexo de Ulsan, e com tantos funcionários que trabalham no local, conseguimos imaginar uma pequena cidade apenas dentro dos portões, certo? Sim, e com infraestrutura suficiente para isso: existem, ali, 24 cafés, central com correio, banco, quatro estações de bombeiros, dois postos de combustível, fiscalização interna de exportação de produtos, entre outros recursos. Toda a água utilizada no complexo é tratada no próprio local.
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A realidade nas ruas Os números são grandiosos, sim, mas o que isso significa na prática? Em 2012, por exemplo, a Hyundai ficou na 6ª colocação no quadro de maiores marcas automobilísticas do mundo, com a Kia, também do mesmo grupo, logo atrás, no 9º posto. E essa realidade é pode ser vista principalmente nas ruas de Seul, cidade na qual passamos alguns dias. Por todo o lado, o que mais se vê são veículos fabricados na região - cerca de 80% do mercado de automóveis sul-coreano é dominado pelo Grupo Hyundai-Kia. Além delas, a Samsung, parceira da Renault no local, também tem bastante visibilidade.
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É um um mundo bem diferente da China, por exemplo. Em recente visita de jornalistas brasileiros à fábrica da Lifan, em Chongqing, Yin Mingshan, fundador da companhia, deixou bem claro: "Para sermos levados a sério em todo o mundo, precisamos ser levados a sério na China. Nem as autoridades daqui utilizam veículos chineses, então como poderemos pensar em crescimento?". Fato: nas ruas, tanto de Chongqing quanto de Pequim, vemos baixíssima parcela de veículos fabricados na região (há muitos Audi, Ford, Chevrolet, etc).
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A Coreia do Sul, ao contrário, fabrica produtos que têm nomes de força em todo o mundo, com marcas como Hyundai, Kia, Samsung e LG. E eles fazem questão de utilizar mercadorias locais. Não apenas por patriotismo. “Realmente gostamos dos produtos que são feitos aqui. É claro que tem aquele caso de a grama do vizinho ser sempre mais bonita e queremos sempre coisas melhores, mas acreditamos que temos um nível muito bom por aqui”, disse, nas ruas de Seul, um cidadão que preferiu não se identificar.
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Para cada lado que você olha, isso se torna uma realidade ainda maior. A marca Hyundai está estampada em escadas-rolantes, elevadores, guindastes, trens, metrôs, etc. Tudo é parte do grupo iniciado em 1967 e que hoje, apesar de ter a mesma base, não têm a mesma direção. É uma mostra de poder que exemplifica bem o quanto a Coreia do Sul está empenhada em crescer mundo afora (no Brasil incluso, claro) e se aproximar, daqui a alguns anos, dos líderes do segmento. Foco, qualidade e determinação não faltam. Novidades para o Brasil Durante nossa visita os executivos da Hyundai pouco falaram sobre produtos. Mesmo assim, deixaram escapar algumas novidades previstas para o mercado brasileiro. A primeira é que toda linha HB20 ganhará, até o fim deste ano, opção de uma central multimídia com navegador por GPS - em resposta ao Chevrolet Onix e seu My Link e à Peugeot com o sistema de entretenimento do 208. Outra atração deve ficar por conta da estreia da versão 1.8 16V do médio i30. O modelo, disponível apenas com motor 1.6 flex atualmente, receberá a opção do motor mais forte (de 148 cv, mesmo que equipava o Elantra) em novembro, para se posicionar melhor contra a chegada de fortes rivais como VW Golf 7 e Ford Focus 3. Consultada por CARPLACE, a importadora Caoa, no entanto, não confirmou essa informação. Jipinho misterioso O maior mistério que paira sobre os próximos lançamentos da Hyundai é sobre um SUV compacto. Inicialmente, a família HB20 previa um hatch, um sedã e um jipinho, mas com o andamento do projeto este último deu lugar à versão aventureira HB20X - mais rápida (e barata) de desenvolver. Algumas fontes, porém, dizem que o utilitário compacto segue em pauta. Flagras recentes de um jipinho da marca em testes de rodagem na Coreia aumentaram a expectativa, no entanto, informantes dizem se tratar da versão Hyundai da nova geração do Kia Soul, o que realmente faz sentido devido à semelhança nas formas. De todo modo, pode ser esse o futuro rival do EcoSport no Brasil e no mundo - o que explicaria o fato de não pertencer à linha HB20, desenvolvida exclusivamente para o mercado nacional. Por Rafael Munhoz, de Ulsan e Seul (Coreia do Sul) Fotos autor, divulgação e reprodução Viagem a convite da Hyundai

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