Apesar de já terem nome e reputação consagrados no Brasil, carros originalmente desenvolvidos e produzidos aqui são exportados para mercados mundo afora com batismos diferentes. A estratégia serve para atender ao gosto do consumidor local e, dependendo do caso, otimizar o posicionamento do carro diante da concorrência.
Para se ter ideia, há situações em que até mesmo a marca do veículo muda e o famoso rebadge se faz necessário como melhor tática comercial a ser explorada. Reunimos abaixo 10 exemplares interessantes e curiosos que retratam essa realidade. Confira:
Vendida no Brasil há duas gerações sob o batismo Montana (homenagem ao montanhoso estado do norte dos Estados Unidos), a picape compacta da Chevrolet recebe pelo menos dois outros nomes em mercados estrangeiros. No México, por exemplo, a camionete produzida em São Caetano do Sul (SP) se chama Tornado (em alusão ao temido fenômeno meteorológico) e cumpre o papel de modelo de entrada na gama de picapes da marca, sendo posicionada abaixo da primas maiores Colorado e Silverado. Além disso, foi vendida na África do Sul por vários anos com o nome Utility (inclusive com direção do lado direito).
Conhecido dos brasileiros como Voyage desde a década de 1980, o modelo três volumes do Gol adotou outros nomes no exterior. Na primeira geração, tanto o sedã quanto a perua (que conhecemos como Parati) foram exportados para Estados Unidos e Canadá sob o batismo Fox. Foram comercializados como sub-compactos de entrada entre os anos de 1987 e 1993, alcançando relativo sucesso (mais de 200.000 exemplares vendidos). Ambos tinham motor 1.8 e câmbio manual de 5 marchas, além de retoques visuais exclusivos. Já na atual geração, o Voyage é vendido em mercados latinos como Gol Sedan, incluindo Bolívia e Peru.
Assim como o Voyage, a Parati também já recebeu o nome de Fox quando foi exportada para a América do Norte nas décadas de 1980 e 1990. No entanto, foi aqui mesmo na América do Sul que a perua adotou outro batismo ainda mais curioso: Gol Country. A designação foi usada até 2013 em países como a Argentina e reforçava a semelhança com o irmão hatchback, que à época se chamava Gol Power naquele mercado. Além disso, a station adotou o nome Pointer Station Wagon no México entre 1999 e 2005. A estratégia era regionalizar o batismo, tendo em vista que a alcunha Parati sempre foi estritamente brasileira, ligada à famosa cidade do litoral sul do Rio de Janeiro.
No Brasil, conhecemos o Pointer como aquele hatchback derivado do Ford Escort que foi produzido pela Autolatina entre 1994 e 1996. Mas no México este era o nome usado até alguns anos atrás pelo Volkswagen Gol. A palavra tem relação com um tipo de cão de caça dotado de faro aguçado e considerado muito veloz. Assim como no caso da Parati, a VW buscou regionalizar o batismo e fugir da brasilidade evocada pelo nome Gol, de modo a tornar o modelo mais familiar para os mexicanos. No entanto, a estratégia foi desfeita com o lançamento da quinta geração do compacto e o tradicional nome Gol passou a ser adotado também por lá, perdurando até os dias de hoje.
Poucas pessoas devem lembrar, mas o Chevrolet Celta produzido em Gravataí (RS) já foi comercializado como Suzuki Fun na América do Sul. O curioso rebadge aconteceu na Argentina entre os anos de 2000 e 2011, como parte de um acordo firmado entre as duas marcas. Na época, a General Motors possuía ações da fabricante japonesa e, em contrapartida, vendia no Brasil a segunda geração do SUV Vitara com o logotipo da Chevrolet e o nome Tracker (ação que perdurou até 2009). A parceria tinha o objetivo de evitar a concorrência interna entre Celta e o antigo Corsa, que ainda era vendido no mercado argentino na época. Além da troca de logotipos, os modelos se diferenciavam pelo motorização: 1.0 flex de 77 cv no Chevrolet e 1.4 gasolina de 85 cv no Suzuki. A capacidade do tanque de combustível também divergia: 54 litros do original contra 46 litros do Fun.
Desenvolvida originalmente como uma picape da Fiat, a Toro é vendida em vários mercados latino-americanos sob a bandeira de outra marca do grupo FCA: a RAM. Carregando o batismo 1000 (em alusão ao tradicional estilo de nomenclatura da empresa), a camionete troca o logotipo vermelho italiano pelo emblemático carneiro montanhês e sai da fábrica de Goiana (PE) para Colômbia, Chile, Panamá e Costa Rica. O objetivo do rebadge é explorar a força comercial da marca RAM nestes países, de modo a garantir um diferencial competitivo diante da concorrência. Sob o capô, o conjunto mecânico é exatamente o mesmo do modelo Fiat: motor 1.8 e câmbio automático de 6 marchas com tração dianteira.
Apesar de frequentemente associada à comercialização de modelos grandes e pesados, a marca RAM também explora o segmento de picapes compactas em vários países. Prova disso é o modelo 700, que nasceu originalmente como Fiat Strada em 1996, mas que desde a aquisição do grupo Chrysler pela Fiat passou a ser vendido com o logotipo do carneiro montanhês em inúmeros mercados. A produção acontece no complexo industrial e Betim (MG), junto com a legítima Strada, mas as vendas se espalham por toda a América Latina, desde o Chile até o México, passando por Peru, Colômbia e Panamá. A oferta contempla versões de cabine simples ou dupla, sempre com motores 1.4 ou 1.6 e câmbio manual de 5 marchas.
Além da transformação da Strada em RAM 700, a criação do grupo FCA possibilitou a chegada de outro tradicional modelo Fiat a mercados estrangeiros com logotipos trocados. Trata-se do sedã Grand Siena, que entre os anos 2014 e 2016 foi vendido no México como Dodge Vision. Mantinha basicamente o mesmo visual do modelo original e se valia apenas da troca de logotipos para se transformar no sedã de entrada da marca norte-americana. Foi exportado a partir da fábrica de Betim (MG) sempre com motor 1.6 16V E.torQ de 115 cv e câmbio automatizado Dualogic.
Conhecida no Brasil como furgão leve para transportes de cargas, a Fiat Fiorino desempenha este mesmo papel com outro nome e marca em vários mercados da América Latina. Assim como as picapes Strada e Toro, o pequeno utilitário é vendido sob a bandeira da RAM em países como México, Chile e Colômbia sob o batismo Promaster Rapid ou V700 Rapid. É vendido sempre com motor 1.4 EVO de 85 cv e câmbio manual de 5 marchas. Entre os atributos, oferece capacidade de carga de 650 kg e espaço total de 3.100 litros. No visual, praticamente nada muda em relação ao Fiorino brasileiro, além dos novos emblemas e logotipos.
Apesar de ter sido lançado na China em nova geração com o batismo Onix Sedan, o modelo atualmente vendido no Brasil como Prisma já carrega esta nova nomenclatura há certo tempo na América Latina. Especialmente na Colômbia, o modelo produzido em Gravataí (RS) deixa de ter nome exclusivo e se associa de forma ainda mais direta ao hatchback Onix. Não há mudanças estéticas em relação ao sedã brasileiro e muito menos mecânicas. O único detalhe que chama atenção é o fato de por lá o hatchback custar mais que o três volumes: enquanto o Onix Hatch sai por $ 45.990.000 pesos, o Sedan tem preço sugerido de $ 44.990.000 (respectivamente R$ 55.500 e R$ 53.300). O motor é sempre 1.4, com câmbio manual ou automático.
Fotos: Divulgação
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