O mercado de scooters no Brasil ainda engatinha. Até então você só tinha a opção de comprar uma das pequeninas, daquelas com rodinhas de no máximo aro 12, motor até 150 cm³ e preço ao redor dos R$ 6 mil (onde se destacam a Honda Lead 110 e a Suzuki Burgman 125i), ou já dar um pulo para a Dafra Citycom 300i, bem mais pesada, com motor bem mais forte e preço bem mais alto, na casa do R$ 13.500. Pois a Honda enxergou esse buraco no leque de opções e acaba de lançar o PCX 150, scooter de origem tailandesa que passa a ser produzido em Manaus (AM) e chega com preço de briga: R$ 7.990. O que é? O PCX logo chama atenção pelo porte. Ele é consideravelmente maior e mais imponente que o Lead 110 sem, no entanto, ser tão grande quanto o Citycom em comprimento, largura e, principalmente, peso. As rodas de liga são aro 14, mais aptas e seguras para encarar nossas ruas esburacadas. Sacadas legais ficam por conta da abertura por botão do tanque de combustível (logo à frente do banco) e do próprio assento. Debaixo do banco há um compartimento com capacidade para 25 litros - espaçoso, mas que não comporta dois capacetes como o "porta-malas" do Lead. Há também um porta-luvas na dianteira para documentos e pequenos pertences, como carteira e celular.
Volta rápida: com start-stop e porte superior, Honda PCX 150 é um novo tipo de scooter
O painel traz o básico, com velocímetro em destaque e sem conta-giros - o que não faz muita falta por conta do câmbio automático CVT - e marcador de combustível e hodômetro digitais. A novidade é uma luz-espia com um "A" envolto por uma setinha, conhecido dos carros com o sistema start-stop, que desliga o motor em paradas curtas para economizar combustível. Sim, o PCX é o primeiro veículo de duas rodas a ter essa tecnologia no Brasil, chamada pela Honda de “Idling Stop System”.
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O sistema é composto basicamente por um motor elétrico que atua enquanto a ignição do motor a combustão é feita novamente. Um sensor de movimento na roda traseira lê que o scooter parou e, se permanecer assim por três segundos, ele desliga o motor. Daí o pistão retoma a posição ideal de partida e a válvula de escape fica ligeiramente aberta, para não gerar resistência à subida do pistão quando o motor for religado pelo pequeno motor elétrico, que também faz o papel de motor de arranque. Ao piloto basta reacelerar que o PCX já acorda discreto e sai andando, sem dar aquela "tremida" durante a partida que é comum nos carros com start-stop. Para quem preferir, há a opção de desligar o recurso por um botão.
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Como anda? Além do start-stop, o motor de exatas 153 cm³ tem outros recursos para ajudar na economia de combustível, como balancins roletados para menor atrito. Com comando simples (OHC), injeção eletrônica e refrigeração líquida, o propulsor gera 13,6 cavalos de potência a 8.500 rpm e 1,41 kgfm de torque a 5.250 rpm.
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Logo na saída se destaca a leveza do PCX (são 124 kg a seco), o que ajuda nas manobras e o deixa bastante apto a mulheres e iniciantes no mundo das duas rodas. A baixa altura do banco (760 mm) também ajuda nesse sentido, enquanto o conforto é auxiliado, em teoria, por um pequeno encosto que divide o assento entre a parte do piloto e a do garupa. A posição de pilotagem é um dos pontos altos, já que oferece duas possibilidades de apoiar os pés: à frente, com as pernas mais esticadas (como a maioria dos "scooteiros" gosta), ou recuados, com as pernas em posição mais próxima das que ficariam numa moto comum. Diferente de grande parte dos scooters pequenos, o PCX tem o assoalho dividido pelo chassi, deixando uma perna para cada lado do veículo.
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Apesar de o curto test-ride ter sido feito numa estradinha vicinal quase sem movimento, enquanto a proposta do PCX é mais encarar o trânsito pesado da cidade, o novo scooter deixou boa impressão. A aceleração é rápida até os 60 km/h, o que indica boa disposição para saídas de semáforo, e o motor exibe funcionamento bastante suave mesmo quando mais exigido. A velocidade máxima limitada em 120 km/h permite trafegar com tranquilidade em vias expressas (uma limitação do Lead, que "corta" a pouco mais de 80 km/h) e até encarar pequenos trechos de rodovia. Embora não tenha para-brisa, o PCX vem com uma espécie de "bolha" acima do farol que ajuda a desviar o vento do piloto, garantindo maior conforto. O mesmo, porém, não pode ser dito do banco. Muito duro e pequeno para o piloto (com a limitação imposta pelo pequeno encosto), o assento me incomodou mesmo em pouco tempo de uso. Também rígida é a suspensão (garfo telescópico na frente e duplo amortecida atrás), que mostrou curso pequeno para enfrentar alguns obstáculos como um trilho de trem que atravessamos, preferindo bem mais um asfalto lisinho. Fica a curiosidade de ver como o modelo vai se comportar em ambiente urbano, o que vamos verificar numa avaliação completa em breve. Também estamos curiosos quanto ao consumo e a autonomia gerada pelo tanque de 5,9 litros. A Honda local não indica números (apenas diz que o Idling Stop System ajuda em 5% na economia), mas dados do mercado externo revelam valores de até 40 km/l. Outra característica que contribui para economia e diminuição de ruído é o ESP, de Enhanced Smart Power - nada a ver com o controle de estabilidade dos carros. Ao reconhecer uma velocidade constante, o sistema alonga a relação da transmissão (por meio das polias variáveis do câmbio CVT) para baixar a rotação. Rodando entre 90 e 100 km/h, o PCX se mostrou bastante à vontade e bem disposto. Mas o acelerador de curso longo parece favorecer mais a economia, uma vez que acaba fazendo com que o piloto não exija tudo do motor.
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Além de ágil, o PCX transmite confiança com a boa estabilidade gerada pelas rodas aro 14 (além de as suspensões firmes não permitirem muito "jogo") e os freios trazem o sistema combinado, para que o freio traseiro não seja acionado sozinho e desequilibre o scooter. Funciona assim: toda vez que se usa o tambor traseiro (pelo manete esquerdo), um dos três pistões do disco dianteiro também é ativado - lembrando que a frenagem correta deve ser feita com uso das duas manetes ao mesmo tempo. Quanto custa? Quando a Honda mostrou o PCX pela primeira vez no Brasil, em outubro do ano passado, a expectativa (inclusive dos concessionários) era de que o novo scooter custasse cerca de R$ 9 mil, devido ao nível de inovações que o modelo traz para a categoria. Pois dessa vez a marca da asa surpreendeu positivamente e fixou o preço em competitivos R$ 7.990. Ou seja, o PCX chega cerca de R$ 2 mil mais caro que os scooters pequenos (sobre os quais justifica esse aumento levando vantagem em quase tudo) e mantém uma distância segura do Citycom 300i, que, embora seja um produto superior, custa mais de R$ 5.500 extras.
Volta rápida: com start-stop e porte superior, Honda PCX 150 é um novo tipo de scooter
Como esperado num Honda, o scooter traz acabamento bacana (com destaque para o cromado no centro do guidão), montagem bem-feita e oferece garantia de um ano sem limite de quilometragem, além de contar com a ampla rede de pós-venda. As cores disponíveis são branca e vermelha. A expectativa é que o novo PCX emplaque cerca de mil unidades mensais, o que nos parece uma meta bastante realista diante das qualidades e posicionamento de preço do modelo. Os scooteiros agradecem.
Volta rápida: com start-stop e porte superior, Honda PCX 150 é um novo tipo de scooter
por Daniel Messeder, de Indaiatuba (SP) Fotos Honda/Caio Mattos Viagem a convite da Honda Ficha técnica - Honda PCX 150 Motor: monocilíndrico, comando simples, 153 cm3, injeção eletrônica, gasolina, refrigeração líquida; Potência: 13,6 cv a 8.500 rpm; Torque: 1,41 kgfm a 5.250 rpm; Transmissão: câmbio automático continuamente variável CVT; Quadro: monobloco (underbone) de aço; Suspensão: garfo telescópico na dianteira (100 mm de curso) e duploamortecida (85 mm de curso) na traseira; Freios: disco simples na dianteira (220 mm) e tambor na traseira (130 mm); Pneus: 90/90 aro 14 na dianteira e 100/90 aro 14 na traseira; Peso: 124 kg; Capacidades: tanque 5,9 litros; Dimensões: comprimento 1.917 mm, largura 738 mm, altura 1.094 mm, altura do assento 760 mm, entreeixos 1.315 mm

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